sábado, 31 de outubro de 2009



01 de novembro de 2009
N° 16142 - MARTHA MEDEIROS


O último a lembrar de nós

REcentemente li Rimas da Vida e da Morte, do excelente Amós Oz, que narra os delírios de um escritor que, ao participar de um sarau literário, começa a olhar para cada desconhecido na plateia e a criar silenciosamente uma história fictícia para cada um deles, numa inspirada viagem mental. Lá pelas tantas, em determinado capítulo, o autor comenta algo que sempre me fez pensar: diz ele que a gente vive até o dia em que morre a última pessoa que lembra de nós.

Pode ser um filho, um neto, um bisneto ou um admirador, mas enquanto essa pessoa viver, mesmo a gente já tendo morrido, viveremos através da lembrança dele. Só quando essa pessoa morrer, a última que ainda lembra de nós, é que morreremos em definitivo, para sempre. Estaremos tão mortos como se nunca tivéssemos existido.

Pra minha sorte, tive poucas perdas realmente dolorosas. Perdi um querido amigo há mais de 20 anos, e perdi uma avó que era como uma segunda mãe. Lembro deles constantemente, sonho com eles, busco-os na minha memória, porque é a única homenagem possível: mantê-los vivos através do que recordo deles.

Daqui a 100 anos, ninguém mais se lembrará nem de um, nem de outro, eles não terão mais amigos, netos ou bisnetos vivos, eles estarão definitivamente mortos, e pensar nisso me dói como se eles fossem morrer de novo.

Aquele que compõe músicas, faz filmes, escreve livros, bate recordes ou é um Pelé, um Picasso, um Mozart, consegue uma imortalidade estendida, mas, ainda assim, será sempre lembrado por sua imagem pública, não mais a privada, não mais a lembrança da sua voz ao acordar, da risada, do bom humor ou do mau humor, não mais daquilo que lhe personificava na intimidade.

Serão póstumos, mas não farão mais falta na vida daqueles com quem compartilharam almoços, madrugadas, discussões, já que essas testemunhas também não estarão mais aqui.

Alguém me disse: se você acreditasse em reencarnação, nada disso te ocuparia a mente. De fato, não acredito, e mesmo que eu esteja enganada, de que me serve a eternidade sem poder comprová-la? Se sou um besouro reencarnado ou se já fui uma princesa egípcia, que diferença faz? Minha consciência é que me guia, não minhas abstrações. Sou quem sou, sou aquela que pode ser lembrada. Não me conforta ser uma especulação.

É provável que ainda não tenha nascido aquele que será o último a me recordar, a rever minhas fotos, a falar bem ou mal de mim. Nem tive netos ainda. Qual será a data de minha morte definitiva? Não será a do meu último suspiro, e sim a do último suspiro daquele que ainda me carrega na sua lembrança afetiva – ou no seu ódio por mim, já que o ódio igualmente mantém nossa sobrevivência. Cafajestes e assassinos também se mantêm vivos através daqueles que lhes temeram um dia.

Nessa véspera de Finados, queria fazer uma homenagem a ele: ao último ser humano a lembrar de nós, a ter saudade de nós, a recordar nosso jeito de caminhar, de resmungar, o último a guardar os casos que ouviu sobre nós e a reter nossa história particular.

O último a pronunciar nosso nome, a nos fazer elogios ou a discordar de nossas ideias. O último a permitir que habitássemos sua recordação. Bendita seja essa criatura, que ainda nos manterá vivos para muito além da vida.

Bendita seja essa criatura, que ainda nos manterá vivos para muito além da vida


01 de novembro de 2009
N° 16142- MOACYR SCLIAR


A tênue fronteira

No começo da minha trajetória como médico, vi muitas pessoas morrerem. Houve um óbito que me impressionou particularmente; ocorreu com uma mulher que estava em insuficiência renal avançada, já agônica.

Eu permanecia ali, junto ao leito, observando-a - já não havia mais nada a fazer - quando, de repente, ela empalideceu, soltou um fundo suspiro, e pronto, no instante seguinte, estava imóvel, morta. Naquela fração de segundo tinha atravessado a sempre tênue fronteira que separa a vida da morte. Já não estava entre nós.

Não preciso dizer que fiquei arrasado. Em parte. por causa do inevitável fracasso que espera a medicina nesta e em outras situações; médicos conseguem postergar o óbito, e têm feito isso com dedicação e com competência (basta ver como aumentou a expectativa de vida), mas, ao fim e ao cabo, a morte leva a melhor.

E a pergunta é: como lidamos com isso? A religião tem respostas categóricas: a morte é unicamente um rito de passagem; dá início à verdadeira e definitiva existência, no Céu, junto a Deus, ou no Inferno, onde os pecadores são transformados em churrasco eterno pelos demônios. Uma concepção que irrita muitas pessoas, sobretudo os intelectuais, e sobretudo os intelectuais de esquerda: semana passada lemos aqui em ZH uma entrevista de José Saramago protestanto contra a ideia da religião e da divindade.

É Saramago um pecador, um homem diabólico? Não, não é. Conheço-o há muitos anos e posso garantir que existem poucos escritores tão gentis, tão generosos como ele. Mas Saramago é teimoso, é cabeça dura, um comunista da velha cepa, que, contra a religião, continua desfraldando as antigas bandeiras ideológicas. Em alguma coisa a gente precisa se agarrar.

E de alguma maneira a gente precisa neutralizar a antevisão da morte. Observem que o Dia dos Finados é precedido pelo Dia de Todos os Santos. Ou seja: não apenas a um, mas a todos os santos, recorremos na véspera da data que para nós será penosa. Já os mexicanos preferem a celebração e o humor: eles têm a festa das “Calaveras”, na qual os esqueletos são as figuras principais, quer como desenhos, quer como disfarce.

“O mexicano”, dizia o grande escritor Octavio Paz, “brinca com a morte.” A ideia de encarar a morte como uma encenação explica também por que a gente pode ver filmes em que atores morrem aos montes: sabemos que aquilo não é verdade, que depois da filmagem cada uma daquelas pessoas foi para casa, convenientemente paga.

Alguém dirá: mas isto é assobiar no escuro, é negar o inevitável. Verdade. E aí a pergunta emerge: o que podemos dizer a nós mesmos para afastar o espectro que teimosamente nos persegue? Numa entrevista dada ao jornalista americano George S. Viereck, disse Sigmund Freud: “Vivi mais de 70 anos.

Tive o bastante para comer. Apreciei muitas coisas: a companhia de minha mulher, meus filhos, o pôr-do-sol. Observei as plantas crescerem na primavera. De vez em quando tive uma mão amiga para apertar. Vez ou outra encontrei um ser humano que quase me compreendeu. Que mais posso querer?”.

Estava Freud mentindo a si próprio? Estava desempenhando o papel que o mundo (ao menos o mundo psicanalítico) esperava dele, o papel de supremo guru? Pode ser. Não sabemos o que terá ele pensado, ou sentido, no momento do derradeiro suspiro, da palidez final. O que podemos fazer é falar ou escrever, é transformar nossa ansiedade em palavras.

As linhas acima são um exemplo disso.

Agradeço as belas mensagens de Guilherme A. Fraga, Hedi Luft, Telmo Kiguel, Simone L. Berti, Luiz Antonio Alves, Gilmar José Taufer, Rodrigo Rosa, Antonio A. P. Donato, Claudia Mayer, Maria Helena Rodrigues, Ney Machado, João Moreira, Claudio Ost, Maria Morales H. Dias, Renato Lampert, Ronaldo Sindermann.


01 de novembro de 2009
N° 16142 - VERISSIMO


Se

Se os portugueses tivessem sido postos a correr ou a nadar, no caso naquele 22 de abril, como seria o Brasil, hoje? A maioria da população seria de índios, e os descendentes dos poucos brancos que se animassem a vir depois do vexame português habitariam em terras demarcadas, em extremos remotos do país.

Nas reuniões de presidentes do Mercosul o brasileiro seria o único nu. Haveria vantagens e desvantagens em viver numa Pindorama: para começar pelo mais grave, nem você nem eu existiríamos. Devo ter sangue de índio, se a cara de alguns antepassados não estava mentindo, mas o resto é um coquetel do que veio: português, negro, alemão, italiano. Se existisse, eu estaria numa reserva.

Como seria se os holandeses tivessem derrotado os portugueses e colonizado todo o Brasil?

Para começar, nossos padrões de beleza seriam completamente outros. Em vez de morenas, nossas mulheres seriam loiras de cabelo escorrido, e a brasileira mais conhecida no mundo seria alguma longilínea do tipo nórdico, chamada Gisele ou coisa parecida. Nem dá para imaginar.

Como seria se os franceses tivessem conseguido consolidar a sua civilização subequatorial por aqui? Sei não, talvez a comida não melhorasse tanto assim – também come-se mal na França, e vá encontrar uma boa feijoada com couve e torresmo –, mas quem nos assegura que hoje não teríamos uma Carla Bruni no Alvorada, congressistas que ficassem em seus lugares em vez de se aglomerarem na frente da mesa, na Câmara, um serviço público muito melhor e pelo menos mais quatro feriados nacionais (Dia da Bastilha, Dia do Armistício de 18, Dia do Armistício de 45, Dia do Queijo Fedorento etc.) por ano? Talvez fôssemos corruptos do mesmo jeito, já que deve ser alguma coisa na água. Mas as conversas grampeadas seriam em francês! Quer dizer, uma coisa de outro nível.

As aventuras da família Brasil

SE os portugueses tivessem sido postos a correr ou a nadar, no caso naquele 22 de abril, como seria o Brasil, hoje? A maioria da população seria de índios, e os descendentes dos poucos brancos que se animassem a vir depois do vexame português habitariam em terras demarcadas, em extremos remotos do país.

Nas reuniões de presidentes do Mercosul o brasileiro seria o único nu. Haveria vantagens e desvantagens em viver numa Pindorama: para começar pelo mais grave, nem você nem eu existiríamos. Devo ter sangue de índio, se a cara de alguns antepassados não estava mentindo, mas o resto é um coquetel do que veio: português, negro, alemão, italiano. Se existisse, eu estaria numa reserva.

Como seria se os holandeses tivessem derrotado os portugueses e colonizado todo o Brasil?

Para começar, nossos padrões de beleza seriam completamente outros. Em vez de morenas, nossas mulheres seriam loiras de cabelo escorrido, e a brasileira mais conhecida no mundo seria alguma longilínea do tipo nórdico, chamada Gisele ou coisa parecida. Nem dá para imaginar.

Como seria se os franceses tivessem conseguido consolidar a sua civilização subequatorial por aqui? Sei não, talvez a comida não melhorasse tanto assim – também come-se mal na França, e vá encontrar uma boa feijoada com couve e torresmo –, mas quem nos assegura que hoje não teríamos uma Carla Bruni no Alvorada, congressistas que ficassem em seus lugares em vez de se aglomerarem na frente da mesa, na Câmara, um serviço público muito melhor e pelo menos mais quatro feriados nacionais (Dia da Bastilha, Dia do Armistício de 18, Dia do Armistício de 45,

Dia do Queijo Fedorento etc.) por ano? Talvez fôssemos corruptos do mesmo jeito, já que deve ser alguma coisa na água. Mas as conversas grampeadas seriam em francês! Quer dizer, uma coisa de outro nível.

Como seria se os holandeses tivessem derrotado Portugal e colonizado todo o Brasil?


01 de novembro de 2009
N° 16142 - DAVID COIMBRAO


Os leões e os germanos

Os germanos eram assustadores, e esse adjetivo não é força de expressão. Numa das primeiras vezes em que os romanos depararam com eles ocorreu o seguinte: os germanos emergiram das sombras da Floresta Negra urrando feito selvagens que eram, um som horrendo, como se predadores monstruosos investissem sobre a legião.

