sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013


Jaime Cimenti

Carnaval 2013

Este Carnaval de 2013 teve as muitas coisas previsíveis de sempre: mais afrouxamento das regras morais, já bem frouxas, claro, o ano todo, mas no carná, mais soltas ainda, com danças, trejeitos, cantos e fantasias, pouquíssima roupa, muita bebida y otras cositas mas. Bafômetro e tolerância zero deram uma segurada, centenas estão aí pendurados, mas mortos demais no trânsito, de novo, deixam a ressaca mais amarga.

Houve retiro espiritual para alguns poucos, que preferiram orar, silenciar e ouvir o som do silêncio, o canto dos pássaros e as palavras do vento e das folhas, ao invés dos sons eletrônicos, bate-estaca do tríduo e baticumbum momesco.

Dois acontecimentos marcaram a festa e fizeram a alegria dos jornalistas. As máscaras com o rosto do circunspecto ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal, foram as mais vendidas, e o estoque de 25 mil delas logo se esgotou.

Não me lembro de ministro do STF tão popular, ao menos aqui no Brasil. Algumas pesquisas mostram a vontade de muitos eleitores de vê-lo na Presidência da República. STF e Carnaval, em princípio, não têm nada a ver, mas não deixa de ser simpático ver que não somente políticos, artistas e outras celebridades podem servir de modelo para máscaras de Carnaval.

É o império da lei em meio ao aparente vale-tudo do Carnaval. É o desejo nacional de caras novas.   Joaquim Barbosa segue, impávido, na ativa, tentando colocar ordem no recinto. Já o Papa Bento XVI aproveitou o Carnaval para dizer que está cansado e que vai se aposentar, tirar o anel do pescador, bem como manda o figurino. Está difícil colocar ordem naquele recinto.

Ele está descontente com as divisões internas na Igreja, prefere mudar-se para o convento Mater Ecclesiae, numa zona separada dos jardins do Vaticano, onde vivem freiras enclausuradas. Vamos ver se ele vai ficar quietinho ou se vai seguir exercendo autoridade e dando palpites sobre assuntos importantes. O tempo dirá. Alguém sugeriu para ele voltar para a Baviera, relembrar a infância e tal. Não rolou.

Pois é, além da tragédia de Santa Maria, as folias dos dias de Momo, desta vez, pularam junto com os outros dois acontecimentos conspícuos. Melhor nem dizer que não se fazem mais carnavais como antigamente, que aí periga alguém me enviar para meus aposentos, em ociosidade digna, tipo assim, enclausurado. Menos, né?

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