segunda-feira, 21 de novembro de 2022


21 DE NOVEMBRO DE 2022
PRIMEIRO BRASILEIRO

Goldfajn é eleito para a presidência do BID

Pela primeira vez na história, um brasileiro vai presidir o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com sede em Washington, nos Estados Unidos. Em eleição realizada no final de semana, o ex-presidente do Banco Central Ilan Goldfajn foi eleito com folga para mandato de cinco anos. Sua posse está marcada para o dia 19 de dezembro.

Ele foi indicado pelo governo de Jair Bolsonaro (PL). "Pela primeira vez na história, o BID será presidido por um brasileiro", comemorou a atual gestão do Ministério da Economia, em nota publicada nas redes sociais após a divulgação do resultado.

Durante o processo, uma ala do PT atuou para adiar a eleição, com o argumento de que seria de "bom tom" dar ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, a chance de apresentar candidato próprio. A articulação, que chegou a envolver o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, foi rejeitada pelos demais membros do BID.

Ontem, o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, foi às redes sociais para parabenizar Goldfajn, também em nome de Lula. "Parabenizo o novo presidente Ilan Goldfajn pela vitória e, em nome do presidente Lula, reforço a disposição do Brasil em estreitar os laços com o banco pelo desenvolvimento econômico e social da nossa região", escreveu Alckmin.

Ilan conseguiu a vitória ainda em primeiro turno, com o apoio de 17 membros regionais e de outros nove países de fora da região. Esses são os dois critérios exigidos para a vitória. Juntos, os membros que votaram a favor do candidato brasileiro detêm 80% do capital social do banco.

Para ser eleito, o candidato precisaria ter mais de 50% dos votos. Além disso, o Brasil conseguiu o apoio de 17 dos 28 países membros "mutuários" e "regionais não mutuários", grupo que inclui os Estados Unidos e o Canadá. Neste quesito, também se superou. A exigência no regulamento é o consenso de ao menos 15 membros.

Carreira

Presidente do Banco Central durante o governo de Michel Temer (MDB), entre 2016 e 2019, Ilan, de 56 anos, já havia atuado como diretor de Política Econômica da instituição. Ele chefiou ainda o departamento de economia do Itaú Unibanco, maior banco privado da América Latina, e mais recentemente ocupava o posto de diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o Hemisfério Ocidental - do qual se licenciou para concorrer ao BID.

O Banco Interamericano de Desenvolvimento foi fundado em 1959 por países da América Latina, com liderança do Brasil, durante o governo do presidente Juscelino Kubitschek. O objetivo era dar mais espaço à região e às suas necessidades de financiamento e desenvolvimento, uma vez que organismos como o FMI e o Banco Mundial, tradicionalmente, sempre foram liderados por Estados Unidos e países da Europa.

Ilan vai substituir Mauricio Claver-Carone, que acabou sendo demitido do BID após investigação mostrar o seu envolvimento com uma funcionária do banco. Até sua posse, haverá um período de transição em conjunto com a presidente interina do banco, Reina Irene Mejía. 

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