Rodrigo
Baptista
Alteração na jornada de aeronautas é aprovada na
CAS
Paim: "Nossa principal
preocupação é com a segurança do voo"
A Comissão de Assuntos Sociais
(CAS) aprovou nesta quarta-feira (4) em primeiro turno projeto substitutivo do
senador Paulo Paim (PT-RS) ao PLS 434/2011 que disciplina a profissão de
aeronauta – pilotos, copilotos, comissários e mecânicos de voo – e regula a jornada
de trabalho desses profissionais. O texto será submetido a segundo turno na
próxima reunião da CAS e ainda poderá receber emendas.
O projeto especifica as
atribuições dos profissionais de aviação e estabelece regras para a elaboração
das escalas de trabalho dos aeronautas. O texto introduz modificações nas
normas que regem o período de sobreaviso, folgas, tempo de adestramento em
simulador e limites de tempo de vôo e de pousos permitidos para uma jornada.
Pelo texto, o número de folgas
mensais, por exemplo, sobe para 12. Atualmente, segundo a lei que regulamenta a
profissão (Lei 7.183/84), esses trabalhadores têm, no mínimo, 8 dias de repouso
remunerado por mês.
Nos meses de janeiro, fevereiro,
julho e dezembro, considerados alta temporada, será permitido que o número de
folgas mensais caia para 10, conforme o texto aprovado.
Segundo o relator, senador Paulo
Paim, verifica-se uma distorção entre a
quantidade de folgas dos aeronautas e dos trabalhadores da maioria das
categorias. Os trabalhadores de outras categorias possuem em média 119 folgas
por ano, das quais 102 folgas em finais de semana, acrescidas de mais 17 folgas
nos feriados nacionais, estaduais ou municipais. Os aeronautas atualmente gozam
apenas 96 folgas anuais, gerando um déficit de 23 folgas anuais.
— Nossa principal preocupação é
com a segurança do voo. Recentemente, em fórum da International Civil Aviation
Organization (Icao), dados apresentados por empresa aérea brasileira
demonstraram que 78% dos erros cometidos por pilotos estão diretamente
relacionados à fadiga – assinalou Paim.
Para elaborar o texto, Paim ouviu
aeronautas e empresários do setor de aviação.
O senador observou que a Lei atual (Lei 7.183/1984) está defasada e
precisa de modernização. Há 30 anos, não haviam voos noturnos, por exemplo.
Atualmente pilotos chegam a encarar voos por três madrugadas consecutivas.
Paim observou que os conceitos do
programa de gerenciamento de risco da fadiga, aprovado pela Autoridade de
Aviação Civil, possibilitam às empresas flexibilizarem alguns limites como o
numero de madrugadas trabalhadas consecutivamente e o limite de horas de voo e
as jornadas diárias de trabalho de seus tripulantes.
Remuneração
A proposta também estabelece uma
remuneração adequada para o aeronauta que está à disposição da empresa em
atividades de solo (como treinamentos, cursos de reciclagem).
— É pratica comum entre as
empresas fazerem com que seus funcionários tenham jornadas de trabalho no
limite do permitido em lei [11 horas], porém produzindo de duas a três horas de
voo. Em suma, o tripulante encontra-se à disposição da empresa, em local por
ela determinado, pronto para assumir nova tarefa, não sendo, contudo,
devidamente remunerado - observou.
No projeto, Paim estabelece
que as horas de sobreaviso serão
pagas como horas de voo, à base de um
terço do valor da hora normal; e, no período de tempo entre o início do sobreaviso
e o horário da apresentação do tripulante no local estipulado pelo empregador,
quando convocado para uma nova tarefa.
— Ajustou-se diversas
irregularidades que não são devidamente contempladas pela legislação atual,
corrigindo-se distorções inerentes ao pagamento por quilometragem, padronizando
a metodologia remuneratória das empresas
aéreas para uma métrica que leve em conta a quantidade efetiva de trabalho
realizado – disse Paim.
Proposta original
Ao apresentar a proposta, Blairo Maggi observou que a legislação
relativa à jornada de trabalho da categoria está desatualizada, bem como possui
rigidez excessiva. A proposta original estabelecia jornada de 14 horas horas,
se o profissional for integrante de uma tripulação mínima, simples ou composta.
A nova versão recebeu uma série
de elogios dos parlamentares. O senador Sérgio Petecão (PSD-AC) criticou a
pressão de sindicalistas para a votação apressada do texto.
A votação da proposta foi
acompanhada por entidades de representação de classe do país: Sindicato
Nacional dos Aeronautas (SNA), Associação Brasileira de Pilotos de Aviação
Civil (Abrapac), Associação dos tripulantes da Gol (Asagol), Associação dos
tripulantes da Tam (ATT) e Associação Brasileira de Pilotos de Helicópteros
(Abraphe).
— Eles [aeronautas e empresários]
não fecharam acordo total, mas entendem que é um avanço. Há acordo para
mudanças na Câmara – ponderou Paim.
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