quarta-feira, 18 de maio de 2011



18 de maio de 2011 | N° 16703
PAULO SANT’ANA


Juiz de paz

Minha mesa ontem estava coalhada de protestos contra a informação que me foi dada pela jornalista Vera Spolidoro, secretária estadual de Comunicação Social: a de que os brigadianos tinham sido premiados pelo atual governo do Estado, nos primeiros meses deste governo, com aumento salarial de 6%.

As associações de classe dos brigadianos afirmaram que o pequeno reajuste que tiveram este ano foi concedido pelo governo Yeda, pago somente agora pelo governo Tarso.

No e-mail que me mandou e que transcrevi, Vera Spolidoro também se jactou de que tiveram reajustes agora, no governo Tarso, os policiais civis e os funcionários penitenciários: devem também ter sido reajustados, se é que o foram, até mesmo porque escrevi que não tinha notícia disso, pelo governo anterior.

Mas os brigadianos têm razão: pagar o aumento concedido pelo governo anterior é uma coisa, o governo atual ter concedido aumento aos funcionários é coisa bem diferente.

E, da forma como a secretária me escreveu, ela dava a entender que o reajuste tinha sido dado pelo governo atual.

Não o foi.

Mas ontem, pelo telefone, a secretária Vera Spolidoro rebateu dizendo que, realmente, quem concedeu o reajuste foi o governo anterior, só que o governo Tarso, agora, honrou a concessão do aumento, pagando-o.

Do jeito que o debate passou por mim, ficou a impressão de que os funcionários públicos estaduais nutrem a esperança de que o governo Tarso possa vir a conceder-lhes aumento nos próximos meses. Aí, sim, não seria “pagar” aumento, mas “concedê-lo”.

A respeito e a não respeito da questão anterior, minha experiência de 40 anos fazendo colunas me aconselha a não me meter em assuntos em que as duas partes têm razão. São exatamente os assuntos em que me meti e se tornaram encrencas terríveis.

Por isso é que se diz que não devemos nos meter em briga de marido e mulher. Ouçam, numa Vara de Família, um marido e uma mulher: os dois têm razão e são respeitáveis os seus argumentos e motivos.

O que eu nunca queria ser é juiz de Vara de Família. Tudo o que eu queria ser é juiz de paz: de preferência só para casar as pessoas, tudo é alegria quando se casa.

Mas, quando esse casamento se transforma em ação de divórcio, então é nitroglicerina pura.

O ex-governador Jair Soares, atualmente advogado, me escreve, dizendo que nos últimos cinco anos o Estado do Rio Grande do Sul arrecadou R$ 5 bilhões com contribuição previdenciária de seus funcionários (11% ao mês).

Diz o ex-governador que o Estado teria de participar com 22% mensais de contribuição para o bolo previdenciário, somando-se então R$ 15 bilhões.

Teria de participar? Mas será que não participou?

Nestes termos, se for cumprido esse contrato solidário, soluciona-se a previdência gaúcha.

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