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domingo, 7 de outubro de 2007
ELIANE CANTANHÊDE
Fidelidade no bordel
BRASÍLIA - Quando o PMDB tira Jarbas Vasconcelos e Pedro Simon de qualquer comissão no Senado, o bem está perdendo para o mal. Jarbas e Simon estão na origem do MDB e do PMDB, na sua história de lutas e de construção. Foram trocados pelos éticos e famosos quem?
É assim que o maior partido do país se transformou no principal símbolo da falência partidária, da fragilidade da representação parlamentar e da descrença da sociedade brasileira em seus políticos e no Congresso Nacional.
Foi nesse contexto que o Supremo Tribunal Federal enveredou na semana passada pela seara legislativa e fez o que o Congresso se recusa a fazer: deu um clique na fidelidade partidária.
Quem mudar de partido perde, ou pode perder, o mandato. A decisão do Supremo merece aplausos.
Não há quem possa discordar da medida, do objetivo moralizante e da necessidade de fortalecer os partidos. Mas, passada a festa, vem a realidade: como exigir fidelidade em bordel, quando ninguém é de ninguém?
No rol dos que mudaram de partido, chama atenção a quantidade dos que aderiram ao PR. Uns 20.
Por que será? Por "ideologia"? O PR é a fusão de PL com Prona e de Valdemar da Costa Neto (que renunciou ao mandato e voltou pelo voto depois) com Enéas Carneiro (do "Meu nome é Enéas!", que morreu).
Obviamente, quem saiu de qualquer partido para entrar no PR não quer ouvir falar de programa, de fidelidade partidária nem de fidelidade a coisa nenhuma.
A fidelidade partidária é uma cobrança antiga, para tentar um mínimo de compromisso dos parlamentares e reduzir o mercado de compra e venda. Mas isso é uma parte da história.
Sem reforma político-eleitoral, a origem dos vícios fica, a representação parlamentar continua ladeira abaixo. Mais do que Jarbas e Simon serem fiéis ao PMDB, o PMDB é que deveria ser fiel a eles. E a ele próprio.
ecantanhede@uol.com.br
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