05 DE SETEMBRO DE 2023
OPINIÃO DA RBS
DEMONSTRAÇÃO DE CONFIANÇA
O agronegócio gaúcho deu outra vez uma demonstração inconteste de confiança no futuro. Com um resultado além das expectativas, a 46ª Expointer chegou ao fim no domingo com R$ 7,9 bilhões em negócios encaminhados, 11% acima do desempenho do ano passado, sendo que antes de a feira começar existia o sentimento de que igualar o resultado de 2022 já seria considerado um êxito. Deve ser salientado que o campo atravessa um período desafiador e, mesmo assim, estabeleceu novas marcas.
Os agricultores gaúchos enfrentaram três fortes estiagens nas últimas quatro safras, com perdas elevadas nas principais lavouras, com reflexo na renda gerada pela atividade. As cotações de grãos como soja e milho estão longe dos picos observados em anos recentes. Mesmo que o Banco Central tenha iniciado o ciclo de afrouxamento monetário, o juro segue em patamares altos, o que também sempre é desestimulante para investimentos vultosos e pagos com financiamentos longos. Mesmo assim, as fabricantes de máquinas e implementos agrícolas, setor no qual o Rio Grande do Sul concentra dois terços do total da indústria nacional, movimentaram R$ 7,3 bilhões, montante 15% superior à edição do ano passado.
É relevante ainda a informação de que cerca de 30% dos negócios de aquisição de maquinário foram fechados por agricultores enquadrados no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Trata-se de um sinal inequívoco de que, como os grandes e médios proprietários rurais, os agropecuaristas de menor porte também mostram-se conscientes da necessidade de cada vez mais incorporar tecnologia às suas atividades para elevar a produtividade e a competitividade.
Em outra frente, o Pavilhão da Agricultura Familiar, agora com uma história de 25 anos no Parque de Exposições Assis Brasil, bateu novo recorde e chegou a R$ 8,6 milhões em vendas. É uma performance que confirma a qualidade e a aprovação do público em relação aos produtos das agroindústrias do Rio Grande do Sul.
A comercialização de animais destoou, é verdade. Foram R$ 11,7 milhões, abaixo dos R$ 12,5 milhões do ano passado. Mas, diante do cenário atual da pecuária, não foi nenhum desastre. Afinal, o setor leiteiro enfrenta uma forte crise de preços e as cotações do boi gordo desabaram em relação aos níveis observados no ano passado. Uma cautela maior, portanto, não surpreende. Mesmo assim, deve-se lembrar que, muito além das vendas em si, a feira de Esteio tem a importância de ser a grande mostra da evolução da genética dos rebanhos do Estado.
Não há, de qualquer forma, como deixar de considerar bem-sucedida a edição de 2023 da Expointer. Foi outra vez a grande vitrine da tecnologia de ponta das máquinas agrícolas, palco para a apresentação das inovações destinadas ao campo, passarela dos principais exemplares da pecuária gaúcha, fórum de debate sobre os mais relevantes temas ligados ao mundo rural e espaço no qual as reivindicações dos produtores ganham maior visibilidade. O público de 818 mil visitantes serviu para abrilhantar ainda mais um evento que, a cada ano, mostra os resultados do trabalho árduo de homens e mulheres do campo do Rio Grande do Sul e, a despeito de percalços eventuais, materializa a certeza de que o agronegócio continuará a ser protagonista no crescimento do Estado e do país.
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