segunda-feira, 18 de abril de 2022


18 DE ABRIL DE 2022
CÍNTIA MOSCOVICH

A trajetória de Isaac Pechansky e uma oficina

Aos 95 anos, com seis décadas de atuação profissional e larga experiência clínica, a história do médico psicanalista Isaac Pechansky literalmente se confunde com a história do movimento psicanalítico do Rio Grande do Sul. No livro Da Psiquiatria à Psicanálise: uma Trajetória de Ensino e Aprendizagem (Território das Artes), volume recém-lançado, Pechansky reúne alguns de seus trabalhos mais significativos naquele que é, desde já, um dos documentos fundamentais da história da medicina no Estado.

Apresentado pelo psicanalista Cláudio Laks Eizirik, o livro de Pechansky se detém em vários aspectos das relações entre a psiquiatria e a psicanálise em nosso meio, relembrando que, em 1944, o psiquiatra Mário Martins e sua mulher Zaira de Bittencourt Martins partiram rumo a Buenos Aires para iniciar a formação psicanalítica - a capital portenha era, então, a meca da área. Pechansky relembra que foi só em 1957 que se fundou o primeiro Centro de Estudos Psicanalíticos de Porto Alegre, com a participação, entre outros, de Paulo Guedes, David Zimmermann e Cyro Martins (autor da formidável Trilogia do Gaúcho a Pé). Pechansky relembra nomes que viriam a fundar, na Faculdade de Medicina de Porto Alegre, o primeiro curso de Especialização em Psiquiatria, capitaneado por Guedes e Zimmerman. 

Alunos do curso marcaram época, como o próprio Pechansky, Ellis Busnello, Romualdo Romanowski e Moisés Roitman, entre outros - e elencar esses nomes é perpetuar a memória de um feito formidável.

Com um estilo direto e coloquial, como bem enfatiza Eizerik, o livro passeia por temas variados. Os primeiros capítulos são dedicados a dois casos em que, ainda na década de 1950, esquizofrênicos jovens são tratados com terapia ocupacional. Isaac também tece considerações sobre a psicoterapia em indivíduos idosos, quando então a idade nem sempre é aliada. Freudiano, Pechansky também elabora a importância da identificação e projeção, um ensaio sobre o mito de Lilith, além de quatro ensaios sobre psicanálise e arte.

O projeto gráfico de Liana Timm utiliza as imagens da mulher de Isaac, a artista plástica Clara Pechansky. É um belo diálogo, no qual o trabalho do casal, como na vida, se une à perfeição.

Aviso: estão abertas as inscrições para minha Oficina do Subtexto. As aulas se iniciam no dia 10 maio. Informações através do email oficinasubtexto@gmail.com. Vamos?

CÍNTIA MOSCOVICH

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