18 DE DEZEMBRO DE 2018
ARTIGOS
ENVELHECIMENTO ATIVO
Quando resolvi vir para Portugal estudar envelhecimento, um amigo me perguntou se eu estava legislando em causa própria. Acontece que estamos envelhecendo e, num piscar de olhos, todos chegaremos lá. Segundo a Organização Mundial da Saúde, entre 2025 e 2050, a população idosa chegará a quase 40%, significando que pela primeira vez excederão os jovens em todo o mundo. É importante dizer que não existe idoso típico.
Os neurocientistas constataram, através de inúmeros estudos de imagens, que o envelhecimento se caracteriza por preservação e declínio de algumas habilidades. Enquanto mantemos algumas aptidões, como vocabulário, linguagem, compreensão e raciocínio prático, declinamos nas funções executivas de planejamento, atenção, memória, capacidade de resolver problemas, assim como, na visão e audição, o que dificulta nosso desempenho nas tarefas da vida diária.
Entretanto, teorias como a STAC - Scaffolding Theory of Cognitive Age - sugerem que, na tentativa de dar suporte às estruturas em declínio, criamos andaimes cognitivos e recrutamos neurônios de outras regiões do cérebro. É justamente essa neuroplasticidade que nos permite reorganizar e adaptar as estruturas cerebrais por meio de desafios, estímulos e treinos cognitivos para adquirir novos conhecimentos e novas respostas.
Em suma, entre todas as questões relacionadas ao envelhecimento, uma delas é primordial. Diz respeito à personalidade e ao quanto estamos abertos e flexíveis para olhar a vida de um novo jeito, a fim de ressignificar velhos modelos e de viver novas experiências. Vamos nos relacionar, brincar, jogar, ler, tocar um instrumento, aprender idiomas, namorar, amar e viver a vida com leveza.
Então, meu amigo, também estou legislando em causa própria. Abri-me para conhecer diversos lugares, diferentes pessoas e culturas. O que eu faço, além de estudar novos temas, de rir e me divertir? Nada mais do que envelhecer ativamente.
Psicóloga rojotomazini@gmail.com - ROSANA TOMAZINI
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