Muitos
petistas clamam por amor e tolerância, hoje em dia. Bonito. Amor e tolerância
sempre são positivos. Há inclusive um projeto chamado Humaniza Redes tramitando
em algum escaninho do Legislativo. Bonito também. Quem pode ser contra a
humanização?
Os petistas
queixam-se de que existe ódio ao PT, e têm razão. Existe. Noticia-se que a última
pesquisa indica menos de 10% de aprovação ao governo. Como já disse, o PT
acabou. Se Dilma continuar no partido até lá, o PT chegará a 2018 transformado
num partido regional. E, se a eleição fosse daqui a dois anos, arrisco o nome
de quem seria eleito presidente: Ronaldo Caiado, um político mais eloquente e
mais firme do que Aécio. E mais à direita.
Os
petistas, ressentidos, acreditam que a culpada dessa situação é a “sociedade
conservadora”, que se deixou seduzir por discursos de intolerância. Curiosamente,
a mesma sociedade que elegeu o PT quatro vezes seguidas para a Presidência. Isto
é: se os outros não gostam de você, o problema está nos outros, não em você.
Petistas
mais práticos avaliam que o PT fracassou porque, uma vez vitorioso, teve de
ceder “em nome da governabilidade”, eufemismo para “corrupção para se manter no
poder”.
De
fato, o Brasil está menos tolerante com a corrupção, mas não é essa a principal
causa do desprezo que os brasileiros passaram a sentir pelo PT. A principal
causa é a forma como militantes e simpatizantes se comportam com quem, por
alguma eventualidade, não concorda com eles.
Se
você não segue o óbvio pensamento dito de esquerda, com raciocínios do tipo “pobre
é bom, rico é ruim” e outros estereótipos do gênero, você será, pontualmente: homofóbico,
elitista, machista, racista e por aí vai.
O
que se viu, no Brasil do século 21, foi o estabelecimento de uma certa polícia
comportamental. São os vigilantes da moral, os caçadores de preconceitos. Nunca
as pessoas foram tão rotuladas no país. Se você não concorda com um militante,
ele não diz que vocês têm pontos de vista diferentes, nem mesmo diz que você está
enganado: ele diz que você expressa essa opinião, no mínimo, por ter se vendido
para as elites. Ou seja: por ser desonesto. Para o esquerdista brasileiro, é impossível
que alguém discorde genuinamente do que ele jura ser A Verdade.
Aquela
socióloga petista discursa que odeia a classe média, e Lula ouve e ri. Lula
avisa que vai convocar o exército do Stédile para atacar a oposição ao PT, e o
exército do Stédile vai às ruas e fecha estradas e toma prédios públicos e
destrói pesquisas científicas. Agências de guerrilha virtual recebem fortunas
para acabar com a reputação de adversários políticos.
Há cerca
de oito anos, Diogo Mainardi mal conseguiu falar num evento da PUC, porque
esquerdistas gritavam que ele é “traidor da América Latina”. Há cerca de um mês,
Eduardo Cunha não conseguiu falar num evento na Assembleia Legislativa, vaiado
que foi por quem o chamava de conservador. Marina Silva foi injuriada,
caluniada e difamada na eleição.
Onde
está a tolerância?
Onde
está o amor?
Durante
todos esses anos, a classe média, formada quase que totalmente por
trabalhadores, foi odiada, rotulada, julgada e condenada por uma suposta elite
intelectual de esquerda. Ao proceder assim, essa esquerda jogou o Brasil à direita.
A arrogância da esquerda chocou o ovo da serpente e pariu a nova direita. Que já
está vicejando e mais ainda vicejará, se não se comportar com igual arrogância.
Há motivo para o ódio e a intolerância. Não é caso de política, é caso de física
básica. Não é caso da lei brasileira, mas da terceira lei de Newton: não existe
ação sem reação.
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