Entrelacos

03 de novembro de 2015 | N° 18344
SUSTO NO LITORAL | GURI DE SORTE

Menino mata cobra a dentada e escapa ileso

CRIANÇA DE UM ANO E CINCO MESES brincava no pátio de casa, em Mostardas, quando mordeu o réptil de uma espécie não venenosa e o levou para os pais. Para o garoto, não passava de diversão

Foi uma abocanhada que quase mudou a vida da família do pequeno Lorenzo no domingo, em Mostardas, no litoral do Estado. Acostumado a levar à boca praticamente tudo que encontra pela frente, não seria um filhote de cobra no pátio de casa que intimidaria o menino, de um ano e cinco meses. Lorenzo tascou logo uma mordida próximo à cabeça do animal e foi mostrar a façanha para os pais. Faceiro, entrou no quarto com a boca suja de sangue e a cobra nas mãos – que, por sorte, era da espécie cobra-do-capim, não venenosa.

– Deixamos ele brincando no pátio e fiquei na sala vendo TV. Ela (a mãe) gritou e fui correndo ver o que era. Na hora, tirei a cobra da mão dele. Mas graças a Deus ele não tinha picada nenhuma pelo corpo – conta o pai, Lucier Souza.

– Foi um susto muito grande. Ficamos apavorados. Mas a reação dele era normal, parecia que estava com um brinquedo – completa Jaíne Ferreira, mãe de Lorenzo.

CASO SURPREENDEU EQUIPE DO HOSPITAL

O silêncio era um indício de que alguma coisa poderia não estar correndo bem.

– Antes, ele estava muito quieto, pensei que estava fazendo arte. Depois que vi aquilo, botei a cobra em um vidro e fomos correndo para o hospital – relata Lucier.

A família ainda não sabe como a cobra apareceu no pátio de casa, fato que também surpreendeu Patrícia Martins, enfermeira responsável no Hospital São Luiz. Ela foi a primeira a receber Lorenzo.

– O pai chegou falando que o filho tinha mordido uma cobra. Estranhei e perguntei de volta: uma cobra picou seu filho? Ele disse que não. Era uma situação muito inusitada, mas atendemos o menino rapidamente e fizemos os exames – diz Patrícia.

O médico Gilmar Carteri explica que, pela coagulação, foi possível verificar que não havia veneno no sangue do menino. Ainda assim, Lorenzo ficou em observação no hospital. O Centro de Informações Toxicológicas (CIT) do Estado foi consultado para os procedimentos hospitalares.

– Tomei todas as providências, liguei para o CIT e, em duas horas, fizemos os exames, uma inspeção clínica completa e vimos que ele não tinha sinal de inoculação da serpente – afirma o médico.

– Nunca imaginava que ele fosse morder uma cobra. Mas depois desse susto, vamos prestar mais atenção. Cuidado redobrado agora – diz o pai.

PARA NÃO CORRER RISCOS

*Colaborou Caio Cigana

-Segundo a bióloga Maria Lúcia Machado Alves, do núcleo de ofiologia da Fundação Zoobotânica, o melhor a fazer para evitar que crianças tenham acidentes com animais peçonhentos, principalmente durante brincadeiras nos pátios, é manter a residência e o local limpos. Evite deixar montes de lenha, tijolos e restos de obras – onde podem se esconder cobras, aranhas e escorpiões – e mantenha a grama sempre bem aparada.

-Se ocorrer algum acidente, os procedimentos básicos incluem lavar o local da picada com água e sabão e procurar o socorro médico mais próximo. Se possível, levar o animal ou uma foto para ajudar na identificação da espécie. Outra orientação é ligar para o Centro de Informação Toxicológica (CIT) do Estado, que mantém plantão 24 horas no número 0800 721 300.

COMO EVITAR ACIDENTES

-Use botas de borracha (até o joelho), ou botinas com perneiras ao andar no campo ou mata.

-Usar luvas de raspa de couro e/ou abrigo com mangas longas nas atividades de jardinagem.

-Manter jardins e quintais limpos. Limpar terrenos baldios próximos das residências. Evitar folhagens densas junto a paredes e muros de casas.

-Usar graveto, enxada ou gancho ao mexer em lenha, buracos, folhas secas e troncos ocos.

-Rebocar paredes para que não apresentem rachaduras ou frestas.

-Vedar soleiras de portas com rolos de areia ou rodos de borracha. Colocar telas nos ralos das pias ou tanques.

-Consertar rodapés soltos.

-Colocar telas nas janelas.

-Evitar o contato com lagartas urticantes. Observar a presença de folhas roídas, fezes ou pupas no solo.

PRIMEIROS SOCORROS

-Lave o local da picada com água e sabão.

-Mantenha a vítima sentada ou deitada para não favorecer a circulação do veneno. Se a picada for na perna ou no braço, mantenha-os em posição mais elevada.

O QUE NÃO FAZER

-Não amarre o local da picada. Esse procedimento pode impedir a circulação e causar necrose.

-Não corte o local da ferida.

-Não aplique folhas, pó de café ou terra sobre a ferida.

-Não dê bebidas alcoólicas ou fumo para a vítima.

Fonte: Fonte: CIT