Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
terça-feira, 9 de outubro de 2007
09 de outubro de 2007
N° 15382 - Cláudio Moreno
Mães e pais
Os estudiosos da mitologia clássica são quase unânimes em afirmar que as Amazonas nunca passaram de uma lenda.
Embora escavações realizadas no litoral do Mar Negro tenham encontrado espadas e escudos no túmulo de algumas mulheres, tudo indica que as famosas guerreiras eram apenas outra das criações do imaginário grego, tão fantásticas quanto a quimera, a esfinge ou os centauros.
Na verdade, o mito das Amazonas foi importantíssimo para os gregos por representar, como um espelho ao contrário, o oposto de tudo aquilo que eles valorizavam como traços indispensáveis para uma vida civilizada. Elas formavam uma sociedade exclusivamente feminina, constituindo o mais rigoroso dos matriarcados jamais imaginado.
Uma vez por ano (e sempre no escuro, para que os pares não se reconhecessem), elas acasalavam com homens escolhidos a dedo, capturados ao acaso nos povoados dos arredores. As meninas que nasciam eram criadas para ser belicosas como as mães, mas os meninos eram simplesmente eliminados logo após o parto.
Às vezes, numa solução um pouco menos radical, elas se limitavam a vazar os olhos dos bebês ou a quebrar-lhes as perninhas, deixando-os cegos ou mancos, escravos dependentes e submissos que ainda serviam para desempenhar todo tipo de trabalho doméstico.
Para o grego, portanto, que associava o mundo feminino ao lar e à família, deixando para os homens a brutalidade da guerra e das expedições de conquista, as Amazonas simbolizavam o inverso do que ele considerava "normal".
Não foi por acaso que os grandes heróis civilizadores da mitologia - principalmente Hércules e Teseu - tiveram de enfrentá-las e, como era de esperar, derrotá-las simbolicamente.
Na eterna e estimulante discussão sobre os papéis do homem e da mulher, essas guerreiras obstinadas merecem o mesmo repúdio que recebem hoje os machistas empedernidos.
Uma sociedade unilateral e cruel como a delas sempre estará fadada a fracassar na tarefa básica de se perpetuar pela descendência, pois elas sabiam como produzir um bebê - o que nunca requereu muita experiência ou tecnologia - , mas duvido que soubessem como fazê-lo transformar-se num adulto, fosse homem ou mulher.
Sem uma família, sem o esforço conjunto do masculino com o feminino, fica muito mais difícil obter sucesso nessa operação, já tão delicada por si mesma.
É em contato com as figuras de um pai e de uma mãe que a criança vai conhecer duas formas de amar e ser amada, duas formas de linguagem, duas formas de conhecimento - formas essas bem diversas uma da outra, mas riquíssimas na soma de suas contribuições.
A metáfora da casa é conhecida, mas nem por isso perde o valor: a mãe dá o chão, a terra, a ligação com os ciclos da natureza e com todas as formas de vida, inclusive as plantas e os animais.
O pai, por sua vez, fornece as paredes e o telhado, criando um espaço protegido e limitado onde essa vida vai crescer livremente até estar forte o suficiente para se aventurar no mundo lá fora. Só então o ciclo estará completo.
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