Detrás de seus escudos de madeira revestida com bronze, os romanos viram correr em sua direção aqueles homens de estatura descomunal, como se fossem todos zagueiros do Gaúcho de Passo Fundo, e de músculos desenvolvidos pela vida ao ar livre, pelas caçadas e pelas eternas guerras tribais.

As longas cabeleiras amarelas e vermelhas dos germanos esvoaçavam e davam uma aparência ainda mais ameaçadora aos seus rostos barbados.

Por um momento, os legionários ficaram petrificados debaixo de seus elmos. No momento seguinte, não vacilaram: giraram em cima das sandálias e correram com devoção a fim de salvar suas peles latinas. Veni, vidi, corri.

Depois que os romanos se acostumaram com a visão pouco ortodoxa dos guerreiros germanos em ação, não entraram mais em pânico e até passaram a derrotá-los, isso graças à disciplina tática das legiões. Mesmo assim, os germanos jamais se submeteram completamente ao Império, nem quando o Império os absorveu. Por volta do ano 200 da Era Cristã, o imperador filósofo, Marco Aurélio, já nem morava mais em Roma, vivia nas fronteiras, vigiando os movimentos inquietos e inquietantes dos bárbaros.

Um dia, o imperador teve uma ideia que julgou supimpa: mandou buscar leões da África e, numa batalha perto de Vindobona, a atual Viena, açulou-os sobre os germanos. Calculava, Marco Aurélio, que os bárbaros ficariam aterrorizados com o ataque daquelas feras das quais nunca nem tinham ouvido falar.

De fato, numa época sem National Geographic, os germanos não conheciam leões, e essa foi a sorte deles. Acreditando que fossem apenas cães enormes, os louros guerreiros da Alemanha não só não fugiram como chacinaram os bichos a golpes de espada, lança e clava, pouco se importando com a repercussão entre os protetores dos animais.

Nos dois casos, como se viu, o medo foi decisivo. Os romanos só bateram os germanos quando perderam o medo deles; os germanos mataram os leões porque não tinham medo deles.

O medo, muitas vezes, é o que faz diferença na batalha. Um jogo de futebol é a representação moderna de uma batalha, nada mais do que isso. Em 2009, as legiões porto-alegrenses têm sido batidas pelo medo. O Grêmio, pelo medo que o paralisa quando sai de casa.

O Inter, pelo medo que o faz estremecer em cada decisão. Os verdadeiros conquistadores, não é que eles não sintam medo: eles o dominam. Grêmio e Inter, não. Grêmio e Inter, o medo é que os domina. E um coração que vive com medo é, sempre, um coração que sente o pior dos medos: o medo de ser feliz.

O tripé

Grêmio e Inter têm jogadores talhados para o esquema 3-5-2, embora eu aqui não seja um entusiasta desta forma de jogar. O Grêmio dispõe de um trio final, Victor, Mário Fernandes e Réver, que talvez seja o melhor do Brasil.

Com um Leo ou um Rafael Marques entre os dois zagueiros, aí está um alvissareiro começo de time. Na ala direita, bem que poderiam convencer o Souza a correr por lá. O Souza é ótimo, mas não pode ser o centro técnico do time. No meio-campo, Douglas Costa, que, se vê, Douglas Costa está diferente, está confiante – perdeu o medo!

O Inter não tem um tripé de defesa tão virtuoso, mas sobejam-lhe jogadores competentes nas demais posições, onde o Grêmio é só escassez. No Inter há abundância de bons jogadores, titulares e reservas. Falta o ajuste, mas, olha, o Mário Sérgio parece saber como fazer o ajuste.


Pequeno manual da civilidade

As pequenas vantagens de virtudes grandemente subestimadas, analisadas por quem entende tudo do assunto, desde sempre

Juliana Linhares - Montagem sobre foto divulgação
NÃO LIBERTE O MONSTRO QUE EXISTE EM VOCÊ



A vida em estado natural: "Solitária, pobre, sórdida, embrutecida e curta"

Engana-se quem pensa que civilidade é uma matéria relacionada a senhores pomposos e mesas cobertas de talheres esquisitos. Mas é verdade que o tema foi tratado por cavalheiros com quilometragem de pelo menos alguns séculos.

Tudo o que disseram, porém, sobre a necessidade de convenções sociais para promover a boa convivência e administrar conflitos permanece de urgente contemporaneidade. Quando Schopenhauer, o gigante da filosofia alemã do século XIX, dizia que as pessoas deveriam seguir o comportamento do porco-espinho - se fica muito perto de seus pares, morre espetado; se fica muito longe, morre de frio -, não estava pensando no uso do telefone celular em público, mas bem que poderia.

Thomas Hobbes, um dos gênios do pensamento político produzidos pela Inglaterra, constatou no século XVII que em estado natural, sem as construções sociais, "a vida do homem é solitária, pobre, sórdida, embrutecida e curta".

Em outras palavras, um congestionamento em São Paulo em dia de chuva. Por isso, emergem leis necessárias, entre as quais que "os homens cumpram os pactos que celebrarem" (e não parem em fila dupla, por exemplo) e "não declarem ódio ou desprezo pelo outro por atos, palavras, atitude ou gesto" (e não façam perfis falsos na internet).

Especialistas em ética, comportamento e controle dos monstros interiores fazem análises e sugestões nesse pequeno manual das virtudes da civilidade. Todo mundo pode aprender - e até lucrar com elas.

"O stress é causado em grande parte por relacionamentos humanos mal resolvidos. Se melhorarmos a capacidade de nos relacionar, teremos menos brigas, menos stress e, consequentemente, menos processos e pessoas doentes", diz o italiano Piero Massimo Forni.

Professor da Universidade Johns Hopkins e um dos maiores especialistas mundiais no estudo da civilidade, ele até calculou o custo da falta dela nos Estados Unidos: 30 bilhões de dólares por ano. Já pensaram se ele conhecesse o Congresso brasileiro?

Questão de honra

Houve um tempo em que tudo girava em torno dela: ter honra era ser um legítimo membro da tribo; não ter, preferível morrer. O conceito de honra, na sua interpretação mais tradicional, nasceu na Grécia antiga, foi remodelado em Roma e reemergiu na Idade Média.

"Na época feudal, a honra era uma qualidade atribuída aos nobres, essencialmente guerreiros, cuja função social era proteger o rei, as crianças e as mulheres", diz Roberto Romano, professor de ética e filosofia da Unicamp. Hoje, a HONRADEZ pode ser mais relacionada à fidelidade aos próprios princípios ou ao próprio eu.

Ou, no popular, ter vergonha na cara. É por isso que o tribunal da própria consciência continua a pesar mesmo quando se alega que "todo mundo faz", a começar dos "caras lá de cima", então "que mal tem" em levar a avozinha para passar na frente na fila de comprar ingresso, desrespeitar a precedência na hora de pegar uma vaga no estacionamento do shopping ou deixar uma toalha guardando lugar o dia inteirinho na espreguiçadeira da piscina disputada? O mal, evidentemente, está em desprezar a própria dignidade.

Lya Luft

Não fui eu!

"Como tantas coisas neste mundo contraditório, a internet é ao mesmo tempo covil de covardes e terra de maravilhas"

Há semanas venho recebendo, via e-mail de amigos ou conhecidos, um texto com meu nome, às vezes até com minha fotografia, mas que não é meu. Pessoas me abordam para dizer que o receberam de outras, e eu negando, tentando esclarecer: não fui eu!!! Eu não o escreveria.

É um texto cretino, dizendo entre outras bobagens que numa palestra para mulheres, que nunca dei, eu falava "coisas inteligentes" fazia mais de uma hora, e ninguém reagia. E que então decidi usar de um recurso especial: "Revelei minha idade, e toda a plateia fez um ahhhhhh de espanto".

Primeiro, eu jamais diria que falei para uma plateia pouco inteligente, e nunca precisei revelar minha idade: ela sempre foi de domínio público, tão natural quanto ter olhos azuis e me chamar Lya.

Aliás, não tem a menor importância. Idade é natural, apesar do universo de narizes diminutos, sobrancelhas no meio da testa, bocas ginecológicas e caras inexpressivas que se multiplicam na paisagem. Nem ao menos sou do tipo que, por magrinha ou serelepe, pareça ter menos do que tem.
Ilustração Atômica Studio

O que me chama atenção em tudo isso não é me atribuírem um texto alheio, mas quanto estamos desarmados, despreparados, indefesos, nessa mistura de terra de ninguém e ferramenta extraordinária que se chama internet. Uso computador há muitíssimos anos. Ando pela internet para pesquisar, viajar, me comunicar (com pouquíssimas pessoas), para me informar.

Para ler vários jornais do país e do mundo. Para comprar livros. Para visitar ou rever museus e outros lugares. Para reservar hotel quando preciso. Para ler artigos de qualquer assunto que me interessa.

Mas, nas raras vezes em que entro em algum blog, me assustam os comentários que qualquer um pode ali postar, sem dar seu nome, escrevendo as coisas mais disparatadas ou violentas, sem que o atingido possa se defender. Cansei de receber textos apócrifos, que seriam de Drummond, Pessoa, Verissimo, Clarice e, agora, meu. Basta um rápido olhar e, se estamos familiarizados com os autores, sabemos: isso não é dele, dela.

Porém, muitas vezes não há como saber. Engolimos sapos desse tipo, como recebemos mensagens com vírus, mensagens que são spam, mensagens que são bobajadas. Um bom antivírus ou anti-spam sempre ajuda.

Porém, usarem nosso nome embaixo de algum texto falso e a gente nem ter como dizer "não, pelamordedeus, não fui eu!", admito: é incômodo.

Acusar alguém injustamente de qualquer imoralidade, invadir ou distorcer a vida pessoal de alguém, escrever frases insultuosas, ameaçadoras, hostis, sob a capa repulsiva do anonimato, é um crime contra a já tão achincalhada ética. Mas como encontrar o criminoso? Que leis lhe aplicar? O jeito é dar de ombros. Nem sempre dá para dar de ombros. Às vezes machuca.

Ofende. Prejudica quem é inocente, alegra quem é perverso. No espaço cibernético podemos caluniar e destruir ou elogiar e endeusar quem quer que seja, sem revelar nossa identidade. Também podemos trabalhar, pesquisar, nos comunicar, aprender, nos deliciar, sem sair de casa. Como tantas coisas neste mundo contraditório, a internet é a um tempo covil de covardes e terra de maravilhas.

Na prerrogativa deste espaço, a quem interessar possa, estou mais uma vez avisando: o tal artigo em que eu teria assombrado uma plateia de mulheres apalermadas revelando o mistério dos meus 71 anos não é meu. Certamente vai adiantar pouco.

Em breve vou receber o texto mais uma vez, e outra: e escutar comentários, entre elogiosos e hesitantes, sobre quanto ele foi "bom". Possivelmente outros textos falsamente meus já apareceram e nem me dei conta. O melhor nesses casos é não ligar, não dar bola, achar graça.

Achei graça por algum tempo, mas, quando um número cada vez maior de amigos ou leitores me vem dizer que receberam o tal artigo, com foto, quem sabe com musiquinha atroz (já circularam por aí poemas meus ou falsos com todo tipo de musiquinha), já estou sorrindo menos.

Aviso aos navegantes: vão continuar circulando por aí textos meus, falsos e reais, bons e muito ruins. Esses, não fui eu!


Você é financeiramente saudável?

Um novo conceito de independência financeira diz que ela só existe quando se trabalha por prazer ou lazer, não por necessidade. Faça o teste para saber se suas finanças andam bem e confira como alcançar tal independência
LAURA LOPES

Domingues, no lançamento do audiolivro. Segundo ele, independência financeira é quando se trabalha por prazer, ou lazer



"Independência financeira é quando se trabalha por prazer, e não por necessidade de seu ganho. Para isso, é preciso ter um montante aplicado cujos juros paguem de duas a três vezes o seu padrão de vida mensal. Não é dinheiro de bilionário, não é ser rico. É dizer que você pode se sustentar de ganhos que não dependam do seu trabalho." Esse conceito de "independência financeira" é de autoria de Reinaldo Domingos, consultor financeiro.

Se esse tipo de indepedência só se consegue quando o sujeito não precisa mais trabalhar para se sustentar, então a sociedade está andando pelo caminho errado. O que ela precisa é poupar, e não usar e abusar dos créditos disponíveis. "As pessoas precisam ter uma reserva, a reserva da independência financeira. Por isso elas nunca param de trabalhar. E hoje vivem até os 100 anos!", afirma Domingos.
Arquivo

Ele é autor do livro Terapia Financeira, que ganhou a versão em audiolivro no começo de outubro. Na publicação, o consultor sugere que o ouvinte siga a Metodologia DiSOP de Educação Financeira, "que leva qualquer pessoa à sua independência financeira".

DiSOP significa Diagnóstico, Sonho, Orçamento e Poupança, os quatro pilares para o endividado se tornar um feliz investidor. Primeiro, é preciso relacionar todas as despesas do dia, durante três meses, no máximo. Diante do relatório de gastos, avaliar quanto se gasta em supérfluos, bobagens e evitáveis. Essa é a tarefa mais difícil, uma vez que as pessoas temem saber ou encarar seus gastos reais.

A pessoa tem medo de sua verdadeira situação financeira, de descobrir como ela chegou a tamanho grau de endividamento. "Ela diz: 'já estou devendo mesmo, nem quero ver'. Permanece em desequilíbrio financeiro e não quer encarar o problema", diz Domingos.

Depois do primeiro choque, a próxima tarefa se torna prazerosa: relacionar todos os seus sonhos de consumo. Um carro? Uma viagem? Uma casa? Uma roupa de festa? Qualquer que seja o sonho, ele custa dinheiro e a sua compra deve ser muito bem planejada. Depois, é preciso colocar tudo na ponta do lápis e montar o orçamento mensal.

Manter o equilíbrio entre quanto se ganha e quanto se gasta é importante, mas mais importante ainda é saber poupar – para os sonhos. Adequar seu padrão de vida ao que se ganha é fundamental. "Você não pode aumentar seu padrão de vida porque ganhou um pequeno aumento", afirma o consultor.
Saiba mais

O primeiro item que deve constar do orçamento é a parcela para a realização do sonho. "Eu sou sempre a favor de se pagar à vista, porque você ganha mais descontos", diz Domingos. Se a pessoa guarda uma quantidade "x" durante "y" meses, conseguirá "comprar o sonho" à vista e com desconto.

Mas as pessoas são ansiosas e sofrem pressão do marketing e do crédito fácil, que acabam por facilitar a compra impensada, o consumo imediato, que costuma quebrar o equilíbrio das finanças. Com isso, compra-se um bem que não estava planejado e com dinheiro que nem existe.

Além da quantia destinada ao sonho, também é preciso separar um tanto para o investimento que vai proporcionar a tal independência financeira. O que sobrar vai para gastos fixos e, quem sabe, até os supérfluos.

Parece fácil, mas exige muita disciplina. "Se você fizer o dignóstico por um período de 30 a 90 dias por ano, já está bom. Mas todo ano tem que atualizar, porque o padrão de vida tende a subir", afirma.

Domingos preparou um teste que indica qual é a sua condição financeira atual: endividado, equilibrado financeiramente ou investidor. Se o resultado for uma das duas primeiras opções, melhor começar a pensar mais seriamente sobre o DiSOP.
Deu certo para Domingos, que nasceu em família humilde no interior de São Paulo e conquistou sua independência finaceira aos 37 anos – a melhor propaganda para o seu método.


31 de outubro de 2009 | N° 16141
NILSON SOUZA


Sr. Redactor

No dia 25 de setembro de 1827, o Diario de Porto Alegre – primeiro jornal desta província de homens bravos, mulheres bonitas e monumentos públicos horrorosos – publicou em sua capa uma carta de leitor. O autor era um cidadão indignado com as autoridades da época. Sentia-se humilhado por ter sido preso em flagrante depois de ter agredido um “moleque”, como eram chamados os jovens escravos da época.

Ocorre que o cativo pertencia ao juiz, que acionou o alcaide, que colocou o sujeito atrás das grades por oito horas. Bem feito! – poderíamos dizer tranquilamente hoje, 182 anos depois. Mas, naqueles tempos incandescentes, o homem não se conformou e escreveu uma longa carta ao jornal, desafiando-o:

– E que tal, Sr. Redactor! Será digno o caso de se lhe dar publicidade, ou não?

Conseguiu o que queria. Sua denúncia contra o que considerou abuso de autoridade acabou sendo publicada e ganhou perpetuidade, pois está na primeira página de um dos exemplares do acervo do Museu de Comunicação Hipólito José da Costa. Mas o que me chama atenção nesse episódio nem é o fato de o homem se julgar injustiçado porque foi punido por ter dado “huma pequena bofetada num moleque captivo”.

Fico mais espantado com a existência, já naqueles tempos pretéritos, da interatividade jornalística – esta relação de mão dupla entre o público e os meios de comunicação. Ao dar guarida para seu leitor, aquela modesta publicação já cumpria, quase dois séculos atrás, uma das atribuições do jornalismo moderno.

Hoje, o público participa como nunca da produção do conteúdo dos veículos de comunicação. Com a internet, o acesso ficou tão fácil e tão rápido que as pessoas reagem imediatamente a qualquer notícia, opinam sobre ela, dão informações adicionais, contribuem com fotos e vídeos, muitas vezes elaboram integralmente a mensagem que querem ver divulgada. Evidentemente, nem todos os que participam desse processo são bem-intencionados.

Alguns aproveitam a facilidade tecnológica para defender causas nem sempre defensáveis, como o homem que esmurrou o adolescente escravo e achava que estava coberto de razão.

Como agir em casos assim? Cabe ao Sr. Redactor fazer a sua parte, olhando a vida por todos os lados, divulgando ponto e contraponto, priorizando aquilo que for efetivamente de interesse do público. Um fato – seja ele uma ocorrência policial ou a observação de uma obra de arte – pode ter muitas versões. A função do jornalismo é encontrar aquela que mais se aproxima da verdade.


31 de outubro de 2009 | N° 16141
PAULO SANT’ANA


Os óculos escuros

Dizem que os olhos são as janelas da alma. Então, os óculos escuros são as venezianas.

Sempre desconfiei de quem não tira os óculos escuros. Parece que quer esconder dos outros algo que oculta na alma por vergonha.

Se eu não tivesse meu olho esquerdo afetado por antiga paralisia facial, o que impede que suas pálpebras fechem por intuição, só por ato volitivo, nunca usaria óculos escuros. Só os uso para proteger o olho esquerdo do sol ou da luminosidade.

Mas, sempre que alguém se aproxima de mim para conversar, tiro depressa os óculos escuros. Os meus interlocutores não os merecem.

Quem usa óculos escuros esconde uma traição: já feita ou que está por vir.

Por sinal, há três profissões em que são intrínsecos os óculos escuros: cantor de rock ou de pop, segurança de casa noturna e general norte-americano ou brasileiro.

E segurança de casa noturna, além de óculos escuros, usa também indefectível traje inteiramente preto.

Experimente arrancar desses marmanjões possantes os seus óculos escuros. Como Sansão de quem rasparam a cabeleira, ele ficará tonto, sem saber o que fazer, parece que lhe tiraram a força, a energia do utilitário físico que ele representa, enfim, arrancam-lhe a personalidade.

Uma vez perguntei a uma freira por que usava óculos escuros. Ela me disse que para atenuar a visão ofuscante das injustiças do mundo e para lhe parecerem mais sombrios os brilhos que emanam dos rostos dos maus quando eles triunfam diante dos bons.

Outra vez perguntei a um general por que ele usava óculos escuros e ele me respondeu: “Porque não posso suportar o fulgor do meu tenente-coronel diante dos recrutas”.

Os atores da Globo também usam óculos escuros. Os banqueiros de jogo do bicho também usam óculos escuros. Os atores da Globo, deve ser porque lhes ofusca o próprio brilho. Os banqueiros de jogo do bicho, cogito que usam óculos escuros com medo de se encontrarem na rua com apostador a quem calotearam num prêmio ou com um policial honesto, que não pertence à sua lista de suborno.

Mas há profissões e situações que não comportam em nenhuma hipótese óculos escuros.

Caso de um casamento a que assisti esses dias, em que o padre oficiava o sacramento de óculos escuros. Parecia ter vergonha da encrenca em que estava metendo o pobre do noivo.

E juro para vocês que no cemitério São Miguel e Almas, em agosto, estava sendo velado em uma capela um defunto de óculos escuros, eu nunca tinha visto algo igual.

Talvez um parente piedoso do defunto tenha lhe colocado os óculos escuros para livrá-lo do rigor das labaredas do inferno com que ele dali a pouco se defrontaria.

Ocorre-me que só há dois tipos humanos que nunca vi com óculos escuros: os bebês e os hipnotizadores.

E, a uma pessoa que disse a um homem que este parecia um canalha de óculos escuros, o homem respondeu: “Só pareço um canalha? Se você visse meus olhos nuamente, então teria certeza de que eu sou um canalha”.


31 de outubro de 2009 | N° 16141
CLÁUDIA LAITANO


O elogio da lentidão

Em um comovente discurso durante a inauguração de uma biblioteca do MST, no interior de São Paulo, há pouco mais de três anos, o ensaísta e crítico literário Antonio Candido, já perto de completar 90 anos, ousou contrariar um dos clichês mais universais da nossa época:

“Acho que uma das coisas mais sinistras da história da civilização ocidental é o famoso dito atribuído a Benjamin Franklin, ‘tempo é dinheiro’. Isso é uma monstruosidade. Tempo não é dinheiro.

Tempo é o tecido da nossa vida, é esse minuto que está passando. Daqui a 10 minutos eu estou mais velho, daqui a 20 minutos eu estou mais próximo da morte. Portanto, eu tenho direito a esse tempo; esse tempo pertence a meus afetos, é para amar a mulher que escolhi, para ser amado por ela. Para conviver com meus amigos, para ler Machado de Assis: isso é o tempo.

E justamente a luta pela instrução... é a luta pela conquista do tempo como universo de realização própria. A luta pela justiça social começa por uma reivindicação do tempo: ‘eu quero aproveitar o meu tempo de forma que eu me humanize’. As bibliotecas, os livros, são uma grande necessidade de nossa vida humanizada... o amor pelo livro nos refina e nos liberta de muitas servidões.”

A psicanalista Maria Rita Kehl, que esteve em Porto Alegre esta semana como palestrante do seminário Fronteiras do Pensamento, já havia começado a escrever um ensaio sobre a relação entre o modo como vivemos neste comecinho de século 21 e a explosão do número de casos de depressão no mundo inteiro quando topou com a frase de Antonio Candido e teve um “clique teórico”.

No livro O Tempo e o Cão, lançado este ano pela editora Boitempo, a psicanalista desenvolve aquele “clique” mostrando que a pressa para tudo dos dias de hoje, o horror que temos a qualquer tipo de perda de tempo e o hábito recente de não nos desconectarmos do trabalho e das atividades ditas “produtivas” nem mesmo durante as férias estão produzindo o caldo onde a depressão se desenvolve.

A depressão, que pode ser definida, grosso modo, como falta de vontade para fazer qualquer coisa, seria uma espécie de reação psíquica ao excesso de coisas que somos cobrados a fazer o tempo todo (inclusive quando deveríamos estar apenas nos divertindo).

O sujeito deprimido pula do trem em movimento da vida contemporânea e fica à margem dos acontecimentos – não por escolha própria, mas por falência geral da engrenagem interna que o faz funcionar no ritmo exigido.

A falta de tempo para pensar na morte da bezerra, para ver a grama crescer, para namorar sem olhar para o relógio, tudo isso, e a sensação de que devemos sempre estar envolvidos em algo que vá servir para alguma coisa (nem que seja contar para os amigos do Orkut e do Twitter como vivemos a vida intensamente), estão criando a supremacia da vivência sobre a experiência.

Enquanto a vivência produz sensações imediatas e passageiras, a experiência é o que nos transforma, porque tivemos tempo para absorvê-la e refletir sobre ela.

Antonio Candido tem toda razão: tempo não é dinheiro, é o tecido da vida. Não dá para guardar, deixar para os netos ou transformar em bens imóveis. É pessoal e intransferível, e deveríamos saber usá-lo sem culpa – até mesmo quando não estamos fazendo nada.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009


JOSÉ SIMÃO

Ueba! Vampiro suga a marginal!

BR é abreviatura de buraco! BR 101 quer dizer que a estrada tem 101 buracos!

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta! Ueba! Mais um feriadão! O brasileiro é um feriado! O Lula tem que lançar mais uma emenda provisória: EMENDA até o fim do ano! E o que abre e o que fecha nesse feriadão? AS PERNAS!

As pernas e a porta da geladeira!

E sabe por que a novela tem intervalo? Pra esfriar o pingolim do Zé Mayer! E adorei a charge do Sponholz: saiu o primeiro contemplado do programa Minha Casa, Minha Vida! O Zelaya. "Muchas Gracias. Embajada del Brasil.

Tu Casa, Mi Vida!" E notícia de todo feriadão: "Trânsito lento na rodovia Ayrton Senna". "Tudo parado na rodovia Ayrton Senna." Lento e parado? Então muda o nome pra Rodovia Rubens Barrichello! E ainda por cima, a marginal em obras! É o Serra! Vampiro suga a marginal! Rarará!

E essa buemba: "Polícia de São Paulo apreende aranhas vivas". Ainda bem que são vivas.

A única aranha morta que eu conheço é a da Hebe! O cara recebeu as aranhas pelo correio direto de Belém do Pará. E sabe onde ele comprou as aranhas? Num site de relacionamento. Rarará. É verdade! Por 400 contos! É que veneno de aranha cura impotência! É verdade!

A Ana Maria Braga mostrou no programa. Quer dizer, mostrou a notícia, não a aranha. Porque Halloween é só no sábado! E precisa ser veneno de aranha viúva-negra! E como disse o outro: "Aranha sempre me deixou excitado, independente do estado civil. Pode ser viúva-negra, loira solteira ou ruiva divorciada".

E péssima notícia pra quem vai pegar estrada: "70% das estradas têm problemas". BR é abreviatura de buraco! BR 101 quer dizer que tem 101 buracos. Já tem buraco esperando no acostamento!

E adorei a charge do Marco Aurélio pro Rio-2016. Faixa estendida no Pão de Açúcar: "FAVOR NÃO ATIRAR NOS ATLETAS!". E esse Zina do "Pânico" tem que se benzer: BENZINA! É mole? É mole, mas sobe! Ou, como diz aquele outro: é mole, mas trisca pra ver o que acontece! Antitucanês Reloaded, a Missão.

Continuo com a minha heroica e mesopotâmica campanha Morte ao Tucanês. Acabo de receber mais um exemplo irado de antitucanês. É que no Rio Grande do Sul tem uma churrascaria chamada Dois Irmãos.

Com a faixa "Grelhados no Carvão"! Dois Irmãos Grelhados no Carvão! Rarará! Mais direto impossível. Viva o antitucanês. Viva o Brasil!

E atenção! Cartilha do Lula. O Orélio do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. "Prolixo": destino dos discursos do companheiro Lula. PRO LIXO! Rarará! O lulês é mais fácil que o ingrêis. Nóis sofre, mas nóis goza. E vai indo que eu não vou!

simao@uol.com.br

LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS

Câmbio: mais lenha na fogueira

Segundo estudo de banco de investimento, o valor correto do real hoje seria de R$ 2,63 por dólar; o do euro, de US$ 1,20

ENTRE AS inúmeras questões que dividem os economistas, uma das mais importantes é a que envolve o cálculo da chamada taxa de câmbio de equilíbrio. Esse valor corresponde àquela que estabiliza o balanço de pagamentos de um país ao longo do tempo.

Como o valor de uma moeda nacional nos mercados de câmbio é formado a partir de transações comerciais e financeiras das mais variadas origens, não existe uma regra precisa para a determinação do que seria o ponto de equilíbrio. Mesmo assim, os economistas têm mecanismos de certa forma eficientes para estimá-lo a partir de alguns parâmetros econômicos.

Em recente trabalho, um dos maiores bancos de investimento dos EUA atualizou -incorporando os dados mais recentes- o cálculo desse valor de equilíbrio nas economias mais importantes do mundo. Os resultados apontam os desvios das cotações de mercado em relação a seus valores de referência para países na Ásia, na Europa e na América Latina, em relação ao dólar e ao euro.

A publicação desse relatório, no momento em que a questão do real esquenta o debate no Brasil, é muito bem-vinda. Tenho muito respeito pelo trabalho de pesquisa desse banco e confio na qualidade de suas conclusões.

Além disso, por ser uma instituição internacional com foco no mercado financeiro global, fica difícil associar suas conclusões com interesses ou posições de natureza ideológica. De fato, a equipe que realizou esse trabalho não faz juízo de valor em relação aos resultados obtidos.

A mais importante observação para nós, brasileiros, é que o real é hoje a moeda mais valorizada dentro de uma cesta de 30 países.

O valor correto do real seria de R$ 2,63 por dólar, ou seja, hoje ele estaria 51% sobrevalorizado em relação à moeda americana. Segundo esses mesmos critérios, o euro deveria valer hoje US$ 1,20, estando atualmente nos mercados 23% acima de seu valor de equilíbrio. Assim, mesmo em relação ao valorizado euro, o real estaria 23% acima de seu valor de referência.

Outros números interessantes em relação à taxa de câmbio no Brasil: o desvio em relação ao peso argentino está hoje em 80%, ou seja, as empresas brasileiras têm um fardo pesadíssimo nas suas relações comerciais com nosso vizinho e parceiro.

Outro desvio importante -valorização de 50%- ocorre entre o real e a moeda chinesa. É marcante a diferença de comportamento do real em relação às moedas asiáticas, que têm se valorizado muito menos em relação ao dólar. Por exemplo, em relação ao won sul-coreano, o real está valorizado em 45%.

Os números da valorização do real vis-à-vis outras moedas são impressionantes. Mesmo que se façam algumas correções metodológicas, não acredito que esse quadro de uma moeda desalinhada vá ser alterado. O resultado desses desequilíbrios no médio prazo é conhecido: nos próximos anos, teremos um crescimento brutal das importações e do nosso deficit em conta corrente.

O bom momento da economia brasileira certamente vai permitir que esse deficit seja financiado por investimentos diretos e em carteira por algum tempo, que pode até ser longo. Mas já conhecemos esse filme, embora com outros personagens.

Eventualmente, um deficit em conta corrente de grande magnitude levará o mercado a corrigir o valor do real, trazendo novamente nossas contas comerciais para próximo do equilíbrio. Nesse meio tempo, nossa indústria sofrerá as consequências.

LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS , 66, engenheiro e economista, é economista-chefe da Quest Investimentos. Foi presidente do BNDES e ministro das Comunicações (governo Fernando Henrique Cardoso).

EMÍLIA MARIA SILVA RIBEIRO CURI

Amadurecer ao sol

A publicidade dos atos administrativos é condição primordial para o exercício do controle social da atuação do Estado e de seus agentes

INSPIRADO EM experiências internacionais, o modelo brasileiro de agências reguladoras completa já mais de uma década.

Nesse período, discussões sobre sua legitimidade formal parecem ter sido superadas, tendo em vista a sólida legislação que lhe dá suporte, cujos preceitos estão em sintonia com os princípios constitucionais aplicáveis.

Não obstante, a garantia de estabilidade do modelo no longo prazo depende não só de uma base legislativa consistente mas também de legitimidade política, conquistada a cada dia.

Nesse esforço, é necessário que suas qualidades sejam amplamente visíveis para a sociedade. Em outros termos, por mais qualificadas, fundamentadas e formalmente regulares que sejam suas decisões, tais aspectos devem restar evidentes.

A transparência assume, assim, o papel de um fator proeminente de legitimação do modelo vigente. Com efeito, só a ampla permeabilidade ao controle social poderá evidenciar a atuação dos agentes de mercado e tornar visíveis as disputas travadas em torno de decisões regulatórias.

Tal constatação aponta para a oportunidade de estabelecer uma agenda de política pública para a transparência dessa atividade, consistente na adoção de procedimentos simples que, não obstante, podem contribuir significativamente para nivelar o acesso às informações pertinentes à atuação das agências reguladoras.

Para tanto, um primeiro ponto a ser abordado é a divulgação de documentos decisórios, bem como de estudos, relatórios, pareceres, análises, votos e outras peças informativas que fundamentem essas deliberações.

Tal procedimento, além de evidenciar o conhecimento da agência acerca do tema, contribui para expor à sociedade os motivos que embasam as opções regulatórias.

A esse respeito, deve ser citado o exemplo positivo dado pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) na discussão do novo Plano Geral de Outorgas -os documentos do processo foram digitalizados e publicados no sítio da agência na internet.

Outro ponto importante é a abertura das reuniões ou sessões deliberativas. A prática administrativa contemporânea, em harmonia com o princípio constitucional da publicidade, não mais comporta o sigilo como regra, senão como medida excepcional.

Além de franquear o acesso do público interessado, também se mostra pertinente, para fins de documentação e resgate histórico, que as atas, notas taquigráficas ou gravações também sejam conservadas e divulgadas.

Cabe aqui mencionar a boa prática do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que coloca à disposição do público, em seu sítio na internet, as gravações de áudio de suas sessões.

Em outra vertente, tampouco se pode admitir a criação de subterfúgios que impeçam ou dificultem o acesso das partes e seus procuradores aos processos administrativos que tramitam nas agências reguladoras.

É imprescindível que essas entidades compreendam que o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa tem como pressuposto o acesso desimpedido aos procedimentos administrativos em qualquer grau de deliberação.

Por derradeiro, a prática regulatória acumulada na última década indica a necessidade de rever os critérios adotados para a atribuição de sigilo a processos administrativos.

Nesse sentido, o princípio constitucional da publicidade, orientador da administração pública, somente deve admitir exceções diante das exigências de proteção da intimidade e do interesse público, sempre por intermédio de juízos de proporcionalidade, necessidade e adequação exaustivamente motivados.

A publicidade dos atos administrativos constitui, mais do que um princípio constitucional de observância compulsória, condição primordial para o exercício do controle social da atuação do Estado e de seus agentes.

Com efeito, não se pode negar que a pressão da sociedade, exercida de forma contínua e incansável, tem contribuído para aperfeiçoar o comportamento das instituições e das autoridades públicas. O mesmo deve acontecer com as agências reguladoras.

De introdução recente em nosso ambiente institucional, tais agências precisam aprimorar sua atuação para atender a mercados cada vez mais exigentes no que tange à qualidade das decisões regulatórias.

É imprescindível que esse processo de evolução seja conduzido em ambiente de absoluta transparência, para que possa revestir-se da necessária legitimidade política. Em resumo, as agências devem amadurecer ao sol.

EMÍLIA MARIA SILVA RIBEIRO CURI , 46, é conselheira diretora da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), de cujo Conselho Consultivo foi vice-presidente.

Uma ótima sexta-feira. Um exclente fim de semana e aproveite o feriadão. Estarei viajando para a Terra do Erico Veríssimo

ELIANE CANTANHÊDE

Que vengan los toros!

BRASÍLIA - A entrada da Venezuela no Mercosul é uma questão econômica e pragmática, não política e ideológica. E, isso, do ponto de vista externo e interno. Assim, ficou sem sentido a polarização entre o governo, fazendo pressão a favor, e a oposição, brincando de impedir, sabendo que não tinha votos e nem mesmo discurso para tanto.

