sexta-feira, 13 de julho de 2012



Tripla jornada feminina

Faz muito tempo que a mulher era só dona-de-casa e suas ocupações eram cuidar do marido, da casa, dos filhos, das refeições e de outras tarefas tradicionalmente femininas. Muitas mulheres até sentem falta de uma vida mais tranquila.  Especialmente depois dos movimentos feministas e da revolução sexual dos anos 60 do século passado e do aparecimento da pílula anticoncepcional, como se sabe, as coisas mudaram radicalmente.

Mulheres passaram a ter dupla jornada, trabalhando em casa e fora e, em muitos casos, até tripla ou quádrupla jornada, com mais de um emprego. Nos últimos anos, em tempos de algumas tendências pós-feministas, há uma busca de equilíbrio.

As mulheres buscam harmonizar suas múltiplas atividades e evitar as síndromes da mulher-maravilha e da mulher-polvo, aquelas que fazem milhões de coisas, no mesmo dia, em vários lugares e ainda por cima querem tudo perfeito.

O livro As equilibristas, da atriz, consultora em comunicação, palestrante, publicitária e diretora de teatro Bruna Gasgon é justamente sobre tudo isto e vem em bom momento. Bruna esclarece, já de início, e para tranquilizar as leitoras, que é impossível equilibrar, o tempo todo, casamento, filhos, trabalho dentro e fora de casa, numa jornada no mínimo tripla. Sua ideia é tirar a culpa e o fardo das mulheres e incentivar a evitar a famosa mania de perfeição.

Para a autora, a Mulher Equilibrista precisa parar de se cobrar tanto e necessita aceitar mais limites e imperfeições, que são inevitáveis. Ao mesmo tempo, Bruna faz questão de homenagear mulheres que conseguem se envolver até com a chamada quarta jornada, que é, por exemplo, o tempo dedicado ao trabalho voluntário e aos temas da cidadania, como fazem Viviane Senna e Lucinha Araújo, mãe do saudoso cantor e compositor Cazuza, para citar apenas dois casos conhecidos.

No capítulo 10, a obra traz uma “absurda” cronologia do direito feminino, cobrindo o período que vai desde 1792, na Inglaterra feminista, até 2006 no Brasil, com a Lei Maria da Penha, passando também pela aprovação, pela OIT, do direito de remuneração igual para homens e mulheres. A obra traz o texto da Lei Maria da Penha e uma entrevista com Maria, a mulher e ativista que deu origem à Lei.

Na conclusão, Bruna fala, com bom humor, do grande defeito da mulher: ela se esquece de quanto vale. Com abordagem moderna e picante, o livro ajuda a melhorar a vida e a convivência de todos. Jardim dos Livros, R$ 19,90, www.geracaoeditorial.com.br.

Jaime Cimenti

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