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quinta-feira, 2 de julho de 2009
02 de julho de 2009
N° 16018 - PAULO SANT’ANA
Viva a tortura!
O destino deve estar preparando algo ainda maior, melhor e mais delicioso para nós, gremistas, hoje à noite.
Estou escrevendo de casa, pois agravou-se minha labirintite e, ao levantar pela manhã, se não me escorasse na parede, teria caído no chão.
Tenho vários amigos que me aconselham a não divulgar pelos meus espaços jornalísticos os meus males de saúde.
Explico a meus amigos o que vou explicar agora aos meus leitores. Acontece que um dos segredos de eu ter-me mantido 37 anos no meu emprego é o de haver-me desnudado diante dos meus leitores, ouvintes e telespectadores, transmitindo-lhes sempre os sentimentos, emoções e pensamentos que me dominavam naquele instante em que eu lhes falava ou escrevia.
Como estar doente é uma preocupação principal, no instante em que falo ou escrevo, no rádio, na tevê ou no jornal, não posso deixar de me referir à(s) minha(s) doença(s) nos dias em que estou doente.
Dito isso, passemos ao que interessa.
Ocorre que foram presos anteontem oito agentes penitenciários acusados de torturas sobre um preso na penitenciária de Charqueadas.
Os agentes, segundo a acusação do Ministério Público, aplicaram socos e pontapés no rosto e no estômago do detento, batiam nas costas dele também com uma garrafa cheia de água para não deixar vestígios das pancadas, mas deixaram vestígios das lesões provocadas pelos socos e pontapés, segundo excelente relato da reportagem policial de ZH.
O preso teve de ser medicado e declarou ao médico que sofrera uma queda na cela. Se dissesse a verdade, quando voltasse à custódia dos seus torturadores seria massacrado pela segunda vez.
O juiz Brzuska e os promotores descobriram a farsa, que culminou com a prisão dos torturadores.
Só quem conhece o significado terrível e perpetuamente traumático da tortura é quem já foi torturado.
Mas há entre muitos que não foram torturados a crença de que “preso tem que sofrer, tem que viver como os porcos, entre os ratos e tem de apanhar todos os dias para aprender a não roubar mais os outros”.
Pois, então, que esses festejem esta tortura na penitenciária de Charqueadas. Um brinde à tortura!
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