O Brasil foi o principal patrocinador e avalista da entrada da Venezuela no Mercosul, com o argumento objetivo de que o país de Chávez é o quinto produtor de petróleo do mundo. Onde jorra petróleo, jorra dinheiro.

A votação, que se arrasta há anos no Congresso brasileiro e atravanca a decisão também do Paraguai, não deveria ser sobre a entrada ou não de Chávez no Mercosul, mas, sim, sobre a entrada da Venezuela. O ônus político que o presidente pode trazer para o bloco pode ser fartamente compensado pelo bônus econômico que o país trará.

Será o primeiro país de fora a aderir aos quatro originais -Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai-, garantindo um salto de bom tamanho no PIB do Mercosul, que passará para US$ 2,3 trilhões.

Resultado: com Chávez ou sem Chávez, mas com a Venezuela, o Mercosul terá 80% do PIB, 72% da área e 70% da população da América do Sul. Alguns países ricos, principalmente os EUA, podem até fazer muxoxo, mas é improvável que um bloco com esse tamanho seja simplesmente desprezado por antipatias ou idiossincrasias.

Os últimos lances da votação, até a aprovação na Comissão de Relações Exteriores no Senado, mostram o quanto a oposição está desnorteada.

Assumiu uma causa equivocada, sabia antecipadamente que iria perder e, ainda por cima, escolheu a pior data para perder: justamente quando Lula estava aos abraços com Chávez na Venezuela.

Foi um presentão para Lula, que tem mais um motivo para rir à toa. Só que o Mercosul está virando uma arena. Ele que toureie Chávez.

eliane@uol.com.br


30 de outubro de 2009 | N° 16140
PAULO SANT’ANA


Pablo, personagem da cidade

Sou um rei na minha cidade. Se me queixo, é de barriga cheia. Por onde vou, saltam as pessoas para de alguma forma me homenagear.

Se vou no Gambrinus, tratam de cozinhar um prato especial, fora do cardápio, para me agradar. Ninguém, absolutamente ninguém, além de mim, saboreia a Tainha Frita que o Gambrinus só pra mim prepara.

No Panchos, onde todos se empanturram de parrillas, para mim é servida uma galinha com arroz molhada, úmida, molho parece que só de tomate de tão rubro.

Se vou nos diversos pontos onde servem churrasco de gato, para mim é servido espetinho de filé mignon ornado e entremeado de bacon.

Se vou no Insano, bar da Lima e Silva, a orquestra, composta de instrumentos de corda e de metalurgia, prepara introduções dos sambas mais antológicos para eu cantar nas quintas-feiras.

Se vou na casa do João de Almeida Neto e da Jane, onde me preparam assados divinos ao som de violões uma vez por semana, cerveja uruguaia, Patricia, Pilsen, Norteña, todas as marcas que dão de 10 nas nacionais me são oferecidas. E bebo até a madrugada.

Se passo na Praça Montevidéu, largo da prefeitura, as pombas saltam, palavra de honra, nas minhas omoplatas, algumas fazem cocô no meu cabelo, tão grande é a intimidade das aves com Pablo. Que o digam os pardais da Avenida Mauá, junto ao Muro ou na calçada fronteira. Os pardais da Mauá, pasmem, dançam ciranda no ar para encantar Pablo.

Se simplesmente me planto na Redação, chegam os pacotes contendo ovos-moles do Zélio Hocsman e da Zoia, quando não são arrozes de leite da Loraine Chaves, doces de Pelotas feitos falsariamente e maliciosamente em Rio Grande, não deixando mesmo assim de serem deliciosos.

E se por acaso vou visitar algum colégio, naquele dia podem crer que não há mais aulas, tal o alvoroço que Pablo causa no estabelecimento.

E se vou a algum asilo, os velhinhos e velhinhas se levantam de seus leitos de velhice cansada e ficam saltitando na minha frente como se fossem pimpolhos.

E se vou a algum cinema de shopping, basta passarem alguns minutos na escuridão e dali a pouco os espectadores começam a me abordar, oferecendo-me pipocas e balas de goma. É tanta a alaúza, que outros espectadores começam a vaiar a bagunça que se cria em torno de Pablo na sala de projeção.

E, nos mictórios públicos, insistem, dentro desses recintos sanitários, para que eu dê autógrafos e tire fotografias com todos, antes de fazer pipi, frisam, o que me causa transtornos e não raro molha as minhas calças!

Não sei onde me meter na minha cidade que não seja saudado como um mito, uma lenda viva, um fogo-fátuo, um El Cid do povo de todas as gerações.

Eu sou um rei na minha cidade, em Porto Alegre estou em casa, é a minha família, as pessoas se declaram iguais a mim, embora umas sejam gremistas outras coloradas. Mas quando eu chego ficam todas iguais.

Iguais em desejo de se aproximar de mim, de me tocar, de me ouvir, de se fazerem ouvir, e prometem que me vão mandar livros, fotos, álbuns, jornais, revistas, fazem de tudo para me agradar.

E onde Pablo passou, resta sempre um rastro de rumor de cantochões.

Pablo é rei em sua cidade.

Pablo é imperador nas margens do Guaíba.

Pablo é escravo e senhor dos porto-alegrenses.

A capital dos gaúchos nunca se orgulhou tanto de alguém, nem de Bento Gonçalves, nem de Getúlio Vargas, como se orgulha de Pablo.

E Pablo quase não acredita no que será que fez para cativar tanto os gaúchos.


30 de outubro de 2009 | N° 16140
DAVID COIMBRA


A virtude educativa da desgraça

Existiu um dia uma doce alemã chamada Carlota Sofia. Ela vivia no século 19, e era casada com um escritor de poucas luzes de quem você nunca deve ter ouvido falar: Enrique Stieglitz.

Os contemporâneos de Carlota Sofia a descreviam como uma jovem não apenas bela, mas também culta. Apesar de tais ótimos predicados, depois de certo tempo de casamento, ela passava seus dias angustiada com a falta de talento do marido. Não sabia mais o que fazer para inspirá-lo a escrever uma grande obra.

Até que teve uma ideia: suicidar-se. A tragédia serviria de inspiração para Stieglitz compor um romance imortal.

E o fez. Carlota Sofia matou-se, legando à posteridade uma carta tocante, que explicava o seguinte:

“Eu tinha esgotado todos os meios que me sugeriam o meu espírito estimulado pelo amor e pelo dever. Foi então que pensei na virtude educativa da desgraça”.

Lindo isso: a virtude educativa da desgraça.

Agora pergunto: algum homem, algum dia, seria capaz de um sacrifício como o que fez Carlota Sofia pelo seu amor e por amor à arte?

Claro que não. Só as mulheres têm essa generosidade, essa capacidade de doação.

Há, entre nós, duas mulheres que doaram suas vidas à arte: Dona Eva Sopher e a professora Tânia Rösing.

O sacrifício de Dona Eva está erguido em pedra e concreto no peito da cidade, o sesquicentenário Theatro São Pedro e o flamante Multipalco. O de Tânia Rösing repete-se todos os anos, mês a mês, semana a semana, até se tornar sólido sob as lonas dos circos da Jornada Literária de Passo Fundo.

Participei da Jornada deste ano. Testemunhei a grandiosidade e a intensidade do evento. Admirei-me com a organização ao mesmo tempo suave e implacável de cada atividade, cada palestra, cada debate. Percebi que, por trás de tudo, move-se a mão germânica de Tânia Rösing, atenta o dia inteiro, a semana inteira, o ano inteiro.

Se Tânia Rösing tentasse realizar a Jornada em Porto Alegre, não conseguiria. De pronto saltariam opositores de todo lado, protestando, bradando que não daria certo, dizendo não. A Jornada vingou porque se fez à sorrelfa, quase escondida pela terra vermelha do Planalto Médio. Quando os sabotadores de costume se aperceberam, já estava pronta.

E, óbvio, só se fez porque quem decidiu fazê-la foi uma mulher. Só uma mulher suportaria ir em frente apesar da eterna oposição dos gaúchos a tudo que se pretenda realizar no Estado.

Só uma mulher se sacrifica a tal ponto, como um dia se sacrificou a bela Carlota Sofia. Embora, é claro, nem todo sacrifício resulte em sucesso.

O marido de Carlota Sofia sobreviveu 15 anos a ela, e durante todo esse tempo bem que tentou, mas não conseguiu produzir nada além do medíocre.

Tenho pena de Stieglitz, como ele deve ter sofrido com sua incompetência e com a perda de Carlota Sofia. Mas não deixo de admirá-lo: afinal, ele de fato era um homem capaz de inspirar amor em uma mulher.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009


JOSÉ SIMÃO

Socuerro! O Zina virou pó!

E Sarney ficou sem onde cair morto. Primeira sugestão: sob os Lençóis Maranhenses

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta!

Continuo com a série Os Predestinados. É que tem um candidato a deputado no Uruguai que se chama Julio CALHORDA! Não é vocação, é predestinação! E tem uma psicóloga em São Paulo que tem uma autoescola para os que têm medo de dirigir. Como é o nome dela? Cecilia BELINA! Rarará!

E essa: "BNDES emprestará R$ 400 milhões para cada estádio da Copa". Então o estádio vai se chamar La Robalhera. O Boca tem o La Bombonera, o Corinthians tem o La Pipoquêra, o São Paulo tem o La Bambinera. E a Copa-2014 tem o LA ROBALHERA!

E essa outra: "Mulher que deu à luz durante voo batiza a filha com o nome da companhia aérea: Air Asia!". E se eu tivesse nascido num avião da TAM, como seria o meu nome? TAMTAM?! Rarará! E se tivesse nascido num avião da Varig? Aí seria azarado mesmo. Rarará!

E buemba: prenderam o Zina do "Pânico" com pó! E já tem na internet uma campanha: "FREE ZINA!". Vamos chamar o U2. O Maradona.

Por isso que ele só falava Ronaldo, Ronaldo. Travado. PÓnaldo. E diz que ele não é da Xurupita. É do Xeira e Pita. Rarará! O Zina é um fenômeno. Trocadilho infame! E um amigo meu acabou de sair pra comer uma feijoada. Em homenagem ao Zina.

Lá na Xurupita! Pela coerência de ideias do Zina, eu nunca desconfiei que ele usava drogas! Rarará! E fecharam a Afundação Sarney!

Onde ele seria sepultado. Uau, o Sarney ficou sem ter onde cair morto. Aí eu criei a campanha "Arranje um Lugar para o Sarney Cair Morto".

Primeira sugestão: sob os Lençóis Maranhenses. Ao som de "deitado eternamente em berço esplêndido" (verso daquela canção nova da Vanusa). Segunda sugestão: o vão do Masp.

Fecha tudo com vidro e abre pra visitação: crianças e turistas argentinos. Rarará! É mole? É mole, mas sobe! Ou como disse aquele outro: é mole, mas rela pr ver o que acontece! Antitucanês Reloaded, a Missão.

Continuo com a minha heroica e mesopotâmica campanha "Morte ao Tucanês". Acabo de receber mais um exemplo irado de antitucanês. É que em Santa Catarina tem um inferninho chamado Tanga Frouxa.

Ueba! Mais direto impossível. Viva o antitucanês. Viva o Brasil!

E atenção! Cartilha do Lula. O Orélio do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. "Duvidosa": ereção de companheiro muito véio! O lulês é mais fácil que o ingrêis. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

simao@uol.com.br

ELIANE CANTANHÊDE

Dilma, a verde

BRASÍLIA - Katerine Mendes, de São Paulo, não estava sozinha ao abrir o "Painel do Leitor" de ontem com sua perplexidade diante da escolha de Dilma Rousseff para chefiar a delegação brasileira à Conferência do Clima em Copenhague.

Órgãos e entidades ambientalistas estão igualmente perplexos.

Dilma tem muitas qualidades, mas se há uma que ela definitivamente não tem é essa: não entende nada da questão climática. Aliás, não entende e até despreza.
Ela sempre se opôs a uma agenda ambiental, passou o PAC por cima da Amazônia, impôs a Marina Silva as suas maiores e mais doídas derrotas enquanto ministra do Meio Ambiente.

Não é exagero dizer que Marina enfrentou muitos e poderosos adversários no governo, mas que saiu, tanto do cargo como do PT, depois de bater de frente várias vezes com Dilma.

O sucessor de Marina, Carlos Minc, também não tem vida fácil. E está polarizando com os "pragmáticos", Dilma à frente, nas discussões sobre Copenhague, para onde o governo, por ora, voa dividido.

Minc defende uma meta de 40% na redução nos gases-estufa até 2020 em relação à trajetória de emissões do Brasil. Já Dilma quer mudar o cálculo da própria trajetória, reduzindo o esforço de corte. Além de deixar a agropecuária de fora.

Se não é do ramo, se não gosta do tema, se vai sempre na contramão dos experts em nome do "progresso", por que então Dilma será a chefona da delegação brasileira? A resposta é simples. Basta olhar, por analogia, a escolha de Toffoli para o Supremo: ele tinha inúmeras desvantagens e nenhum atributo formal para o cargo, mas... Lula quis.

Os holofotes de todo o mundo estarão em Copenhague, e Lula está menos interessado na chatice de carbono no ambiente e mais em aproveitar para lançar sua candidata no ambiente internacional. Dilma, porém, tem de ajustar o discurso e a maquiagem. Até porque Marina também vai estar lá.

elianec@uol.com.br

CLÓVIS ROSSI

Os cacos de uma cidade

SÃO PAULO - Mais um pedacinho da "minha" cidade está morrendo, o Liceu Coração de Jesus. Não que eu tenha estudado nele ou conhecido alguém que estudou lá. Fui a vida toda aluno de escola pública, mas sabíamos que o Liceu fazia parte das referências em educação particular, para a qual olhávamos, nos anos 50, começo dos 60, com um certo ar de superioridade.

Sim, os alunos da escola pública tínhamos motivos para essa sensação, mesmo que a comparação fosse com escolas de referência do ensino privado.
Que se haja privatizado a excelência já seria um péssimo sinal. Que a antiga excelência privada se desmanche junto com o desmanche da referência que era o centro da cidade é ainda mais doloroso.

Não gosto de saudosismo, não compartilho esse cântico tão argentino de que "todo tiempo pasado fue mejor", mas não há como não deixar cair uma lágrima por um e outro desmanche.

É verdade que a degradação do centro está longe de ser novidade. O arquiteto Fernando Serapião, em seu artigo de ontem para esta Folha, põe nos anos 60 o início de um dos sinais da decadência, qual seja, a transferência das escolas privadas para longe do centrão.

A cidade nem se deu conta, então, de que estava renunciando a manter seu centro vivo. Veio depois, a partir dos anos 90, uma série de tentativas de revitalização, palavra que por si só indicava a perda dos sinais vitais da área central.

Não deu certo, constata agora Fernando Serapião. Há ainda alguma chance para ter de volta a "minha" cidade? Nos EUA, também nos 90, havia uma onda sobre a decadência do que o jargão chamava de "inner cities", o centrão, em tradução livre.

Boa parte foi recuperada, ao menos parcialmente. Há alguma maldição que habita São Paulo e faz com que a decadência se sobreponha a um mínimo de civilização?

crossi@uol.com.br


29 de outubro de 2009 | N° 16139
LETICIA WIERZCHOWSKI


Da parte que nos cabe

Há duas semanas, a norte-americana Elinor Ostrom dividiu com seu compatriota Oliver Williamson o Prêmio Nobel de Economia. Elinor foi laureada pela Real Academia Sueca de Ciências por sua pesquisa que demonstra como propriedades compartilhadas podem ser gerenciadas com êxito por associações de usuários.

A tese de Elinor, focada na análise de florestas, pastagens e lagos, derruba a noção de que o poder público deve ser o único responsável e grande atuante na manutenção do bem comum.

Não entendo nada de economia, mas a senhora Ostrom mostrou (e convenceu os caras) que todos nós devemos fazer a nossa parte, e podemos fazê-la muito bem, obrigada. O recado é claro: temos que cuidar juntos deste planeta que dividimos e viemos usando tão egoisticamente.

Alguém pode imaginar maior associação de usuários que essa, a dos habitantes do planeta Terra? Ok, todos os governos devem fazer a sua parte, as grandes indústrias devem fazer a sua parte, mas você e eu, caminhantes, cidadãos e consumidores, temos que contribuir com o nosso modesto quinhão.

Impressionou-me o resultado de uma pesquisa divulgada recentemente pelo Ministério do Meio Ambiente: no Brasil, são consumidas 1 milhão e 500 mil sacolas plásticas por hora.

Imaginem a gigantesca montanha de sacolas que somamos num único dia, e agora pensemos quantos milhares dessas sacolas vão parar nos bueiros, entupindo encanamentos e prejudicando o escoamento da água nas ruas e avenidas (avenidas que irão alagar na próxima chuvarada), e quantos milhares dessas sacolas finalmente vão parar no fundo dos mares e dos rios, matando flora e fauna marinha.

Evidemente, a maioria dessas sacolinhas não segue para o lixo reciclado: seu destino é apodrecer lentamente, envenenando o solo por 400 anos, até seu completo desaparecimento.

Quatrocentos anos por uma reles sacola plástica? O Taj Mahal levou 22 anos para ser erguido. A cidade de Chichén Itzá foi construída em menos de 15 anos pelo povo maia.

O Cristo Redentor precisou de 5 anos para abrir seus braços sobre o Rio de Janeiro, e o Coliseu Romano gastou 10 anos até acolher as primeiras lutas de gladiadores.

É claro que a maioria dessas maravilhas precisou do trabalho constante de milhares de homens para ficar pronta; porém, o mesmo fazemos nós: somos milhares, diariamente, descartando tranquila e repetidamente nossas sacolas plásticas, criando o nosso monumento ao não-futuro.

Um grande não-trabalho em equipe, enquanto alguns ganham prêmios por provar que somos capazes de fazer justamente o contrário.


29 de outubro de 2009 | N° 16139
PAULO SANT’ANA


Manias

Tenho horror a chamados, principalmente da campainha da minha casa ou do meu telefone celular.

Quando um dos dois toca, estremeço: ali vem notícia ruim.

Nunca a campainha da minha casa tocou para surgir uma pessoa que vá me ajudar.

Quase sempre a campainha da minha casa toca para me pedirem ajuda.

E o meu telefone celular quase sempre toca para me trazer uma má notícia.

Já tentei jogar fora o celular e tentei desligar a campainha da minha casa. Mas não consegui.

Parece que estou viciado em más notícias, acostumado a complicações.

Assim é uma mania que tenho nas sinaleiras. Há dias em que estou para não dar esmolas. Saio de casa com a firme determinação de não dar óbolos para ninguém.

E, por mais que me peçam ou implorem nas sinaleiras os mendigos ou inconvenientes, não dou esmola para nenhum deles.

Mas há dias em que dou esmola em todas as sinaleiras. São 17 sinaleiras da minha casa até Zero Hora. Então, separo 17 moedas e as guardo para dar aos pedintes.

Há dias em que estou tão à flor da pele, que, quando o mendigo me ataca na sinaleira, sinto ímpetos de sair do carro e deixar o veículo para o mendigo dirigir e fazer dele o que bem quiser, até mesmo vendê-lo.

E há dias em que brutalmente fecho o vidro do meu carro quando me aproximo da sinaleira. Não quero saber de mendigos.

Definitivamente, eu sou um ciclotímico.

E há dias em que estou para conversas. Chego a atacar pessoas para conversar com elas. Deito e me reviro nos assuntos.

Mas há dias, em contrapartida, em que não quero falar com ninguém, só quero ir pra casa fumar e dormir.

E, estranhamente, há dias em que estou para pagar contas. Pago tudo que está para ser pago, pago até contas atrasadas, acrescidas dos malditos juros.

Mas há dias em que me recuso de tal maneira a pagar contas, que não pago nem as contas que vencem naquele dia e vão me causar problemas de quitação depois.

Não pago, não pago e... pronto: vão cobrar do diabo!

São manias que tenho e não sei por que as tenho.

São manias, são princípios, enlouquecidos princípios.

Por exemplo, outra mania que tenho: nunca janto fora aos domingos e às segundas-feiras. Não adianta, se os jantares são em festas que caem na segunda ou no domingo, deixo de ir à festa.

Nos outros cinco dias da semana, saio para jantar fora em todos eles, estou gordo acho que por essa mania.

Mania é conduta que não se explica. Esta que tenho de só pegar e acender o isqueiro, sempre, com os dedos da mão esquerda, eu que sou destro, não tem explicação.

Outra mania que tenho, quando falando comigo uma pessoa joga perdigotos em meu rosto, delicadamente pergunto a ela se tem lenço. Ela pergunta por quê. E eu respondo que é para limpar os perdigotos que ela lançou no meu rosto.

Sei lá por que nós temos manias...


29 de outubro de 2009 | N° 16139
FABRÍCIO CARPINEJAR (INTERINO)


Viva-voz

Minha filha vive reclamando que sua mãe atrapalha seu namoro.

Não tolera os sucessivos vexames. Vem pedir conselhos ao seu pai. Ou melhor, apoio. Na verdade, ninguém quer conselho.

Ela jantava na casa dele quando toca o ringtone Fuck You, de Lily Allen. No outro lado da linha, sua mãe não diz oi ou faz qualquer teste no microfone; pergunta furiosa onde é que ela estava e por que não havia voltado ainda. A voz é de megafone (dentro da garganta materna, resiste o grito ancestral para avisar do almoço).

O namorado ouviu inclusive o tututu da ligação. Envergonhada, ela regressou ao lar e a briga continuou. As explicações para a troca de ofensas são as mesmas da pré-história da psicanálise: a menina anda distraída, não colabora com as tarefas do apartamento e não ama a família.

Sempre que a mãe desliga o telefone na cara da filha, a filha vai se vingar e bater a porta na cara da mãe.

Infelizmente, não concordei com minha adolescente. Poderia ser uma chance de ganhar terreno como pai separado, angariar simpatia e abrir uma campanha para que ela morasse comigo. Contexto fértil para realizar meu sonho paterno e trocar o porta-retrato da escrivaninha pelo rosto inteiro dela em meu ombro.

Mas não consegui. Sua mãe tinha razão.

– Ela está ferrando meu namoro, pai?

– Não, ela vem ajudando.

– Fica lembrando de que mamei até os dois anos, que larguei tarde o bico, do meu medo de escuro, da minha bagunça...

– Que bom, que bom.

– Chegou a mostrar para o Pedro minha foto de bebê, nua, tomando banho de mangueira...

– Que bom, que bom.

– Bom? Tá de gozação, né? Ficou do lado dela?

– É ótimo, não existe namoro sem oposição. Ela entusiasma o relacionamento, precisa da cumplicidade dele para enfrentá-la.

– O quê?

– Sim, vocês têm um inimigo em comum: os pais. O amor cresce com a resistência.

– Tá maluco?

Minha filha não entendia. O que seria de Romeu e Julieta sem o ódio familiar? Imagine a família Capuleto convidando Romeu para um churrasco no domingo? Acabava a atração de Julieta na hora de servir o salsichão e o coraçãozinho. Ele se tornaria um irmão, manso e amistoso como uma salada de batata.

Contrariar é aumentar a expectativa e fortalecer os segredos do casal. Sem atrito, não haveria serenata, encontros fortuitos e a insônia pela chegada de um mensageiro na peça de Shakespeare. Não restariam dificuldades, nenhuma prova de amor, a trepadeira permaneceria intacta no jardim. Tudo acabaria com comentários futebolísticos entre o sogro e o genro na frente da televisão.

– Sabe como a gente poderia realmente terminar seu namoro?

– Tenho medo de saber...

– Eu chamaria Pedro para uma conversa e diria: “Estou muito feliz que está cuidando de minha filha, conte com minha confiança, sinto que é a pessoa ideal, há muito tempo eu aguardava um cara sério e comprometido, já passei a economizar para fazer uma grande festa de casamento e providenciei um enxoval com as iniciais de vocês”.

Agora, quando visita o namorado e recebe um telefonema de sua mãe, minha filha atende o celular no viva-voz.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009



A morte do e-mail

Cresce o número de internautas que usam as redes sociais para trocar mensagens, deixando em segundo plano o "velho" correio eletrônico

DANIELA ARRAIS - DA REPORTAGEM LOCAL

Você checa e-mail várias vezes ao dia, usa sua caixa de entrada como um arquivo da sua vida e até manda lembretes para si mesmo sobre o que tem que fazer? E acha que a sua relação é a mais natural possível com a internet?

Então saiba que o e-mail, criado nos anos 1960, é uma ferramenta que tem perdido espaço na rede. O crescimento de redes sociais como Orkut e Facebook e de serviços como o Twitter aponta que usuários estão tentando se comunicar com mais velocidade.

Os adolescentes puxam essa onda. Pesquisa do Pew Internet & American Life Project, dos Estados Unidos, aponta que o e-mail vem perdendo espaço para os mensageiros instantâneos e o SMS como forma de se conectar com os amigos.

"O e-mail é visto como uma ferramenta usada para se comunicar com "gente velha", como pais e professores", afirmou em entrevista à Folha a pesquisadora Mary Madden.

Ferramentas como o Wave, do Google, reforçam a tendência ao enaltecer a multiplicidade e a instantaneidade.

"Embora o e-mail seja um formato de comunicação muito importante, a partir de agora só decairá no uso", afirma João Paulo Cavalcanti, sócio da Box 1824, empresa de pesquisa de tendências.

Ele cita estudo da Nielsen que aponta que o uso de softwares sociais superou a penetração do uso de e-mail. "Ou seja, os softwares sociais, principalmente o Facebook, já representam a principal forma de relacionamento via internet."

Nesta edição, veja como adolescentes se comunicam, leia como questões de insegurança afastam usuários e confira apostas para o futuro.


Zé Mayer! Ou Vai ou Viagra!

Esse é o grito de guerra dele; se houvesse antidoping de Viagra, a novela seria suspensa

Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta! É que um amigo meu foi se casar no cartório de Perdizes e adivinha o nome da escrevente? Claudia CARRASCO!

É o que eu digo: não é vocação, é predestinação! Os Predestinados! E um deputado do PMDB se chama Gastão! O resto se chama Ganhão!

E eu tenho uma amiga tão baixinha, mas tão baixinha que foi colocar o O.B. e tropeçou no barbante!

E, com o fechamento da Afundação Sarney, todos os fantasmas voltam pro Playcenter!

E o Zé Mayer que engravidou a Taís Araújo e a Giovanna Antonelli? Se houvesse antidoping de Viagra, a novela seria suspensa. Esse é o grito de guerra do Zé Mayer: "Ou Vai ou Viagra!". Rarará!

E um amigo meu estava chegando no Rio pela Dutra quando viu essa placa de humor negro: "Rio de Janeiro. Queimados. Siga Reto!".

É hoje! Vou ganhar na Mega-Sena! Se eu ganhar, desligo o celular e deixo o recado: "Não posso atender agora porque estou passeando de barco e a maré tá alta".

O que você faria se ganhasse na Mega-Sena? 1) Compro a Ilha de Caras. Convido todos os malas da TV. E cerco a ilha pra nunca mais encherem o saco. 2) Faço vasectomia. Não pago pensão nem pro cachorro. 3) Compro o passe do Cristiano Ronaldo pra ele bater um bolão lá em casa!

E ganhar na Mega-Sena é bom porque você não precisa nem fazer lipo, nem botar peito e nem tirar bunda. Você continua um bagulho, mas todo mundo quer transar com você. Não precisa encolher a barriga na hora de transar. UFA! Só isso já vale a aposta!

E um cearense ganhou na Mega-Sena, chegou em casa animadérrimo e disse pra mulher: "Arruma tuas malas que eu ganhei na Mega-Sena". "Boto roupa de inverno ou de verão?" "As duas porque tu vai de vez." Rarará! É mole? É mole, mas sobe! Ou como disse aquele outro: é duro, mas desce!

Antitucanês Reloaded, a Missão! Continuo com a minha heroica e mesopotâmica campanha Morte ao Tucanês. Acabo de receber mais um exemplo irado de antitucanês.

É que tem um amigo que chegou da República Tcheca e viu um papel higiênico chamado Grand Finale. Mais direto, impossível! Viva o antitucanês! Viva o Brasil!
E atenção! Cartilha do Lula! O Orélio do Lula.

Mais um verbete pro óbvio lulante. "Manada": um monte de mano em disparada, em direção ao jogo do Corinthians.

O lulês é mais fácil que o ingrêis. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno.

simao@uol.com.br

FERNANDO DE BARROS E SILVA

190 milhões

SÃO PAULO - "Tem pessoas que governam o Brasil para o imaginário de uma pequena casta. E tem pessoas que governam pensando em envolver 190 milhões de brasileiros."

O trecho foi dito por Lula na sua entrevista à Folha. Embora fale muito à imaginação, acabou sendo ofuscado pela repercussão da metáfora cristã que o presidente usou para ilustrar seu pragmatismo ilimitado. Voltemos a ele. O diabo, como se diz, mora nos detalhes.

Lula pretende "envolver" 190 milhões. O termo que usa é melhor do que parece. O petista quis lhe dar o sentido de "incluir" ou "abranger". O dicionário "Houaiss", no entanto, atribui mais de uma dúzia de significados à palavra -entre os quais "embrulhar", "enrolar", "tapar", "atrair", "cativar", "conquistar a atenção, a admiração ou o afeto de", "tomar conta de", "dominar".

O verbo comporta sentidos mais favoráveis e menos favoráveis a Lula. E todos eles concorrem para compor uma explicação que não seja banal ou simplória de seu governo. Ou seria essa uma maneira "tucana" demais de ver as coisas?

A oposição, de qualquer modo, deveria recortar a frase e distribuí-la aos membros de sua seleta casta com a seguinte instrução: leia e reflita pelo menos duas vezes ao dia -ao acordar e antes de dormir.

De nada adianta dizer que as complexidades do país real não cabem na clivagem sugerida por Lula. A retórica dicotômica com a qual o petista é capaz de inflamar grandes audiências não está solta no ar, mas ancorada na realidade palpável de que a classe C cresceu 31,3% neste governo e se tornou a mais numerosa do país.

No ano passado, segundo dados recentes da FGV, ela respondia por 49,2% da população.

A desconexão entre a aprovação popular do governo e o que Lula chama de "imaginário de uma pequena casta" é um dado intrigante da realidade. Tanto mais curioso porque, no país dos emergentes e das desigualdades, quem mais cresceu, em termos proporcionais, foi a chamada classe AB -37,1%.


28 de outubro de 2009 | N° 16138
MARTHA MEDEIROS


Confie em Deus, mas tranque o carro

Mike Tyson segue na mídia: andou sendo entrevistado pela Oprah e fazendo um mea-culpa por uma vida inteira de desvios de comportamento. Isso me fez lembrar de quando ele foi acusado de estupro pela ex-miss Desiree Washington, em 1991. A moça havia entrado no quarto com ele, de madrugada e, ao que consta, desistiu de levar adiante a brincadeira.

Qualquer pessoa tem o direito de desistir do ato sexual na hora H e o parceiro tem o dever de respeitar a decisão, por mais fulo da vida que fique, mas deixar Mike Tyson fulo não é algo que uma pessoa de juízo arrisque. Na época, a escritora Camille Paglia disse que Tyson errou, logicamente, mas que a moça era uma idiota.

E justificou sua opinião dando o seguinte exemplo: se você estaciona seu carro numa rua escura e deixa a chave na ignição, não significa que ele possa ser roubado. Mas, se for, você foi um panaca.

Essa história sempre me volta à cabeça quando começo a ouvir algum “ai de mim”, que é o mantra das vítimas. Fico prestando atenção na história e, quase sempre, descubro que o mártir deixou a chave na ignição.

São os casos de garotas que se deixam filmar nuas pelo namorado e depois descobrem que viraram as musas do YouTube, garotos que dirigem alcoolizados a 140 km/h e acordam no outro dia no hospital, ou artistas que vivem dando barraco em público e depois se queixam por serem perseguidos por paparazzi. Eles devem se perguntar, dramáticos: onde está Deus nessa hora, que não me ajuda?

Está ajudando a encontrar sobreviventes de um tsunami ou consolando quem tem um câncer em metástase, porque esses, sim, são vítimas genuínas: mesmo deixando seus carros bem trancados, foram surpreendidos pelo destino.

“Não há prêmio ou punição na vida, apenas consequências.” Não sei quem escreveu isso, mas está coberto de razão. Sorte e azar são responsáveis por uns 10% do nosso céu ou inferno, os 90% restantes são efeitos das nossas atitudes.

Vale para o trabalho, para o amor, para o convívio em família, para o dinheiro, para a saúde da mente e também do corpo. Reconheço que os governos não ajudam, que certas leis atrapalham, que a burocracia atravanca, que o cotidiano é cruel, e até as disfunções climáticas conspiram contra. Ainda assim, avançamos (prêmio) ou retrocedemos (punição) por mérito ou bananice nossos.

Então, tranque o carro numa rua escura e também dentro da sua garagem, não entre no quarto de um neanderthal se você não estiver bem certa do que deseja, não deixe uma vela acesa perto de uma janela aberta, pense duas vezes antes de mandar seu chefe para um lugar que você não gostaria de ir, não tenha em casa Doritos, Coca-Cola e Ouro Branco se estiver planejando perder uns quilos e lembre-se do que sua bisavó dizia: regue as plantas, regue suas relações, regue seu futuro, porque sem cuidar, nada floresce.

E, por via das dúvidas, confie em Deus também, que mal não faz.

Uma excelente quarta-feira ensolarada por aqui, para todos nós.


28 de outubro de 2009 | N° 16138
DAVID COIMBRA


As monstruosidades da cidade

Ernst Gombrich nasceu na Áustria há cem anos, poucos meses antes de dois mil porto-alegrenses assistirem ao primeiro jogo entre Grêmio e Inter no Estádio da Baixada. Ao completar 41 anos de idade, publicou A História da Arte, e depois disso poderia morrer.

Aí está uma obra-prima que justifica uma vida. Talvez seja o livro de arte mais famoso do mundo. Pelo menos é o meu preferido, eu que leio bastante sobre o assunto, o que não adianta nada – não entendo lhufas de arte. Limito-me a seguir os ensinamentos do Professor Gombrich, que escreveu o seguinte:

“Não existem razões erradas para se gostar de uma obra de arte. Existem razões erradas para não se gostar de uma obra de arte”.

Isso se tornou uma aflição para mim. Porque obriga-me a um torturante esforço para gostar de qualquer obra de arte. Afinal, se gostar, estou incontestavelmente certo. Se não, há grande chance de que isso ocorra pelo motivo errado.

O problema é que sou de fato tosco na coisa. Por exemplo: lá em casa havia três reproduções de quadros do Miró. A primeira vez que as vi, não gostei delas. Depois, tentei entendê-las, porque é aquilo: a gente só gosta do que conhece.

Dediquei-me com todo o empenho a esta tarefa. Sentava-me numa poltrona da sala e ficava olhando para os quadros. Olhando. Olhando. Sabia que na certa havia algo profundo além das figuras e das cores que divisava. Mas o quê? O quê???

Os quadros permaneceram durante anos pendurados naquela parede, sem que jamais os tivesse decifrado por completo. Terminei por me enternecer com a presença deles e até por apreciá-los, mas não pelo que representavam em termos de arte, porque isso, tanso, não entendi.

O drama é que algumas obras, mesmo que invista nelas toda a minha boa vontade, não consigo gostar delas. Donde toda a simpatia que me despertou o texto do Voltaire Schilling no domingo passado, afirmando que algumas das obras de arte que enfeitam Porto Alegre na verdade não a enfeitam; enfeiam-na.

Custo a admitir, mas não gosto da maioria das instalações das bienais de Porto Alegre, principalmente das que foram deixadas pelos desvãos da cidade, um bloco vermelho num parque, uma cuia do tamanho de um caminhão à margem de uma avenida. Que fazer? Triste deficiência, essa minha.

Pessoas que entendem de arte afirmam que, no futuro, é possível que essas obras sejam consideradas belíssimas. Usam como exemplo os impressionistas, criticados em sua época, amados hoje.

Um bom exemplo, mas ainda assim não aplaca as dores de minh’alma atormentada. Porque, embora adore os impressionistas, não adoro todos os impressionistas. Algumas de suas obras eu simplesmente... não gosto delas. Imagino que pelo motivo errado.

Quem entende de arte é assim. Aprecia a arte contemporânea, as abstrações, as instalações, mesmo as aparentemente tolas, que, no meu precário entender, são quase todas.

O futebol também tem os seus estetas da tática, sobretudo os técnicos. O Gre-Nal ofereceu ilustrações perfeitas a respeito. Autuori tinha uma razão teórica para tirar Douglas Costa do time: ele queria um jogador com outras características no ataque.

Pouco lhe importava que Douglas fosse o melhor em campo, importava-lhe o movimento mudo das peças. Já Mário Sérgio elogiou Taison por ter marcado o lateral do Grêmio. Será que não é pouco para um atacante? Será que essa tarefa não seria mais bem exercida por um zagueiro? Decerto que sim, mas para o treinador o que interessa é o jogador cumprir a função que lhe foi designada, como um estafeta do futebol.

Como se estivesse prenhe do conceito emitido pelo Professor Gombrich, um esteta da tática considera qualquer esquema de jogo belo, apenas porque o compreende. Ou o concebe, no caso de ele ser um treinador. Mas futebol não é arte. Nem esporte é: é jogo.

Que só se vence quando se emprega o talento do atacante, a iniciativa pessoal na solidão bem vigiada da intermediária, a inspiração na zona conflagrada da grande área, o drible na esquina do campo, a negaça diante do zagueiro, o improviso impossível de ser previsto pela tática, por um analista, por um técnico, por mais sábio que seja. Ou que pretenda ser.


28 de outubro de 2009 | N° 16138
DIANA CORSO


O terceiro incluído

O que leva um garoto de 11 anos a esgueirar-se para dentro da carroceria de um ônibus, viajar nove horas clandestino sobre o para-lama, 600 quilômetros rumo a Aparecida, para pagar uma promessa? Ele não foi em busca de arrancar da morte um ser querido, nem de dinheiro para driblar a miséria, nem sequer uma bicicleta ou namorada. Ele queria que os pais parassem de brigar. Esse excêntrico peregrino fez sua façanha semana passada em São Paulo.

Briga de casal faz parte da vida a dois, em geral passa. Já algumas crises conjugais são guerras abertas, incluem inocentes entre os mortos e feridos. Antes do armistício há um longo percurso de ódio em que os envolvidos não querem solução, precisam destilar sua fúria.

Esse é um momento do casal próximo da paixão: apaga-se o mundo em volta, sobram só os dois, agora rivais, concentrados um no outro. Aos filhos resta sobreviver e jamais saem intactos.

Não sou contra separações, muitos casais sobrevivem à dor, inevitável, do rompimento rumo a uma vida certamente melhor. Mas nem sempre é assim: muita gente desiste por perfumaria, promessas ridículas de felicidade e gozo que nunca alcançarão. Esse menino, cuja fé motivou o feito, é o testemunho do terceiro incluído nesse conflito. Quando há filhos é evidente que sofrerão também com a separação.

A concepção é uma síntese não apenas biológica. Um filho sente-se eternamente representante de um instante a dois, de sexo e ou amor. A dissolução do laço que o originou sempre questiona sua origem: cheguei aqui em nome de algo que não existe mais, ou que faz sofrer aos meus pais? Por isso o filho se envolve, culpa-se, responsabiliza-se pelo destino do conflito, como fez esse garoto.

O pequeno fiel deu visibilidade ao lado frágil do conflito conjugal. Nem sempre os filhos perdem com a separação: um cotidiano miserável, de gritarias, violência ou ódio silencioso, é certamente pior do que a paz da derrota.

Tampouco serve manterem-se juntos, prolongando uniões que na prática já acabaram, em nome dos filhos, tornando-os responsáveis pela miséria do casal. Isso em geral é mentira: ninguém permanece casado ou se separa por causa dos filhos.

Não pensam realmente nos filhos quando o assunto é amor ou o fracasso do amor. Quando o casal goza, não pode nem deve incluí-los, quando se odeiam ou rompem, tampouco o fazem. Mas o envolvimento é inevitável, eles pegam carona na crise, como o garoto fez no ônibus. Haja santa para proteger tantas almas sofridas.


28 de outubro de 2009 | N° 16138
PAULO SANT’ANA


O olho de Franciele

Ontem, estive a ponto de pedir uma audiência com a governadora.

Foi a respeito da menina Franciele Cunha Brandão, residente à Rua Fernando Abbott, 715, POA.

É aquela menina para quem pedi socorro às autoridades por ela estar perdendo o último dos dois olhos, do primeiro já está cega. E o glaucoma está por cegar-lhe o segundo.

Eu ia pedir audiência à governadora porque Yeda Crusius me garantiu que essa menina seria amparada.

Além da governadora, o secretário estadual da Saúde, Osmar Terra, me garantiu pessoalmente que essa menina ia ser amparada.

E, até agora, nada de amparo. Ou melhor, nada de amparo objetivo. Até agora, só firulas.

Na Santa Casa, as firulas consistiram em examinar a menina e concluir que seu caso não tem solução em Porto Alegre.

Que descoberta! Que ovo de Colombo! Quem é que não sabia que não havia solução para a menina em Porto Alegre? Se houvesse solução, creio que apesar da brumosa competência do SUS, que não se sabe se pertence à prefeitura, ao Estado ou ao plano federal, se houvesse solução em Porto Alegre, repito, creio que, apesar de todos os desacertos, já teriam solucionado.

Sabiam os oftalmologistas da Santa Casa que em Porto Alegre não há solução para o caso dessa menina. Porque isto eu escrevi na minha coluna no dia em que bradei por socorro para ela.

Escrevi mais: que a única esperança de cura para essa menina é o renomado oftalmologista de Goiânia Marcos Ávila, titular da maior clínica oftalmológica brasileira.

E é para lá que essa menina tem de ser encaminhada.

E eu ia pedir audiência com a governadora porque um atrapalhado intermediário dos quadros da Secretaria Estadual de Saúde disse esses dias à menina, que prossegue clamando por socorro, que o Estado vai pagar as passagens de avião dela até Goiânia mas não poderá pagar alimentação e hotel para ela lá em Goiás, isto terá de ser custeado pela própria menina. E mais disse o medíocre burocrata: que ela, a menina, é que terá de marcar consulta com o oftalmologista famoso de Goiânia.

Eu queria responder a esse irresponsável subcacique da Secretaria de Saúde estadual que essa menina não tem dinheiro para pagar o ônibus do Iguatemi, onde ela mora, até o Centro. Como é, imbecilidade suprema, que ela vai poder pagar hotel e alimentação em Goiânia, quando for consultar ou se operar com o oftalmologista de lá?

Ou seja, estão enrolando essa menina. Estão embromando essa menina. E por isso eu queria falar com a governadora.

Mas não foi preciso, o Paulo Burd, assessor de imprensa da Secretaria da Saúde estadual, me colocou em tempo recorde a telefonar com o secretário Osmar Terra, que estava em Brasília, mas me atendeu prontamente.

Em suma, o que me disse e me prometeu Osmar Terra, ontem à tarde, pelo telefone: “Eu quero te assegurar, Sant’Ana, que essa menina será mandada a Goiânia, com consulta marcada por nós, com passagens aéreas pagas por nós, com estadia e alimentação custeadas pelo Estado ou pelo SUS.

E quero também te assegurar de mais: se em Goiânia, com o médico Marcos Ávila, a menina Franciele não resolver este problema, e se em algum lugar do mundo houver solução para seu problema, nós a enviaremos para lá, por conta do SUS, que cansa de mandar pacientes para o Exterior”.

Quero dizer que sou obrigado a acreditar nas pessoas. E vou mais uma vez dar um crédito ao excelente secretário Osmar Terra.

Tenho certeza de que ele fará a menina Franciele ser acompanhada de um familiar e de um funcionário da Secretaria da Saúde a Goiânia, com tudo custeado pelo poder público.

Não foi preciso eu marcar audiência com a governadora, que fica assim reservada como minha última instância.

terça-feira, 27 de outubro de 2009


JOSÉ SIMÃO

Socuerro! Carla Perez vira apostila!

E o Lula, que fez aniversário? O corpinho é de 64, mas a cara é sempre de 51!

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta! É que um amigo meu estava prestando um concurso e comprou uma apostila resumida. Como era o nome da professora? CARLA PEREZ!

Carla Perez! Rarará! Carla Perez vira apostila. Com "i" de iscola e "e" de esqueiro! E ela foi pro programa do Silvio Santos e disse que o Alasca era uma praia! Neve e areia é tudo branco mesmo! Ela faz esquibunda nas dunas do Alasca!

E o Lula, que fez aniversário? Vocês viram na TV? O Lula fez 64 anos. Com aquela cara de 51. O corpinho é de 64, mas a cara é sempre de 51! E a boca da dona Marisa? Completou 64 plásticas. Ela tá com a boca da Aline Moraes. Boca de bico de tênis Conga.

E essa: "Sarney fechará fundação que leva seu nome no Maranhão". Se ele fechar tudo que leva seu nome no Maranhão, o Maranhão acaba. Ele fechou a Afundação Sarney. Mas não é onde ele seria sepultado? Então ele não tem mais onde cair morto! Campanha: "Arrume um lugar pro Sarney cair morto e seja feliz!".

E essa vem direto da Cópula do Clima de Copenhague: "A vaca é uma bomba climática!". Flatulência de gado esquenta o planeta. Botaram a culpa na vaca! Pum de vaca avacalha o planeta. A vaca é PUMluidora. A PUMluição!

E querem que os fazendeiros paguem imposto. Já imaginou se a moda pega: IPUMtu e IPUMva! Rarará! E ainda acaba com a maior diversão do ser humano: soltar pum embaixo do cobertor! E sabe o que o planeta disse pros ecologistas? Me deixem morrer em paz! Rarará!

E um amigo me disse que o Palmeiras tá parecendo a Vanusa cantando o hino! Um sincroniiiiiismo! Sujão na Chavezuela! Chávez quer que os companheiros tomem banho de três minutos pra economizar. Lembrar da namorada ou da vizinha durante o banho nem pensar. Como disse aquele venezuelano: "Não dá nem pra bater uma no chuveiro!".

Na Venezuela a única coisa que se bate é continência. Rarará! Manda o Chávez botar aquela placa no chuveiro: "Favor lavar só o que for usar hoje!". Quem tomar banho é inimigo da pátria! Ianque de mierda! Venezuelano não é porco, é patriota!

É mole? É mole, mas sobe. Ou, como disse aquele outro: é mole, mas chacoalha pra ver o que acontece.

E atenção! Cartilha do Lula. O Orélio do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. "Penúria": companheira galinha. O lulês é mais fácil que o ingrêis. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

simao@uol.com.br