sábado, 14 de maio de 2022


14 DE MAIO DE 2022
OPINIÃO DA RBS

CAMPEÕES DA SUPERAÇÃO

Encerra-se neste fim de semana, em Caxias do Sul, a 24ª edição das Surdolimpíadas. Muito além do caráter competitivo, o evento realizado pela primeira vez na América Latina deixa como grande legado a confirmação da força do esporte como elemento de inclusão e de integração entre os povos. Foram 15 dias de intensa e rica convivência entre atletas, demais membros das delegações, voluntários e a comunidade da Serra.

Mais do que por medalhas e marcas batidas, sempre importantes para os desportistas, o evento será lembrado no Rio Grande do Sul pelas belas histórias de superação dos participantes, pessoas surdas ou com perdas auditivas que, ao longo da vida, souberam vencer os obstáculos da limitação. São inúmeros atletas com trajetória de grande perseverança, como a da brasileira mesatenista que, além de não ouvir, era a única participante com Síndrome de Down, ou a do corredor, órfão na infância, que chegou a ser morador de rua e encontrou no atletismo a razão para perseverar e retomar uma vida com dignidade.

Carrega ainda grande simbolismo o fato de o quadro de medalhas ser liderado pela Ucrânia. Com a nação em guerra devido à invasão russa, muitos atletas acabaram acolhidos por outras federações para treinarem e estarem aptos para a competição, ao mesmo tempo que mantinham a aflição com conhecidos e familiares que permaneceram em território ucraniano. Mais um eloquente exemplo de solidariedade e prova de que o espírito olímpico pode estar acima da disputa por um lugar no pódio.

As Surdolimpíadas foram realizadas pela primeira vez em Paris, em 1924. São consideradas pioneiras no mundo como evento esportivo internacional para pessoas com necessidades especiais. Costumam ocorrer a cada quatro anos. Originalmente deveriam ter sido realizadas em 2021, mas acabaram adiadas devido à pandemia. Sete países cogitados optaram por não receber a competição. A vinda para o Rio Grande do Sul é resultado da obstinação do caxiense Gustavo Perazzolo, atual presidente do Comitê Internacional de Esportes para Surdos (ICSD).

Os números falam por si e dão a dimensão da relevância das Surdolimpíadas na Serra. São 77 países, com 4,2 mil atletas (sendo 199 brasileiros, entre eles 45 gaúchos) que disputaram 20 modalidades e movimentaram não apenas Caxias, mas outras cidades da região nas últimas duas semanas. Mais 250 voluntários e 30 intérpretes completam o mutirão esportivo que está prestes a chegar ao fim, de forma amplamente exitosa. O fim de semana terá as últimas medalhas em disputa e será a derradeira oportunidade para o público comparecer, vibrar e se emocionar com todos os atletas que, no pódio de suas modalidades ou não, merecem efusivos aplausos por serem verdadeiros campeões da superação.

OPINIÃO DA RBS

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