09 de setembro de 2008
N° 15721 - PAULO SANT’ANA
Dias idos e vividos
Esta RBS é uma empresa estranha. Quando tudo está dando muito certo, ela muda.
Agora, reuniu seus executivos em Bento Gonçalves no fim de semana e proclamaram lá uma nova Constituinte.
Mudaram o organograma e as funções. Muitos nomes foram promovidos por seu mérito, garantia que estimula todos a darem o melhor de si para continuar a tarefa de informar e opinar sobre a nossa realidade e as nossas vidas. A maior razão da luta profissional é a carreira.
Se posso crescer, me atiro à luta com obstinação.
Então a RBS, diante do sucesso absoluto do seu funcionamento, muda para melhor.
Se eu apanhei o sentido principal das mudanças, é o de cada vez mais capacitar a empresa para atender melhor às duas razões vetoras da sua existência: os consumidores, leitores de jornal, ouvintes de rádio, telespectadores e usuários da internet, e os anunciantes.
Com a mudança, já me determinei a ser vassalo dos anunciantes e dos nossos consumidores.
Me determinarei a jamais perder a paciência com os leitores quando desagrado a eles individualmente e a valorizar ainda mais nos meus espaços o papel imprescindível dos anunciantes.
Com a mudança, enfim, mudei. E vou mudar para melhor.
Com a reformulação, iniciaram-se as cerimônias de despedida. Ontem, quando o Marcelo Rech, que era diretor de Redação de Zero Hora e foi promovido a diretor-geral de Produto do Grupo RBS, entregou seu cargo a Ricardo Stefanelli,
que era editor-chefe de Zero Hora e foi promovido a diretor de Redação do nosso jornal, ainda quando se despedia a Marta Gleich, que era diretora de Jornais Online e subiu para diretora de Internet do Grupo RBS, me emocionei.
Porque a Marta e o Marcelo vão mudar de prédio, saindo aqui da redação. Olhei para os partintes e para os ficantes e chorei.
Porque uma vez aqui nesta coluna corrigi o poeta que dizia que a vida era a arte do encontro. Corrigi para “a vida é a arte da despedida”.
Tem gente que não se conforma com a despedida. O Marcelo Rech teima em dizer que vai sempre vir aqui na redação. Como eu, que embora tenha me mudado da Chácara das Bananeiras, Partenon, há mais de 50 anos, uma vez por ano pego o meu carro e passo por lá para conferir os coqueiros e outras árvores da minha infância.
A gente nunca se desapega dos lugares em que foi feliz.
Me emocionei porque não existe nada mais fulcral do que os dias idos e vividos.
Nem nada mais importante do que o lugar onde a gente consumiu a vida trabalhando.
Todas as mudanças na vida me emocionam profundamente.
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