05 DE DEZEMBRO DE 2018
OPINIÃO DA RBS
RACIONALIZAÇÃO NOS MINISTÉRIOS
Um bom sinal emitido pelo próximo governo, além dos cuidados para evitar danos ao setor público por integrantes de partidos, é a indicação de nomes de alta qualificação
Mais do que os nomes, o rearranjo administrativo na composição do primeiro escalão do governo Jair Bolsonaro é um sinal positivo de desejo de mudanças, como ficou claro na nova configuração exposta pelo futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Apesar de o número de pastas ter extrapolado a previsão de 15, há redução significativa. E, mais do que isso, uma certa racionalização em pastas que, até agora, constituíam-se em meros feudos de partidos. No momento em que o presidente eleito dá início à negociação direta com representantes de partidos, é importante observar se o rigor na política de definição de nomes para os ministérios se estenderá também à definição de nomes dos demais escalões.
O novo governo se elegeu com o compromisso de acabar com a política de apadrinhamento de gestões passadas, nas quais postos- chave costumavam ser ocupados por critérios, na maioria das vezes, essencialmente políticos. Entre os nomes já confirmados até agora, persistiram resquícios desse passado de concessões. É o caso do Ministério do Turismo, que parece ter sido preservado para alojar aliado do PSL, o partido pelo qual o futuro presidente se elegeu, quando podia muito bem ser absorvido por outra pasta. As exceções, porém, não tiram o acerto geral das escolhas já anunciadas.
Um bom sinal emitido pelo próximo governo, além dos cuidados para evitar danos ao setor público por integrantes de partidos, é a indicação de nomes de alta qualificação técnica, militares ou não. O grande desafio, a partir de agora, será resistir à partilha de cargos de segundo ou terceiro escalões.
É saudável a abertura de conversas do presidente eleito com agremiações políticas. Ainda assim, o diálogo tem de se dar sobre os interesses maiores do país, e não com base na velha politica do toma lá dá cá. O futuro governo vai precisar dos políticos no Congresso para aprovar reformas como a previdenciária e a tributária, sem as quais não terá como levar seu projeto adiante. Isso não significa, porém, que deva se render à pressão por cargos que, até agora, pautou a relação entre Executivo e Legislativo.
Tal disposição precisa ser apoiada e fiscalizada por todas as instituições que cobraram o combate à corrupção nos últimos anos. Se conseguir reverter o perverso ciclo da degradação da política, o presidente eleito já terá dado uma grande satisfação ao eleitorado.
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