segunda-feira, 24 de março de 2008


Jaime CImenti

Páscoa, homens, mulheres e liberdade

Tenho um óleo sobre tela do Fernando Baril intitulado Com coelhos na cabeça - Páscoa 2000. Sobre um fundo cor de telha, avermelhado, há um coelho e, na barriga dele, uma cabeça e um pescoço de mulher jovem e bonita. Sobre o rosto estão mais dois rostos, feito máscaras sobrepostas.

Páscoa, ressurreição, fuga dos hebreus do Egito, ovo, novas vidas, novas caras, tela do Baril, tudo a ver. Mulheres, minorias, escravos e outros grupos, durante milênios, viveram com menos direitos (às vezes com quase nenhum), subjugados por pessoas e grupos dominantes, reis, imperadores, ditadores etc.

Nos últimos séculos, as coisas mudaram muito. E rápido. No século XX, em especial, as mulheres e algumas minorias, no embalo do feminismo, da pílula anticoncepcional e da revolução sexual, conquistaram importantes e merecidos espaços.

Se houve exageros e autoritarismos de alguns e excesso de sutiãs queimados, isso ficou ou deve ficar na História. A lei da gravidade continua, sabe como é. No início deste século XXI estou aí, fechando com Camile Paglia e outras pessoas pós-feministas.

Acho que é hora - e sempre deve ser - de diálogo, entendimento, liberdade, prazer e paz. Ninguém deve ser melhor ou superior a ninguém. Diferentes todos somos. E isso é bom, rico e saudável.

Tirando os dez mandamentos (ainda bem que Moisés, dizem, conseguiu que fossem só dez) e outras regras básicas de convívio universal, acho que as pessoas não têm a menor obrigação de ficar aceitando ditaduras, regras religiosas, ideológicas, comportamentais e outras.

Devemos ser livres para pensar, acreditar, criar, agir, vestir e andar ou parar por aí, sem invadir indevidamente a praia do vizinho. Não é fácil, não é? Nunca foi. Mas tem de tentar. Tentativa eterna.

O ser humano e as relações sociais, econômicas e culturais e outras sempre foram complicadinhos e agora parecem que são ainda mais. Mas sempre é tempo de pensar em novos horizontes, novas chances de pessoas e de mundo melhores. Não, não estou falando de utopias e de sonhos e desbundes tipo safra 1968.

Estou falando de Páscoa 2008, dessa luz maravilhosa de outono e de atitudes e coisas concretas, pequenas e grandes, públicas ou anônimas, que a gente vai construindo com esperança, paciência e humor, sem se submeter a reizinhos, ditadorezinhos e líderes 171 que estão aí se achando e se sentindo, pensando que somos bobos.

Bobos são eles que não enxergam que a História, o Tempo e o Povo não são nada bobos. (Jaime Cimenti)

Ótima segunda-feira e uma excelente semana.

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