segunda-feira, 17 de janeiro de 2022


17 DE JANEIRO DE 2022
CÉSAR OLIVEIRA

Afinal, somos frutos de qual raiz?

Desenvolvimento e identidade cultural caminham juntos. Buscar o primeiro necessariamente requer abrir espaço para o segundo. É por isso que falo e luto tanto pelos nossos patrimônios.

Dentre os países mais desenvolvidos do mundo, temos claros exemplos de culto e preservação da cultura de raiz. Alemanha, Japão e Espanha: distintamente, os três mantêm vivos seus prédios históricos, patrimônio artístico, literatura, trajes típicos, culinária, costumes e valores regionais. No entanto, não deixam de evoluir em educação, economia e tecnologia. O novo momento que vivenciamos em nosso Estado nos dá esperança de que aqui possamos viver essa realidade. Ninguém chega à multiplicação sem antes aprender a soma. Para chegar à cura, antes é preciso conhecer a doença. Do mesmo modo, para alcançar o progresso de um lugar, antes é preciso conhecer seu povo, como ele age, pensa, funciona.

Quando se fala em autoconhecimento, entendo que conhecer a si não é apenas quanto a questões energéticas ou espirituais. Autoconhecer também é saber sobre a sua procedência. Como tantas vezes relato, é abrir as gavetas da nossa casa e saber o que possuímos. Nos últimos tempos, muitas gavetas foram abertas. Muitos gestores têm valorizado as questões regionais, exaltando e oportunizando o conhecimento de lugares que antes sequer eram lembrados.

Mesmo possuindo uma história nova, uma "pátria" recém-formada, temos em todas as regiões de nosso Estado incontáveis riquezas, mas que são pouco exploradas e clamam por ser fomentadas. Somos procedentes de uma mescla cultural: negros, europeus, índios, latinos, dentre outros povos que nos forjaram. A pluralidade não requer a exclusão da nossa identidade, muito pelo contrário. Todos podemos nos nutrir do sentimento de ser gaúcho. O mês de setembro é a prova.

O que mais identifica esse sentimento de pátria de um povo é o amor pelo seu hino e sua bandeira. Abrimos a garganta, orgulhosamente, cantando nosso hino. Este ato é reconhecido por brasileiros de outros Estados, mas, por ser tão nosso, muitas vezes não notamos a magnitude. Para nós, que possuímos esse atributo de pertencimento, é necessário entender o potencial dessa pujança causadora de tanta admiração.

Devemos tomar conta das raízes da árvore que gera os frutos que nos sustentam e, consequentemente, as sementes da nossa continuidade. Jamais esqueçamos que ela demorou para forjar seu "cerne", sua essência, nossa medula, assim como ocorreu nos países aqui citados. Quiçá alcancemos o patamar deles, pois elementos não faltam. Afinal, somos frutos de qual raiz?

CÉSAR OLIVEIRA

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