terça-feira, 31 de julho de 2012



31 de julho de 2012 | N° 17147
PAULO SANT'ANA

Onde está a minha veia

Sou atualmente o maior cliente de clínicas radiológicas e de laboratórios de análises clínicas do Rio Grande.

Em matéria de exames radiológicos, tenho batido todos os recordes: raios-x, ressonância magnética, ecografia etc., já fiz tudo que há no derredor desses exames.

Só tenho tido um problema: para ser submetido à ressonância magnética, exigem-me que se insira em minha veia do braço um tal de contraste.

Amigos, vou lhes contar... As técnicas em enfermagem e até mesmo as enfermeiras vêm com as seringas para localizar a minha veia e a seguir injetar o contraste.

Cravam a agulha e não acham a veia. Cravam novamente a agulha e não acham a veia.

Estabelece-se o caos na sala da clínica. Mandam chamar lá no hospital uma enfermeira que, dizem, já fura veias há 25 anos.

Chega a enfermeira célebre e tenta encontrar a minha veia. Não encontra. Então ela passa a fazer o que todas elas fazem em meu braço: ou cravam novamente a agulha ou, depois de a cravarem, ficam torcendo a agulha dentro do meu braço, escarafunchando meu braço à procura da veia.

A dor que sinto é insuportável, até que, depois de 50 minutos de perfurações acompanhadas de dores lancinantes, eu ou elas desistimos.

E eu vou embora sem contraste, sem ressonância, sem esperança e com meu time sem goleiro ainda por cima, apenas com uma sugestão do radiologista, médico que a toda essa tragédia assiste lá de dentro de outra sala, isto é, alheio ao caos que se desenvolve na sala onde tudo se decide, isto é, se decidia: sugere o médico que então eu substitua a ressonância por uma ecografia, muito mais delicada e humana que o outro método.

Mas o médico não garante que a ecografia tenha a mesma eficiência procurante da ressonância.

E aqui estou jazendo na cama de minha casa com o braço dilacerado de tantas fincadas.

Dizem que a civilização vem tendo progressos extraordinários.

Mas até agora ninguém inventou um método civilizado de tirar sangue para exame clínico.

A única maneira é cravar essas agulhas grossas na veia da gente, quando a encontram, porque em mim não encontram nunca a veia nervosamente procurada.

Outra coisa: quando estive no Japão, cravaram em mim uma agulha na veia, num hospital nipônico: e acharam a minha veia em poucos segundos.

A diferença é que as agulhas perfurantes no Japão são bem finas. Aqui no Brasil, pelo menos em toda a parte onde ando, as agulhas são grossas, parecem canos de esgoto.

Alguém pode me responder por que as agulhas do Japão são finas e as agulhas brasileiras são mais grossas que parafusos de patrola?

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