segunda-feira, 24 de outubro de 2022


24 DE OUTUBRO DE 2022
EMPREENDEDORISMO

Número de startups gaúchas cresce cerca de 70% em 2022

Estado supera mil empresas em atividade na modalidade e se consolida como o terceiro maior ecossistema do país

Em 2022, o Rio Grande do Sul rompeu a barreira das mil startups em atividade. Ao longo do ano, a quantidade de empresas, nos mais diferentes estágios de maturidade, avançou 73% - de 661, em dezembro de 2021, para 1.144, atualmente. De acordo com os dados da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), os ecossistemas de Porto Alegre, São Leopoldo, Caxias do Sul, Santa Maria, Pelotas e Canoas detêm a maior concentração do mercado no Estado.

O salto ocorre em cenário considerado positivo e passa pela evolução do interesse por inovação nas grandes corporações e o aumento exponencial dos investimentos. Gustavo Araújo, CEO e cofundador da consultoria Distrito, que reúne informações do segmento, lembra que, em 2019, ano anterior à pandemia, foram aportados US$ 3,5 bilhões em startups no Brasil. Em 2021, após alta de 177,1%, os dados indicam US$ 9,7 bilhões.

- Um crescimento brutal de investimento de venture capital (via fundos) cria um ciclo positivo no mercado. Há muito dinheiro sendo alocado em tecnologia e, ao mesmo tempo, um amadurecimento dos ecossistemas, com mais empresas buscando inovação digital e em contato com as start- ups - anota.

Araújo também percebe maior equilíbrio entre a relação de risco e retorno do que no passado recente. Segundo ele, o fator amplia a quantidade de empreendedores e gera uma valorização robusta das empresas.

- São startups que resolvem problemas complexos com boas oportunidades. Por essa razão, é muito comum ver executivos de altas posições deixando seus cargos para empreender - resume.

Dentro da nova leva de startups gaúchas, Rafaela Mendes Reinehr e os sócios, Guga Ferreira e Júlia Lorenzon, literalmente, "uniram a fome com a vontade de comer". Durante a pandemia, Rafaela que é formada em administração, comentou com a amiga e nutricionista, Júlia, a respeito da dificuldade de encontrar comidas saudáveis, apesar dos filtros disponíveis nos aplicativos de delivery tradicionais.

- Recorria muito aos pedidos e até ia para os apps com boa intenção, mas acabava caindo em tentação. Esse foi um problema que aconteceu com muita gente e tem relação direta com o ambiente alimentar digital. Ou seja, há muita exposição de opções de fast food em redes sociais e streamings de séries e filmes, que acabam influenciando a escolha do consumidor. Resolvemos criar uma alternativa de delivery com curadoria de nutricionistas para dar segurança aos consumidores - conta a empreendedora.

Estreia

Nascia assim a Pede que Nutre. Em abril, depois de lançar a ideia, a startup venceu uma batalha no Gramado Summit, recebeu investimentos de R$ 200 mil da aceleradora gaúcha Ventiur e pôde ingressar no ecossistema do Tecnopuc, em Porto Alegre.

No início de julho, a empresa estreou no mercado. Desde então, conta com a oferta de produtos de 20 estabelecimentos. A taxa de recorrência dos pedidos supera a marca de 50% e o crescimento bateu os 60% em setembro.

- A meta é, até o final do ano, levar a Pede que Nutre para mais duas localidades, além de Porto Alegre - projeta Rafaela.

RAFAEL VIGNA

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