Alerta de feminicídios nos feriados de fim de ano
A secretária estadual da Mulher, Fábia Richter, alertou na quarta-feira para o risco de aumento de feminicídios e violência doméstica nas celebrações de final de ano.
A advertência, feita durante participação no programa Conversas Cruzadas, de GZH, deve-se aos feriados prolongados nessas datas. No feriado da Páscoa, em 2025, o Rio Grande do Sul chegou a registrar seis feminicídios na sexta-feira.
Os dois feriados prolongados no Natal e Réveillon são motivos para a secretaria estadual, segundo ela, ter lançado a campanha de combate à violência contra a mulher, que tem como slogan "Não maquie, denuncie".
- A mesma condição que tivemos na Páscoa, teremos no Natal e no Ano-Novo, feriado de cinco dias, de comemoração, em que a família se reúne, e pior, vai repetir na outra semana. Só que somos da área da saúde (a secretária é enfermeira de formação), assim como da segurança, sabemos que, depois de feriados prolongados, finais de semana, jogos de futebol, dá problema, aumentam os boletins de ocorrência - afirmou Fábia.
A secretária destacou como altos os custos desse fenômeno para as forças de segurança:
- O efetivo fica três horas a mais depois de jogos de várzea. Se perguntares ao comandante da BM da minha região, de Camaquã, ele vai te dizer: "Tenho de deixar meu efetivo mais três horas depois de um jogo de várzea, porque dá boletim de ocorrência".
Segundo Fábia, das 75 mulheres mortas em casos de feminicídios registrados no Estado pela secretaria em 2025, 70 não tinham medida protetiva. Com o caso do corpo de uma mulher encontrada em uma lixeira na zona norte da Capital, já são 76 registros neste ano.
Além da segurança - Fábia defende uma abordagem além do campo da segurança pública para reduzir o problema:
- Precisamos acolher mais, dar mais condições, tirar a mulher desta situação. As tornozeleiras são ótimas. Mas tenho dito que o Rio Grande do Sul é muito grande, diverso em termos de colonização, de economia, e até em relação ao que se bebe, porque o álcool está envolvido nisso. Temos de olhar para cada região e entender como se dialoga com isso.
Ela salientou a realidade, por exemplo, da mulher rural, como diferente da urbana.
- A mulher rural está a três quilômetros de um vizinho, o que dirá da polícia - pontuou.
Na tentativa de traçar o perfil social de vítimas, a secretária descobriu um fenômeno recente, a violência contra mulheres idosas:
- Uma mulher toda faceira, toda bonita, que costuma ir ao bailinho, que é aposentada e, podendo viajar, de repente, arruma um namorado, um pouco mais jovem. Ela para de andar arrumada, para de ir ao bailinho, e já não está tão feliz. O que está acontecendo? Ele está controlando o dinheiro dela e dizendo: "Tu não fazes isso...". Já identificamos como um problema porque já apareceu nos contatos de nossa rede. É um fato novo que vai aparecer com cada vez mais força.
No Brasil, em média quatro mulheres são mortas a cada 24 horas. Além da secretária, participaram do programa Letícia Mendes, repórter de GZH, a deputada estadual Luciana Genro (PSOL) e a promotora Luciana Cano Casarotto, da Vara de Feminicídios de Porto Alegre e vice-presidente da Associação do Ministério Público do RS. _
Chile vai às urnas dividido
Eleitores chilenos vão às urnas no domingo para escolher o próximo presidente do país. Os cidadãos terão duas opções distintas: Jeannette Jara, da coalizão de esquerda, e José Antonio Kast, da ultradireita, este último atual favorito nas pesquisas.
Esquerdista
Jeannette Jara, apoiada pelo atual presidente, Gabriel Boric, é membro da coalizão governamental. Aos 51 anos, é a primeira candidata comunista no Chile desde o retorno da democracia. Na campanha, prometeu aprofundar as reformas sociais, fortalecer a segurança pública sem recorrer à militarização e combater o crime organizado e o narcotráfico.
Em sua vida pública, foi deputada por dois mandatos, focando em temas como direitos humanos, cultura, educação e memória histórica. Atuou no governo Ricardo Lagos (2000 a 2006) e foi subsecretária de Previdência Social (2016-2018) no segundo mandato da presidente Michelle Bachelet.
Jeannette Jara retornou ao governo em 2022 como ministra do Trabalho e Previdência Social.
Ela propõe controlar as entradas no país por passagens clandestinas e realizar um censo de imigrantes indocumentados para identificar e expulsar aqueles com antecedentes criminais.
Direitista
José Antonio Kast, de 59 anos, representa o espectro político antagônico ao de Jara. Ultradireitista e de forte perfil conservador, já foi deputado em duas ocasiões e concorreu duas vezes à presidência do Chile. Nas eleições de 2021, chegou ao segundo turno, mas foi derrotado pelo atual presidente.
Kast defende medidas imigratórias mais rigorosas, como erguer um muro na fronteira com a Bolívia e mobilizar militares para conter entradas ilegais. Outra proposta é a expulsão de cerca de 340 mil imigrantes indocumentados que vivem no Chile.
Embora evite comentar publicamente sobre a ditadura chilena, no passado Kast já defendeu aspectos do legado do ditador Augusto Pinochet. Ele também se opõe ao aborto, ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e à discussão de identidade de gênero nas escolas. Na economia, defende um Estado mínimo, com redução de impostos e cortes nos gastos públicos. _
Negociações por mais um ano
Os presidentes Lula e Donald Trump têm mantido contato para trabalhar pelo fim da crise tarifária entre os Estados Unidos e o Brasil. Apesar dos avanços, a projeção da Federação de Entidades Empresariais do RS (Federasul) é de que as negociações ainda irão se estender por cerca de um ano.
Para o vice-presidente de Economia da entidade, Fernando Marchet, outros países despertam maior interesse econômico em Trump. No entanto, ele acredita que a crise será resolvida.
Atualmente, alguns produtos brasileiros importados pelos americanos chegam a ser sobretaxados em até 50%. Marchet avalia que as taxas não serão totalmente eliminadas:
- Será uma taxa agressiva? Acho que não. Esse tabuleiro de negociações internacionais ainda levará pelo menos mais um ano. _
Arquitetos da IA
A revista americana Time escolheu não uma, mas oito personalidades do ano em 2024. Trata-se dos "arquitetos da IA", e a capa mostra CEOs de grandes empresas de tecnologia, como Mark Zuckerberg (Meta), Lisa Su (AMD), Elon Musk (Tesla, SpaceX), Jensen Huang (Nvidia), Sam Altman (OpenAI) e Dario Amodei (Anthropic), além da cientista Fei-Fei Li, pioneira nas pesquisas em IA, e Demis Hassabis, líder do laboratório de IA do Google.
O anúncio foi feito ontem. Na imagem, gerada por IA, as "personalidades" estão sentadas em uma estrutura de aço no topo de um prédio. A obra faz referência à famosa foto tirada em 1932 de 11 operários descansando em cima de uma viga durante a construção do arranha-céu Rockefeller Plaza, em Nova York. _
Referência na defesa dos direitos humanos e conhecido pelo trabalho social junto à população vulnerável, o padre Júlio Lancellotti estará em Porto Alegre hoje para participar do mutirão PopRuaJud. Organizado pelo Judiciário, a iniciativa volta-se ao atendimento de pessoas em situação de rua.