Novo romance de Teixeira Coelho
Colosso
(Iluminuras, 216 páginas, R$ 48,00) é o romance mais recente do professor e
escritor Teixeira Coelho, ex-diretor do MAC-USP e curador do Museu de Arte de
São Paulo (Masp). Com Niemeyer, um romance; História natural da ditadura; e O
homem que vive, compõe um quarteto colocado sob o signo do anjo da História.
Teixeira
Coelho publicou, também, A cultura e seu contrário; Dicionário crítico de
política cultural; Moderno pós moderno; Fliperama sem creme e As fúrias da
mente, os dois últimos, obras de ficção. Ele é professor da Escola de
Comunicações e Artes da USP.
Colosso
trata das vicissitudes de três pessoas brasileiras que compõem um triângulo
amoroso. Elas vivem no exterior. A história é contada por um narrador que, aos
poucos, mesmo sem querer, acaba se envolvendo com o trio. São pessoas com
passado político, em situação de diáspora. Aliás, comenta-se que entre 500 mil
e 2,5 milhões de brasileiros deixaram o Brasil por opção ou necessidade.
Contudo,
o romance não é propriamente sobre a diáspora brasileira. É uma narrativa sobre
pessoas de carne e osso que deixaram o País por questões políticas ou simples
exasperação e que veem suas vidas entrelaçadas no exterior, buscando corrigir
destinos e opções. Julia, Josep e Amélie e a história do mundo, mais presente e
passado. Cenários de hoje e vestígios do que ficou assombram pelo menos dois
integrantes do quarteto. Um deles gosta de vida contemplativa, outro prefere uma
“profissão terrestre”. O narrador deveria apenas narrar, mas...
O
romance divide-se em três grandes partes: pesar e culpa; pesar e razão; pesar e
prazer. A linguagem e o conteúdo são densos e o texto tem longos períodos,
iniciados, muitas vezes, por minúsculas e com pouca pontuação. No posfácio,
Celso Favaretto escreve: “sob o riso sarcástico da história, a narrativa se
perfaz por digressões na perseguição de uma moldura que conteria os sinais
dessa história toda feita de sintomas, em que a angústia passeia sob o ritmo da
repetição dos mesmos tristes périplos.
Na
escrita, marcas arbitrárias indiciam um tempo que baixa sobre os personagens
sem qualquer fixação, indicando a ausência de toda profundidade: referências
contextuais e de vidas são caldeadas em fingidas lembranças de peripécias e
enganos – pois o narrador se nega a contar a história de uma pessoa e a
refletir sobre ela”.
Enfim,
os leitores vão testemunhar personagens que vivem tempos que não acabam de
passar, que não acabam de chegar, que passam por cenários estrangeiros que
escravizam e libertam e outras mazelas, tudo entremeado com referências de
música, cinema, literatura, história etc
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