Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
15 de janeiro de 2009
N° 15849 - DAVID COIMBRA
Sansão e os torcedores
Ahistória de Sansão é narrada no livro dos juizes, no Velho Testamento. Ele era um deles – um dos juízes. Não como os atuais, togados e tal, que falam data venia e ipso jure. Um juiz hebreu naquele tempo, cerca de 32 séculos atrás, era sobretudo um líder militar.
Israel passava por momentos difíceis, de decadência política e moral. As 12 tribos hebreias não conseguiam se unir e a todo momento se viam acicatadas por inimigos das nações cananeias do entorno. Os mais encarniçados eram os filisteus.
Esses filisteus desapareceram na poeira dos séculos, ninguém sabe ao certo quem são seus descendentes, mas eles deixaram alguns parágrafos escritos nas páginas da História.
Os principais graças às guerras contra os judeus. Golias, o gigante que meu xará matou com um fundaço no olho, era filisteu. Não devia ser gigante, gigante, devia ter, sei lá, uns dois metros de altura, quem sabe não muito maior do que aquele jogador de basquete chinês.
Enfim, o pequeno Davi, mirrado e frágil nos seus 16 anos, acertou-lhe uma pedrada e depois o decepou com a enorme espada que ele próprio manejava. Além serem conterrâneos de Golias, os filisteus ficaram conhecidos pela fundação cinco cidades naquela região, a chamada “Pentápole Filistina”. Uma delas, a cidade de Gaza.
Bem. Segundo a Bíblia, um dia ocorreu que “Sansão foi a Gaza, onde viu uma mulher meretriz, e foi procurá-la”. A notícia correu pela cidade. “Sansão está aqui”, diziam os alarmados filisteus. Aí estava uma luminosa oportunidade para liquidar com aquele inimigo tão odiado. Armaram uma emboscada. Puseram soldados nos arredores da cidade com ordens de esperá-lo durante toda a noite. Quando Sansão fosse sair de Gaza, matá-lo-iam. A Bíblia relata o que se deu:
“Sansão dormiu até a meia-noite e, levantando-se, tomou os batentes da porta de Gaza, com os seus postes, arrancou-os juntamente com o ferrolho, pô-los sobre os ombros e levou-os até o alto da montanha que está defronte de Hebron”.
Desde guri, quando li essa história, fico imaginando a cena: Sansão, o homem mais forte do mundo, debaixo de suas melenas de lateral argentino, carregando os monumentais portões de Gaza que ele havia arrancado com as próprias mãos, e levando-os montanha acima, para assombro dos filisteus.
Isso se deu há 3.200 anos, exatamente naquela região ora conflagrada por uma luta entre os mesmos hebreus contra os mesmos povos cananeus. É por essa razão que é inútil discutir quem é o dono daquela terra.
Discutir quem chegou primeiro ou quem agrediu primeiro, quem tem razão, quem não tem, é como uma discussão de bar entre gremistas e colorados. O torcedor acalenta a ilusão de que um dia provará em definitivo que o seu time é melhor.
Como se fosse uma determinação do Destino, como se fosse uma característica adquirida, ou um zigoto especial que só um gremista ou um colorado possui.
Essa ideia está de tal forma incrustada na mente dos torcedores que o Inter montou um projeto intitulado “genoma colorado”. Quer dizer: o “coloradismo” está no gene, é hereditário, bem como o “gremismo”.
Gremistas e colorados jamais conseguirão provar que um é melhor do que o outro. Porque um não é melhor do que o outro.
O futebol vive de ciclos, como a História. Neste ano um time está melhor, no seguinte será o outro; neste século uma nação é poderosa, no próximo será a outra.
No caso da dupla Gre-Nal, é um debate que remonta a cem anos; no caso da Palestina, a dezenas de milênios. Algumas discussões são inúteis. Algumas discussões não têm sentido. Algumas discussões simplesmente não deviam acontecer.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário