Lorota (nada) boa
Você deve conhecer alguém com fama de embromador, tipo aquela prima que adora falar sobre suas viagens incríveis nas férias, quando todos sabem que ficou em casa. Se ela não consegue controlar a verborragia de inverdades, é provável que seja uma... mitômana.
"A vítima dessa doença chega ao ponto de acreditar em suas invenções", explica o psiquiatra Geraldo Massaro, terapeuta especializado em psicodrama do Hospital das Clínicas de São Paulo.
E por que ela mente? "Pode ser que se sinta diminuída perante os amigos ou queira apimentar suas experiências", complementa Massaro.
Mas... se tem consciência de que falseia os fatos, por que não se censura? "Quem sofre de mitomania prefere se afastar dos amigos ou mudar de trabalho a se confrontar com a realidade", explica o psicólogo Sandro Caramaschi, especialista em relacionamento humano e professor do departamento de psicologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
A advogada Mônica, 28 anos, sabe bem como funciona esse processo de fuga. "Desde que se separou, minha mãe já inventou que tinha namorados mais jovens e até recebido ofertas de emprego para cargos de diretoria. Tentei mostrar com provas concretas que a havia flagrado.
Mas ela me acusava de querer enlouquecê-la. Saía de casa sem dizer aonde ia, voltava de madrugada e agia como se nada tivesse acontecido. Tenho certeza de que tantas invenções são fruto de carência", avalia.
Pinóquio para todo gosto
Mitomania é o nome mais usado para o transtorno que acomete quem vive criando inverdades. Mas nem todo mentiroso é igual. Por isso, dependendo do tipo de ficção e da motivação para inventá-la, essa doença pode ganhar outros nomes:
Pseudologia fantástica
É a perturbação sofrida por quem cria histórias extraordinárias para se promover ou tentar atrair atenção para si. Não é raro dizer que conhece celebridades, pertence a uma família milionária... "Além da baixa autoestima, ela costuma ter dificuldade para lidar com as frustrações e encarar seus problemas e deficiências", analisa Massaro. Quem se sente insegura em uma relação amorosa também pode cair nessa armadilha.
É o caso da ex-cunhada da arquiteta Renata, 31 anos: "A Amanda trabalhava numa empresa de eventos, mas falava que sua segunda profissão era modelo. Dizia que tirava fotos para uma marca de biquíni comercializada nos Estados Unidos e que o dono era apaixonado por ela. Eu sabia que nem passaporte a fofa tinha! Aos poucos, meu irmão sacou as mentiras e se desencantou".
Mentira patológica
É a tendência incontrolável de contar inverdades, mesmo que não proporcionem nenhuma vantagem. "A pessoa acostuma-se a mentir por mentir, sem propósito lógico algum. Faz isso mesmo em situações em que não haveria nenhum ganho", explica a psiquiatra Hilda Morana.
A vendedora Danielle, 23 anos, conhece um tipo assim: "Minha melhor amiga tem o hábito de inserir mentiras bobas em seus relatos. Outro dia, telefonei e ela disse que não podia atender porque estava na fila da vacinação contra gripe. Mais tarde, soube que estava apenas atrasada para uma reunião. Vai entender!"
Mentira por trauma
Quem não consegue aceitar uma verdade muito dolorida pode recorrer à mentira para camuflar a dura realidade. Nesse caso, a razão da mentira é o próprio trauma. A vizinha da estudante de publicidade Juliana Costa, 20 anos, tem esse perfil:
"Ela alardeia aos quatro ventos que o pai é o máximo. Infelizmente o que eu escuto são brigas e gritos, pois o tal pai maravilha quase sempre chega bêbado e distribui ofensas e tapas".
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