sábado, 28 de maio de 2022


28 DE MAIO DE 2022
POLÍTICA +

Nunca seremos os mesmos sem a luz de David Coimbra Manuela não concorre

Mesmo para quem vive de palavras, é difícil encontrar alguma que expresse o sentimento nesta hora em que é preciso encarar a realidade. Nunca mais teremos a luz de David Coimbra brilhando entre nós. Precisaremos reencontrá-la nos textos que ele escreveu - e como escreveu - nestes 60 anos de vida.

Nos últimos 30 anos, fomos colegas no Grupo RBS. Dessa convivência e das divergências democráticas nasceu a admiração pelo homem que se entregava à vida, ao amor, ao jornalismo, à literatura e aos amigos. Ele era o mais completo, eclético e versátil da nossa geração.

A música tema da vida do David é dos Beatles, mas são versos do cancioneiro gaúcho que me ocorrem nesta hora triste. É de Luiz Menezes, na música Última Lembrança, que Joca Martins interpreta divinamente:

"Quando morrer, permita Deus que nesta hora. Ouças ao longe o cantar da cotovia Será minh?alma que num pranto triste chora...

E nesta mágoa o teu nome pronuncia..."

David amou muitas mulheres até encontrar Marcinha. É nela que penso agora e a imagino ouvindo o cantar da cotovia no largo pampa que apresentou a David. Marcinha, a companheira que foi a fortaleza ao lado do nosso amigo e do filho que os dois geraram, o Bernardo, um dos responsáveis para que aqueles seis meses dados pelos médicos quando descobriam o câncer se estendesse por 10 anos.

É incrível pensar agora que nestes 30 anos de Zero Hora nossa conversa mais longa tenha sido quando ele já estava naquela fase de buscar a cura. Porque vivemos sempre na corrida contra o tempo, nossas conversas sempre foram breves. Eu não era da turma de amigos que varavam a noite tomando chopes cremosos, até porque sou uma criatura diurna.

No dia da nossa conversa mais longa, estávamos a caminho de Brasília, para entrevistar a presidente Dilma Rousseff. No chá de aeroporto e depois, no avião, David me contou em detalhes a descoberta do tumor, o choque inicial, a sentença de morte em seis meses, que ele reverteria com persistência, força de vontade, amor e o melhor que a medicina pode oferecer, no Brasil e nos Estados Unidos.

David contou a história em detalhes no livro Hoje eu Venci o Câncer. O livro termina com final feliz, porque ali ele tinha vencido mesmo, mas o bicho é traiçoeiro e voltou mais feroz.

A pandemia nos privou da presença dos colegas por dois anos e quando começamos a voltar o David precisou ficar em casa, porque sua imunidade estava muito baixa. Encontramo-nos apenas uma vez, no encontro de final de ano na RBS. Quando o abracei, estava tão magro que levei um choque, mas mantinha o bom humor e aquele espírito tão característico.

Hoje, como sempre acontece quando perdemos uma pessoa querida, gostaria de acreditar que existe outra vida, outra dimensão, onde os que morrem se encontram. E que nessa dimensão David encontrará meu pai e dirá a seu Alvino que eu era sua consultora para assuntos do reino vegetal, porque recorria a mim quando precisava identificar uma flor, um arbusto ou uma árvore incomum.

Nessa dimensão, David encontrará Ricardo Carle, o amigo que formava o quarteto com Telmo Flor e Juremir Machado da Silva nos tempos em que matavam aula na Famecos e iam para um bar discutir política e filosofia. Nesse mundo para onde as almas voam, David há de encontrar o Professor Juninho, amigo e personagem de tantas crônicas, para tomar os tais chopes cremosos. Há de encontrar o avô sapateiro, que nos parece alguém da família, e passar horas conversando sobre o IAPI, a dona Diva, os jogos de bola no estádio Alim Pedro e as reuniões dançantes da Zona Norte.

Um dos maiores leitores da nossa geração, conhecedor profundo das grandes obras da literatura universal, talvez agora David consiga arrastar Tolstói para uma mesa de bar celestial e trocar o chope pela vodca, Júlio Cortázar para um café com medias lunas, Proust para um bate-papo à sombra das raparigas em flor.

Apesar do bom desempenho nas pesquisas e do cenário favorável com a direita dividida, a ex-deputada Manuela D?Ávila decidiu: não será candidata ao Senado. A decisão, que abre um rombo na chapa PT-PCdoB, foi comunicada ao pré-candidato do partido a governador, Edegar Pretto:

- Sei da importância da eleição e sei que contribuí em 2018 e 2020 para acumularmos forças para vivermos esse cenário mais favorável agora, mas não serei candidata. Me esforcei muito para termos um palanque único da base de Lula aqui no Estado, com Edegar Pretto, Beto Albuquerque e Pedro Ruas, mas não conseguimos.

Entre os motivos para não ser candidata, Manuela cita a violência praticada contra ela e a filha Laura, de seis anos. Mesmo contando com o apoio do marido, o músico Duca Leindecker, e do enteado Guilherme, para ser candidata, Manuela optou por seguir a carreira acadêmica (está fazendo doutorado), o trabalho no Instituto E se fosse você? e os livros.

- Vou ser uma militante de nossa chapa, vou estar onde acharem que posso ajudar para garantir que derrotemos o bolsonarismo lá e aqui - disse Manuela à coluna.

a saída de manuela, somada à divisão do bolsonarismo entre hamilton mourão e nádia Gerhard reacende no mdb a esperança de convencer o ex-governador josé ivo sartori a disputar o senado. na última conversa, sartori pediu uma semana para pensar e conversar com a família. o prazo termina segunda-feira.

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