sábado, 19 de novembro de 2022


19 DE NOVEMBRO DE 2022
OPINIÃO DA RBS

A RECUPERAÇÃO DO EMPREGO CONTINUA

Alenta constatar que o desemprego segue em queda no Rio Grande do Sul e no país. No Estado, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa encerrou o terceiro trimestre de 2022 em 6%, uma retração de 0,3 ponto percentual ante o intervalo de três meses imediatamente anterior e 2,4 pontos abaixo de um ano atrás. É um sinal de que, a despeito das turbulências políticas internas resultantes das eleições e da instabilidade internacional, a economia segue se reorganizando após o período mais duro da pandemia.

A taxa gaúcha está abaixo da média nacional, de 8,7%. Anima ainda o dado mostrado pelo IBGE apontando que a informalidade no Estado segue sendo reduzida, indicador de uma ocupação mais qualificada dos trabalhadores, com carteira assinada ou sob um CNPJ. Um dos pontos interessantes a ser observado é o de que o desempenho ocorre a despeito da forte retração do PIB do Rio Grande do Sul no ano. O nível de atividade no Estado recuou 8,4% no primeiro semestre, conforme o apurado pelo Departamento de Economia e Estatística, órgão vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão do governo gaúcho.

Era amplamente esperado que o resultado da economia gaúcha em 2022 seria afetado pela severa estiagem do último verão. Como a agropecuária tem grande peso no PIB do Rio Grande do Sul, as perdas elevadas nas lavouras, especialmente nas de soja, levaram a atividade para o campo negativo, como ocorre normalmente em anos de seca forte. Mesmo assim, os demais setores, felizmente, mostram resiliência e seguem avançando. Os números do emprego de julho a setembro, na comparação com abril a junho, são ilustrativos. Indústria de transformação (56 mil postos), construção civil (26 mil) e comércio (18 mil) seguiram abrindo vagas, mais do que compensando a retração dos postos no setor rural (-13 mil).

São indicadores que corroboram observações feitas neste espaço dois meses atrás, quando foi divulgado o PIB gaúcho até junho. Em síntese, apesar de o número final da economia ser ruim, as fábricas seguem produzindo e com demanda, mais serviços são prestados e o comércio permanece em sua trajetória de elevação das vendas, em linha com a recuperação da economia nacional.

Além da queda do desemprego e da redução da informalidade, são positivas as informações sobre os ganhos das pessoas ocupadas. O rendimento médio real no Estado chegou a R$ 3.117, uma alta de 6,7% ante um ano atrás e de 7,2% sobre o segundo trimestre deste ano. É preciso lembrar que, mesmo com os níveis de ocupação melhorando nos últimos meses, os ganhos dos trabalhadores estavam em queda, uma realidade altamente desafiadora para a população diante de um período de inflação persistente.

O fato é que o Rio Grande do Sul, com a taxa de 6%, teve o menor nível de desemprego desde 2015. Se o clima ajudar a colher uma boa safra de verão, há espaço para mais vagas serem abertas a partir do próximo ano. O Estado, no entanto, não é uma ilha e também depende do quadro da economia nacional. Assim, deseja-se que o novo governo federal acerte o passo, especialmente em relação à sustentabilidade das contas públicas, para injetar confiança nos consumidores, empresários e investidores, gerando reflexos positivos na atividade e no mercado de trabalho.

 Jornalista e membro do Conselho Editorial da RBS - CONSELHO EDITORIAL RICARDO GANDOUR

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