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quinta-feira, 7 de agosto de 2008
07 de agosto de 2008
N° 15686 - PAULO SANT’ANA
Grêmio metafísico
Meus leitores, está acontecendo um fato inédito no futebol brasileiro: como se sabe, este Brasileirão é pela fórmula de pontos corridos, cada time disputa 38 jogos, 114 pontos no total. Aquele time que somar mais pontos é declarado campeão.
Por esta fórmula, sempre o campeão será o melhor time nos 38 jogos. Ou seja, meus leitores, é impossível haver um time azarão como campeão. Nunca houve um time azarão como campeão nesta fórmula de pontos corridos.
Exatamente porque são tantos os jogos, que jamais um azarão os suportaria durante tão longo tempo de disputa.
A fórmula propícia para o time azarão é a antiga fórmula do campeonato brasileiro e a fórmula por que sempre foi disputada a Copa do Brasil: o mata-mata.
Por essa fórmula, pode-se ser campeão da Copa do Brasil disputando seis contra cinco adversários, em 10 jogos. Portanto, apenas 10 jogos. Um time engrena, seus grandes adversários perdem lá adiante para outros times, de repente um azarão é campeão.
Um azarão foi campeão em 1991, o Criciúma, com Luiz Felipe. Um azarão foi campeão da Copa do Brasil em 1999, o Juventude.
O terceiro azarão da Copa do Brasil deu-se em 2004, o Santo André. E o quarto e último azarão foi o Paulista de Jundiaí, campeão da Copa do Brasil em 2005.
O sistema de mata-mata proporciona, portanto, grandes chances aos azarões.
O que é, afinal, o azarão? Simplesmente, o azarão é aquele time pelo qual ninguém dá nada no início do campeonato, ninguém acredita nele, ninguém crê que ele possa ser campeão.
Isso foi o que aconteceu com o Grêmio no início deste atual Brasileirão: ninguém acreditava que o Grêmio pudesse vir a ser campeão. Então o Grêmio é um azarão neste campeonato.
O próprio presidente Paulo Odone declarou esses dias que ninguém acreditava que o Grêmio pudesse chegar ao limiar do primeiro turno inteiro como líder.
E disse mais o presidente Paulo Odone: a imprensa não acreditava e até o próprio Celso Roth não acreditava que o Grêmio iria fazer uma campanha tão brilhante.
E aí está o Grêmio surpreendendo a todos. Com a vitória de ontem sobre o Ipatinga, embora escassa, embora o escore apertado, o Grêmio ameaça ser campeão honorífico do primeiro turno hoje à noite, se o Internacional empatar ou vencer o Cruzeiro.
Em outras palavras, um fenômeno impressionante está acontecendo com este campeonato nacional: o azarão está liderando e pode hoje à noite ser campeão do primeiro turno.
Mas como é que pode um azarão liderar um campeonato de pontos corridos? Isso não é lógico. Lá já se vão 18 rodadas e o azarão impávido colosso liderando um certame no qual estão inscritas as mais famosas e as mais caras e ricas equipes nacionais, entre elas o São Paulo e o Internacional.
Se o Grêmio mantiver esta liderança até a quinta rodada do segundo turno, então não será mais um azarão.
Porque o azarão não tem lógica e o Grêmio está se afirmando um pilar lógico impressionante até aqui: ele tem a defesa menos vazada do campeonato e o ataque mais positivo.
Que azarão é este que faz mais gols que todos os outros times e sofre menos gols que os outros todos?
Que azarão é este?
Por causa dos seus recursos modestos, por força das dificuldades financeiras e por suas dívidas cruciantes, pelas quais o Grêmio paga juros escorchantes e é obrigado a prestá-las doloridamente todos os meses, ninguém acredita nesta façanha do Grêmio,
do Celso Roth, do Daniel Krieger, que não demitiu o Celso Roth quando todos os gremistas achavam que ele tinha de ser demitido depois que perdeu o Gauchão e a Copa do Brasil,
que escolheu loucamente ficar com o Celso Roth, que hoje virou um semideus da torcida e virará um deus se vencer o campeonato. O Grêmio do Paulo Odone é hoje um milagre de sobrevivência na liderança que os fatos lógicos não explicam.
O Grêmio virou um elemento da natureza.
Um fenômeno metafísico alicerçado na paixão. Como escreveu o Paulinho da Viola, “não posso definir aquele azul, não era do céu, não era do mar...”.
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