04
de julho de 2014 | N° 17849
VERÍSSIMO
NA COPA
FATOR CAMPO CONTRA
Claro
que a vantagem de jogar no seu campo existe. Mas não é tão importante assim, e
nesta Copa o “fator campo” adquiriu uma conotação irônica. Houve uma reversão
de sentido. O fato da Copa ser no Brasil está deixando o nosso time mais
nervoso do que normalmente estaria. Mais atrapalha do que ajuda. O hino cantado
a capela pelos jogadores e pela torcida é bonito, é inspirador, mas os
jogadores estão bradando o hino com uma ênfase meio desafiadora, como se
estivessem não em casa mas sozinhos em território inimigo. O último pelotão
inglês cantando God Save the Queen antes de ser dizimado pelos zulus.
Não
sei como são as sessões motivacionais da psicóloga da seleção com os jogadores.
Imagino que ela tente convencê-los de que eles são bons, que ninguém esqueceu
como se joga futebol, que ninguém chegaria à Seleção se não fosse um vencedor
etc. Mas acho que a preleção deveria se concentrar em lembrar a todos que estão
entre amigos. Que estão em casa. Que o castelo é nosso e os zulus somos nós.
É verdade
que estar “em casa”, para grande parte dos jogadores em ação nesta Copa,
incluindo os brasileiros, significa estar na Europa, num país que não é o deles.
A única coisa que os identifica como nacionais, para efeito de Seleção, é a
certidão de nascimento. A globalização e a diáspora de jogadores ajudaram a
desmoralizar o tal de “fator campo”. Hoje o coração de um jogador pode estar
onde ele nasceu, mas o seu campo, os seus interesses – e os seus chinelos – estão
em outro lugar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário