sexta-feira, 5 de junho de 2015




Novo romance de Teixeira Coelho

Colosso (Iluminuras, 216 páginas, R$ 48,00) é o romance mais recente do professor e escritor Teixeira Coelho, ex-diretor do MAC-USP e curador do Museu de Arte de São Paulo (Masp). Com Niemeyer, um romance; História natural da ditadura; e O homem que vive, compõe um quarteto colocado sob o signo do anjo da História.

Teixeira Coelho publicou, também, A cultura e seu contrário; Dicionário crítico de política cultural; Moderno pós moderno; Fliperama sem creme e As fúrias da mente, os dois últimos, obras de ficção. Ele é professor da Escola de Comunicações e Artes da USP.

Colosso trata das vicissitudes de três pessoas brasileiras que compõem um triângulo amoroso. Elas vivem no exterior. A história é contada por um narrador que, aos poucos, mesmo sem querer, acaba se envolvendo com o trio. São pessoas com passado político, em situação de diáspora. Aliás, comenta-se que entre 500 mil e 2,5 milhões de brasileiros deixaram o Brasil por opção ou necessidade.

Contudo, o romance não é propriamente sobre a diáspora brasileira. É uma narrativa sobre pessoas de carne e osso que deixaram o País por questões políticas ou simples exasperação e que veem suas vidas entrelaçadas no exterior, buscando corrigir destinos e opções. Julia, Josep e Amélie e a história do mundo, mais presente e passado. Cenários de hoje e vestígios do que ficou assombram pelo menos dois integrantes do quarteto. Um deles gosta de vida contemplativa, outro prefere uma “profissão terrestre”. O narrador deveria apenas narrar, mas...

O romance divide-se em três grandes partes: pesar e culpa; pesar e razão; pesar e prazer. A linguagem e o conteúdo são densos e o texto tem longos períodos, iniciados, muitas vezes, por minúsculas e com pouca pontuação. No posfácio, Celso Favaretto escreve: “sob o riso sarcástico da história, a narrativa se perfaz por digressões na perseguição de uma moldura que conteria os sinais dessa história toda feita de sintomas, em que a angústia passeia sob o ritmo da repetição dos mesmos tristes périplos.

Na escrita, marcas arbitrárias indiciam um tempo que baixa sobre os personagens sem qualquer fixação, indicando a ausência de toda profundidade: referências contextuais e de vidas são caldeadas em fingidas lembranças de peripécias e enganos – pois o narrador se nega a contar a história de uma pessoa e a refletir sobre ela”.


Enfim, os leitores vão testemunhar personagens que vivem tempos que não acabam de passar, que não acabam de chegar, que passam por cenários estrangeiros que escravizam e libertam e outras mazelas, tudo entremeado com referências de música, cinema, literatura, história etc

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