03 DE JANEIRO DE 2019
+ ECONOMIA
GUEDES FAZ AFAGOS E LEVE CHANTAGEM
Em discurso de improviso, com apoio de um papelzinho em que anotou tópicos para não esquecer e quase perdendo um no final , o ministro a Economia, Paulo Guedes, confirmou ontem que a reforma da Previdência é sua primeira e maior prioridade. Em frente ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fez um afago e uma leve chantagem ao Congresso: avisou que, caso a reforma não passe, a alternativa será desindexar e desvincular o Orçamento. Nesse caso, a responsabilidade de definir onde cortar será dos parlamentares.
Também reiterou que haverá uma "enxurrada de notícias" nos próximos 30 dias. São as medidas infraconstitucionais, inclusive na área da Previdência, que vão desregulamentar e desburocratizar a atividade econômica. Embora o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, tenha mencionado um "pacote de 50 medidas", o mais provável é que as mudanças venham em doses homeopáticas.
Um dos objetivos é saciar a sede de novidades que cerca o novo governo enquanto não há consenso sobre o modelo da reforma. Além da Previdência, completam o tripé de Guedes a privatização - "acelerada", qualificou - e a simplificação tributária:
- A despesa previdenciária é o primeiro e maior desafio a ser enfrentado. Se for bem sucedido esse enfrentamento, dois a três meses à frente o Brasil terá 10 anos de crescimento sustentável.
Também deu recados aos "privilegiados". Afirmou que, com a contenção do gasto público - chegou a falar em 30% de cortes em cargos comissionados -, acaba a asfixia de recursos para saúde, educação e cidadania:
- O Brasil deixará de ser o paraíso dos rentistas e o inferno dos empreendedores. A Previdência é uma fábrica de desigualdades. Quem legisla tem as maiores aposentadorias, quem julga tem as maiores aposentadorias, e o povo brasileiro, as menores.
MAR DE ALMIRANTE
As ações da Eletrobras saltaram 20,7% ontem e puxaram a alta de 3,56% da bolsa. Desafiando o mau humor externo, a bolsa abriu em alta, acelerada após o almirante Bento Costa Lima de Albuquerque Junior, novo ministro de Minas e Energia, surpreender na transmissão do cargo e falar em manter a "capitalização da Eletrobras". Na campanha, o então candidato Jair Bolsonaro afirmara que seus conselheiros militares eram contrários à venda do setor de geração de energia elétrica.
Ao usar a palavra "capitalização" em vez de "privatização", o almirante deixou margem a dúvida, mas animou o mercado financeiro porque, afinal, haverá venda de ações. Também foi bem recebido o convite para que Wilson Ferreira Júnior, atual presidente da Eletrobras, permaneça no cargo. Ferreira é um defensor da privatização da companhia. A venda de ações é considerada a única forma de sobrevivência para a estatal, que tem dívida estimada em R$ 45 bilhões, portanto é considerada virtualmente quebrada.
MARTA SFREDO
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