09 de maio de 2008
N° 15596 - Paulo Sant'ana
Salário unilateral
Fui defender os carroceiros a pedido do Mário Marcos de Souza e estou levando relhaços por todos os lados.
Os e-mails estão me surrando como se eu fosse cavalo de carroceiro.
E só não existem mais protestos contra os carroceiros por causa dos engarrafamentos: está provado que carro engarrafa mais do que carroça.
Essas carroças estão me incomodando mais que as bactérias e os pitbulls.
Como o problema penitenciário (falta de vagas) está no cerne da questão penal e da criminalidade no Brasil, ele agora se intromete no caso do assassinato da menina Isabella em São Paulo.
Recolhida à prisão feminina do Carandiru, a ré Anna Carolina Jatobá está sendo hostilizada com um enorme cartaz que foi colocado no pátio pelas detentas, chamando-a de assassina maldita e saudando a memória da menina Isabella.
Ou seja, correrá perigo de vida a ré do caso Isabella se não for isolada das demais presas. E o mesmo acontecerá com seu marido no presídio a que for destinado.
É necessário o máximo cuidado com a segurança pessoal dos dois réus. Isso se exige para qualquer preso, muito mais para aqueles que tiveram clamor público intenso contra si.
Só o que faltava para tornar ainda mais grave essa tragédia é que algum dos dois réus morresse por assassinato na prisão.
O vice-governador Paulo Feijó tem a mesma opinião dos empresários gaúchos sobre o reajuste do salário mínimo regional concedido pelo governo do Estado, superior a 10,62%: "Vai causar desemprego e informalidade.
O governo dá aumento para a carteira alheia pagar. Como é que não concede o mesmo reajuste para os professores, para os técnico-científicos, para os policiais?".
Tem inteira razão o vice-governador. O aumento foi excessivo. Esse reajuste tem de ser considerado sob o prisma do equilíbrio salarial, levando em conta também o reajuste do salário mínimo nacional, não podendo se afastar em demasia desse índice, caso contrário, em 10 anos o Rio Grande do Sul dispara em salário mínimo, causando um desarranjo econômico dentro das nossas fronteiras.
Não me venha alguém considerar que este colunista é contra os trabalhadores. Este salário mínimo regional é muito, talvez tudo, obra deste colunista.
A norma legal federal, ao tempo do governo Fernando Henrique, autorizou aos Estados que, se assim decidissem os governos, instituíssem o salário mínimo estadual.
A norma ficou dormindo na gaveta, quando este colunista sugeriu várias vezes que o governo Olívio Dutra instituísse o modelo.
E foi instituído. Então muito influí para isso.
Ora, se o governo estadual arrocha os salários dos seus servidores em severidade máxima, não reajustando centenas de milhares de servidores estaduais com nenhum tostão, como pode ser tão liberal assim com o salário mínimo regional, que é pago pelos empregadores?
Tem gente aí que não é empresário rico, pelo contrário, é empresário pobre. Como as centenas de milhares de gaúchos que empregam domésticas. E que aos poucos vão ser obrigados a demitir suas empregadas pelo fato de o governo estadual estar usando de excessiva benemerência.
Tem de pensar também no empregador. E no próprio empregado, se for demitido porque o empregador não tem recursos para pagar seu salário.
Além disso, num autoritarismo condenável, o governo estadual só convidou as entidades sindicais representantes dos empregados para discutir o reajuste do novo piso estadual.
Ignorou completamente as entidades empresariais, não as convidando para a discussão.
Isso é um despotismo desclassificador de sua autoria.
E não me venham dizer que eu sou contra os trabalhadores: fui eu que influí decisivamente para a instalação desse mínimo regional, que não existe na maioria dos Estados, através desta coluna, com a assinatura sensível e inteligente do então governador Olívio Dutra.
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