Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sexta-feira, 12 de outubro de 2007
12 de outubro de 2007
N° 15391 - David Coimbra
Como tratar os otários
Lula, Yeda e Fogaça mentiram. Tudo bem, ninguém se importa. Eu, um pouco. E olha que não sou contra todas as mentiras. Ao contrário, admiro as qualidades da hipocrisia, sem a qual ainda estaríamos pintando bisontes nas cavernas e arrastando as mulheres pelos cabelos.
A hipocrisia é o cimento da civilização. Não fosse a hipocrisia, não haveria telefones celulares, DVDs ou batatinha frita.
A hipocrisia é preciosa em quase todos os momentos importantes da vida. Um homem e uma mulher interessam-se um pelo outro, por exemplo.
O caminho que traçam é pontilhado de radiosas hipocrisias e pequenas e belas mentiras. Nenhum homem vai dizer que seu objetivo com aquela conversinha de que ela é especial e bibibi, é fazer sexo e sexo e mais:
sexo. Nenhuma mulher vai admitir que seu objetivo ao entrar naquela minissaia minúscula e bronzear o corpo todo, mas todinho, é arranjar um homem com quem casar e ter filhos.
Não. Durante o ritual de acasalamento, homens e mulheres insinuam meias verdades e meias mentiras, acenam com meias promessas que nem sempre vão se cumprir, e nem precisa: foram só promessas pela metade.
Lula, Yeda e Fogaça, não. Nenhum deles insinuou que poderia não estar dizendo a verdade inteira. Os três foram definitivos. Era a verdade sem retoques. Pronto.
Perguntado pela repórter Dione Kuhn se iria trocar de partido, Fogaça não se conteve em responder que não. Ele qualificou o seu não como o não absoluto. Um dos maiores nãos já proferidos. O não total.
- O não é não - sentenciou. - Não existem análises filosóficas, subjetivas, sobre o não. Não é não.
Como se sabe, Fogaça trocou de partido. Seu não não era não.
Já Yeda, em campanha, dizia que o aumento de impostos era "o velho jeito de governar". Eleita, propôs aumento de impostos. Quer dizer: está governando do jeito velho.
Lula ainda fez uma rápida concessão ao cinismo. Ele, que na oposição era contra a CPMF, transformado em situação explicou ter "mudado de idéia", e apregoou ser isso uma espécie de evolução. Seria, se a CPMF de fato se tratasse de uma idéia. Não é. Não passa de um conceito. E, grave, foi sobre a idéia que existe atrás do conceito que Lula mentiu.
São essas mentiras, as que não contemplam concessão à hipocrisia, que fazem mal à política brasileira. Nossos governantes deveriam ter a hipocrisia em mente quando nos fossem enganar.
Deveriam saber que nós, brasileiros, toleramos a mentira e às vezes até nos afeiçoamos a ela - só gostamos de saber que quem nos engana ao menos tenta parecer que não está nos enganando. Porque aturamos ser otários. Mas detestamos parecer que somos otários.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário