domingo, 16 de janeiro de 2022


Mães e filhas, o luto e o autoconhecimento

Athene, mãe de Suzanna Peacock, que viveu a década de sessenta, é o tema central do romance A loja dos sonhos (Editora Intrínseca, 416 pág, R$ 59,90, tradução de Adalgisa Campos da Silva), inédito no Brasil, é o terceiro livro publicado da aclamada escritora e jornalista inglesa Jojo Moyes. Ela é autora dos best-sellers A última carta de amor e Como eu era antes de você e já vendeu mais de 30 milhões de exemplares, publicados em vários países do mundo.
Athene viveu como poucos a agitada década de sessenta. Mimada, incontrolável e glamourosa, aceitou casar e seus pais respiraram aliviados, até que, apenas dois anos depois do casamento, os boatos de uma traição começaram a circular.
Trinta e cinco anos depois, Suzanna ainda tem dificuldades para se desvencilhar das famigeradas histórias da mãe. Para completar, ela não está feliz, seu casamento já não é mais o mesmo e, depois de ter voltado à cidadezinha em que cresceu, não tem dúvidas de por que fez questão de se afastar de lá e manter distância por quinze anos.
Suzanna só encontra sossego e paz em sua loja, uma mistura de cafeteria e brechó onde vende de tudo um pouco, de bijuterias de segunda mão a um bom espresso. Lá faz amigos de verdade pela primeira vez, como Jessie, uma jovem curiosa e criativa, e Alejandro, um argentino solitário que trabalha no hospital local, adora um espresso e tem histórias familiares complicadas para contar.
Embora os dias na loja a façam sentir feliz e protegida, o fantasma da mãe segue perseguindo Suzanna e, só depois de enfrentar a família e seus medos, ela encontrará a chave para entender sua própria história e ver sua vida mudar.
Com personagens complexos e inesquecíveis, na mistura de passado e de presente, no melhor estilo de Jojo Moyes, A loja dos sonhos mostra como é possível encontrar segurança e redenção nos lugares mais improváveis, além de indicar que o sucesso da autora em muitos países não é obra do acaso.

Lançamentos

Press Dinheiro (Athos Editora, 58 pág, R$ 10,00) - em sua primeira edição em formato de revista, publicada sob a direção do editor e jornalista Júlio Ribeiro, traz grande matéria de capa sobre como proteger o seu dinheiro, além de uma entrevista com Márcio Port e artigos sobre criptomoedas, pix, revolução Fintech e o uso de dinheiro físico.
O jeito Harvard de ser feliz (Benvirá, 216 pág, R$ 24,50) de Shawn Achor, um dos maiores especialistas mundiais em sucesso e felicidade, trata, em síntese, dos conteúdos do curso mais concorrido da melhor universidade do mundo. É preciso ser feliz para ter sucesso e não o contrario, ensina a obra, que também ressalta a importância de ser positivo.
Forever and ever (Bestiário/Class, 190 pág, R$ 38,00) traz poemas do médico André Campos, ginecologista e obstetra, e apresenta uma visão masculina falando do amor. André fala de homens, de mulheres, de amor, com palavras masculinas que cuidam dos recantos mais delicados do mundo atual. A obra mostra bem o que é o sentir de terno e gravata.

2022 , o ano da esperança

O Mario Quintana, sempre ele, aquele que a Academia não mereceu, o eterno e verdadeiro imortal do povo, escreveu que a esperança é um urubu pintado de verde. Bom, aí você pode pensar ou sentir sobre isso , pensar se esperança é enganosa ou se é nossa eterna arte de pintar de verde um pássaro preto ou uma situação difícil.
Concordo com os relatores, com os redatores e, principalmente, com a voz do divino povo e também quero eleger a palavra esperança como o título para 2022. Numa pesquisa do Instituto Ideia, saúde e recomeçar ficaram em segundo e terceiro lugar na palavra para 2022.
Diz o povo que a esperança é a última que morre e que nada é mais comprido que esperança de pobre. Diz o povo também, sempre sábio como certos doutores e academias, que enquanto há vida existe esperança. É verdade, e vamos ter esperança neste 2022, depois do vacinado 2021.
Não por acaso, um dos espetáculos musicais mais marcantes de nossa pátria mãe gentil é Brasileiro, profissão: esperança, com textos de Paulo Pontes e canções de Dolores Duran e Antônio Maria. O espetáculo já teve versões com Maria Bethânia e Italo Rossi (1971), Clara Nunes e Paulo Gracindo (1973) e Bibi Ferreira e Gracindo Jr (1998) e, a partir de agosto de 2021, nova versão entrou em cartaz com Cláudia Netto e Claudio Botelho, em temporada presencial, no Teatro Clara Nunes, no Rio de Janeiro.
Nesse momento de pós-pandemia nada mais simbólico que relembrar as crônicas do grande jornalista Antônio Maria e as lindas canções de Dolores Duran e pensar, mais uma vez e sempre, que um de nossos traços principais é justamente ter esperança e seguir adiante, apesar dos problemas éticos, políticos e econômicos que iniciaram lá por 1500 e seguem fazendo sucesso de bilheteria por aí, especialmente nos centros do poder.
Há os que não demonstram esperança diante dos poderes públicos, do desemprego gigante, das crises econômica, moral, política, ética e comportamental e das complicações para entender a política, os políticos e as futuras eleições. Não são poucos os desesperançosos e eles têm suas razões para desacreditar no futuro. É preciso ouví-los.
Há os milhões que não estão nem aí e que nem pensam em esperança ou desesperança.
Os esperançosos, apesar dos ventos e das marés e das nuvens escuras, aproveitam o clima de início de ano para botar fé na mega sena e em outras coisas e pensar que na vida é preciso acreditar em algo ou em alguém para conseguir levantar da cama pela manhã (ou pela tarde). Acreditar em certas pessoas ou até em pedras, pirâmides ou outros objetos de esperança faz parte da vida e isso é mais antigo do que as comissões que os empreiteiros devem ter faturado nas obras das pirâmides faraônicas do Egito.
Acredite, acredite em alguém ou em algo porque senão é o buraco, não custa repetir. Mas é bom pesquisar bem antes de escolher a crença, e fazer escolhas boas. Tem muito gato vestido de lebre e muito lero inconsistente na praça. Confere bem, lê a bula, vê quem tem ficha limpa e aí você pode se jogar com menos riscos.
 a propósito...
Enfim, é bom que tenhamos esperança e que essa qualidade bem brasileira continue conosco. Um pouco de pragmatismo norte-americano ou europeu pode nos ajudar. Não adianta ficar só esperando o Godot ou o Dom Sebastião e achar que é só esperar e tudo vai se resolver. É preciso agir, colocar a mão na massa e mostrar que quem sabe faz a hora, não espera acontecer, como disse Geraldo Vandré. Esperança ou esperançar, sim, mas passividade não. Como gostam de dizer os juristas: peço e espero que a Justiça seja feita. É isso, meus vinte e quatro amigos. Desejo boas esperanças e ótimas ações em 2022 e espero que, se for preciso, tenhamos muitas latas de tinta verde para pintar os urubus.

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