sexta-feira, 4 de dezembro de 2015


Jaime Cimenti

Woody Allen, 80 anos


Woody Allen fez 80 anos dia 1 de dezembro. Concordo com ele, sou radicalmente contra a morte e quero a imortalidade em vida. Campai, vida longa, eterna para ele, para nós e para a gurizada da Academia Brasileira de Letras. Concordo com a piada do Woody, do cara que diz para o psicanalista: "Meu irmão anda dizendo que é uma galinha". "Ele não está legal, traz ele aqui, vamos ajudá-lo." "Não posso doutor, preciso dos ovos." É uma loucura!!! 

Quando e se eu crescer, gostaria de ser um piá como ele, Woody Allen, que, depois de 45 filmes, não sei quantos livros, peças, músicas, filhos, enteados, mulheres e processos, segue tocando clarinete com a banda, trabalhando em Manhattan e pelo mundo e, acho, traçando aquele sanduíche que vem com meia tonelada de pastrami, aquele do Carnegie Deli, 854, 7th Ave, Midtown, em Nova Iorque. Vai lá!

Há quem diga que os melhores filmes que Allen fez são os do século passado. Os críticos e as bilheterias deste século não concordam muito com a tese, ao que parece. O fato é que ele é criativo, ousa, faz diferente. Ah, para quem gosta muito dele, pode encontrá-lo na Padre Chagas, tomando café. É que o Woody é a cara do dr. Manuel Piterman, que vai lá sempre. Só que o Manuel é bem, bem mais moço. Os dois são meio geniais. Woody como cineasta, e Manuel, como advogado. Woody Allen diz, modesto, que é um humorista do Brooklin que deu certo. Eu digo que conheço o Manuel Piterman há muitas e muitas décadas e que ele, causídico do Bom Fim, do Moinhos e da Bela Vista, deu certo.

Morei na Felipe Camarão 16 anos, conheci bem Moacyr Scliar e seus livros, tomei café no Bar Bom Fim e no Bar João, ouvi e ouço Nei Lisboa, andei no Bar Alaska e no Clube de Cultura, assino há uns 10 anos uma coluna no jornal Fala Bom Fim, do querido Milton Gerson, intitulada Memórias do Gut-Goi. Normal eu festejar os 80 do Woody Allen, não é? Bem que ele podia oferecer guefilte fish com vinho para a gente. Em ocasiões festivas a religião permite bebida alcóolica. Mas será que o Woody vai abrir a mão? Pois, é, Woody, diz que Deus criou os goi (gentios) porque alguém tem que comprar no varejo....He, he, piadão de presente de aniversário! Pode pegar para ti, de graça!

Woody Allen não para. Bota os neurônios a funcionar senão o alemão pode pegar a cabeça dele. Nada de aposentado ou aposentos. Um filme por ano, uma nova série de TV que dirigirá para a Amazon e por aí vai. Ele disse que se acha sortudo por ter um público. Seu público também tem sorte de ainda ter um diretor-autor de cinema irrequieto atuante e dezenas de filmes para ver e rever, sempre com aquele jazz maravilhoso. Jazz, a melhor coisa que os Estados Unidos ofereceram para o mundo, sempre um prazer repetir. Woody Allen deve pensar como seu colega oitentão, grande artista e filósofo-pensador Ziraldo, que refletiu: terceira idade é a pqp!

a propósito...

Dizem que o Woody, quando saía de casa à noite para tocar clarinete com os amigos, pedia para o motorista de seu Rolls-Royce branco parar uns dois quarteirões antes do local, e, aí, chegava a pé, para não esnobar os colegas músicos. Ao que eu saiba, não há estrelismo para o clarinetista Woody Allen. Ele é mais um da banda e, como bom jazzista, tem plena consciência de que a música é muito mais importante que o músico. 

Será que ele acha que o cinema é mais importante que o cineasta? Será que ele pensa como Akira Kurosawa que, ao ganhar um Oscar especial aos 80 anos, disse que isso o animaria a tentar saber mais sobre cinema? Parabéns, Woody! 
Jaime Cimenti

Nenhum comentário: