terça-feira, 15 de novembro de 2022


OPINIÃO DA RBS

PRIORIDADE CERTA

O governador reeleito Eduardo Leite tem reiterado em suas primeiras manifestações após sagrar-se vitorioso nas urnas que a prioridade em seu segundo mandato será a educação. Melhorar o ensino tem sido uma promessa repetida de todo candidato ao Palácio Piratini nas últimas décadas, mas a realidade mostra progressos insuficientes em relação aos desafios do Estado. E o quadro, como é notório, agravou-se com a pandemia, tornando a busca pelo avanço nos indicadores ainda mais complexa.

O próprio Leite admite que, em seu primeiro governo, não conseguiu dar a devida celeridade a reformas e melhorias na infraestrutura de um grande número de escolas para propiciar condições dignas aos estudantes. Deficiências na rede elétrica, parte hidráulica e refeitórios, apenas para dar alguns exemplos, prejudicavam ou inviabilizavam atividades. O então governador foi cobrado por isso neste espaço. Afinal, existiam os recursos, mas a burocracia impedia que as obras fossem realizadas. Mesmo durante o longo período da rede estadual fechada não se logrou êxito em sanar estes problemas. Quando as aulas presenciais foram retomadas, em muitos casos, a estrutura física atrapalhava o retorno.

Leite, agora, sustenta que fará uma reorganização interna nas secretarias de Educação e Obras para tornar possível uma velocidade maior na elaboração de projetos e na execução das reformas. O Estado passou por longos anos em gravíssima crise financeira, com escassos recursos. Uma parte da capacidade de investimento foi recuperada graças a reformas e privatizações, mas as engrenagens para aplicar as verbas em obras permaneceram enferrujadas.

Atingir essa meta conversa com os outros objetivos na área da educação referidos por Leite. Entre eles, a meritória meta de chegar a 50% das escolas de Ensino Médio com turno integral. Atividades extras oferecidas no contraturno exigem a qualificação de refeitórios, quadras esportivas e outros espaços. Essa readequação, junto a iniciativas pedagógicas e de avaliação da aprendizagem da própria pasta, torna mais factível outros compromissos assumidos, como o de melhorar o desempenho do Estado no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). É inadiável, ainda, se adiantar a um possível apagão de professores e, nesse sentido, vai na direção correta a proposta de criar um programa de bolsas de estudo para cursos de licenciaturas em universidades do Estado, que inclui uma bolsa de R$ 800 mensais por aluno.

Ao longo de 2022, o Rio Grande do Sul ganhou um grande aliado para perseguir uma reviravolta nos índices. Foi o Pacto pela Educação, uma mobilização colaborativa da sociedade civil, formada especialmente por pessoas físicas, que já formulou propostas para várias frentes, como conectividade das escolas, valorização e formação continuada de professores e infraestrutura, entre outros vários pontos. Em setembro, o movimento definiu que, após as eleições, promoveria um encontro para consolidar um documento com as ideias que seriam levadas ao governador eleito.

Com o comprometimento do Executivo e o engajamento da sociedade civil, o Estado reúne melhores condições de ter sucesso em proporcionar uma educação à altura das exigências do futuro próximo. A transição demográfica que o Brasil enfrenta é ainda mais acelerada no Rio Grande do Sul, com o envelhecimento da população ocorrendo antes da média nacional. Como mostra a experiência dos países desenvolvidos, contornar essa situação depende essencialmente de elevar a produtividade do trabalho em todas as áreas. A chave para alcançar esse propósito é a educação.

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