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quinta-feira, 11 de outubro de 2007
11 de outubro de 2007
N° 15390 - Nilson Souza
As pedras de Salvador
Passei uma semana em Salvador, cidade cheia (mas cheia mesmo) de gente e de história. São mais de 3 milhões de habitantes, um verdadeiro formigueiro humano. Fiquei verdadeiramente perplexo com a quantidade de pessoas que habitam e circulam pela terceira capital mais populosa do país.
E o espantoso é que aquela multidão se espreme, mas passa sem estresse pelas ruelas estreitas, pelas ladeiras seculares e pelas portas de todas as igrejas. O que não falta é religiosidade. A melhor definição do tipo local saiu da letra de uma canção e caiu no gosto do povo:
- O baiano tem Deus no coração e o diabo nos quadris.
Nada mais preciso. São centenas de templos, capelas e centros religiosos. Todos os santos e todos os orixás convivem em total harmonia. Tive a oportunidade de acompanhar um espetáculo fascinante no Pelourinho. Foi uma apresentação do Balé Folclórico da Bahia - cantigas de candomblé, dança afro e acrobacias de tirar o fôlego.
Jovens bailarinos revezam-se num balé sensual e alucinante, que inclui homenagens aos principais orixás, um número impressionante de dança do fogo e saltos mortais de dar inveja a Daiane dos Santos.
Tudo isso tendo como fundo musical o batuque dos tambores e as vozes melodiosas de duas cantoras negras, que intercalam gritos ancestrais saídos do coração da África e belas canções de Caymmi.
Conheci a praia de Itapuã, a lagoa de Abaeté, Amaralina, o Mercado Modelo, a Baixa do Sapateiro e outros lugares que a inspirada música baiana levou ao conhecimento do Brasil.
O que mais me impressionou nesse Estado onde o Brasil começou foi exatamente o espírito pacífico e divertido de sua gente. O baiano, ao contrário do estereótipo, trabalha muito, mas não se estressa. Claro que não se pode rotular uma população inteira.
Outra coisa interessante é a divisão da população local, não apenas entre Bahia e Vitória (o Já ia e o Vicetória, na provocação do torcedor), que andam pela terceira e segunda divisão do futebol brasileiro, mas também entre os Carlistas e os anti-ACM.
Para uns, o falecido senador era tão amado que já deveria ter ingressado no panteão dos orixás. Para outros, o apelido de Malvadeza era até elogioso demais.
Mas a política e o futebol ficam em segundo plano quando os baianos falam de sua história, que é uma parte importante da história do país.
Eu mesmo tratei de tirar uma foto ao lado do monumento ao meu ancestral, Tomé de Souza, fundador da cidade. Fiz o mesmo com uma estátua de Irmã Dulce, que deixou uma obra social maravilhosa.
As pedras de Salvador são registros indeléveis de uma história absolutamente fantástica, escrita pelas armas e pela fé, por conquistadores e santos.
Well, ainda que com chuva, muita chuva... segundo a meteorologia, que tenhamos todos uma ótima quinta-feira e um excelente feriado.
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