Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
domingo, 7 de outubro de 2007
Xico Sá
O seu orgulho não vale nada
Somente um chifre, como é vulgarmente batizado o incômodo adereço das nossas frontes, humaniza um macho
Embora o ato de pular a cerca se constitua em um dos principais esportes masculinos, o pânico diante da possibilidade de ser traído tira o sono, a concentração, o prumo, é capaz de cegar um homem e fazê-lo um monstro, um animal paranóico ruminando o capim do ciúme.
Mas não podemos nos esquecer, moços, pobre moços da canção de Lupicínio, que somente um chifre, como é vulgarmente batizado o incômodo adereço das nossas frontes, humaniza um macho _faz dele uma criatura menos arrogante, menos tosca, mais meiga e sensível para futuras histórias.
Motivo de tragédias e canções, o tema da traição, no banquete filosófico do botequim, muitas vezes ganha tintas humorísticas. Amigo provocando amigo ou narrando infortúnios alheios.
Momento adequado para uma antologia de frases e ditos populares machistas: “Chifre é coisa de homem, o boi usa de enxerido”; “Um homem sem um chifre é um animal desprotegido” etc. etc. No bar, aliás, está um dos personagens que mais entende do assunto: sua excelência o garçom.
É no ombro dele que muitos de nós choramos como vira-lata abandonado até pelas próprias pulgas. É o garçom também a testemunha ocular de novos flertes e enlaces que representam o fulgor de uns e a desgraça de outros.
O bom garçom, aliás, sente de longe o drama de um sujeito maltratado pelo destino amoroso. Você não precisa nem dizer nada. Quando a vida dói, drinque caubói, parece recitar o gravatinha enquanto serve o seu bourbon ao amigo sem rumo.
Para os moços, pobre moços, o pior da traição é que as pessoas do seu convívio, principalmente os outros homens, tomem conhecimento. Se o algoz for alguém próximo, da mesma rua, do mesmo bairro, da mesma firma...
É o fim do mundo. Se o algoz for seu concorrente direto, meu Deus, tirem as armas do seu alcance. É, amigo, é o velho ego de macho que não tolera rachaduras.
Às vezes está morrendo de amor e vontade de voltar para a ex. Não volta por questão de honra, fera ferida, o medo do homem diante do olhar dos amigos, dos vizinhos, do colega de trabalho.
Mal sabem eles que esse orgulho não vale uma canção triste e sofrida de Leonardo Cohen, do Chico ou do Roberto!
Xico Sá é colunista da Folha
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