sábado, 17 de setembro de 2022


17 DE SETEMBRO DE 2022
BRUNA LOMBARDI

A ORIGEM DO MAL

Toda filosofia, dramaturgia e literatura sempre se perguntaram de onde vem o mal. Como começa, se infiltra e insinua no coração de uma pessoa, de uma família, sociedade ou país? Por que existe e consegue corromper? De onde vem seu poder? Por que Lúcifer, o anjo mais poderoso, um dia se transformou no demônio?

Toda criança quer saber por que o mal existe. Crescemos, somos adultos, amadurecemos e continuamos nos perguntando a mesma coisa: por que o mal existe?

Em quase em todas as parábolas da Antiguidade, a batalha do Bem contra o Mal cria mitos, santos e heróis. É a base de todas as religiões e de todas as histórias. E continuamos crianças perplexas diante do mistério. Estarrecidas diante do horror, mesmo quando o acúmulo das notícias torna o horror uma rotina.

Talvez a principal chave para compreender tamanha distorção seja o conceito do Livre Arbítrio, um paradoxo dentro de cada ser humano. O Livre Arbítrio, considerado um presente de Deus, nos coloca diante de um dilema: O Destino e a Escolha. Tudo já está escrito ou podemos mudar?

Cada passo apresenta uma encruzilhada e exige uma escolha, uma decisão. Traz responsabilidade e medo de errar. Em cada acontecimento, existe uma cilada, sabemos que viver é muito perigoso.

Todos nós, sem exceção, temos a liberdade para escolher entre o bem e o mal. O poder de decidir entre certo e errado é nosso, o que nos torna responsáveis pelo mal que escolhemos. Por isso tememos tanto a tal liberdade que desejamos.

Se tudo fosse apenas parte do plano de Deus, sem a nossa colaboração, seria mais fácil.

A responsabilidade seria do Criador. Obedecemos um poder maior e nos tornamos vítimas do que nos acontece. Mas nosso destino não é determinado apenas por uma força além do nosso controle. Tá certo que não controlamos as circunstâncias em que nascemos, nem muitas ao longo das nossas vidas, mas temos a liberdade para escolher como respondemos a essas circunstâncias.

O anjo Lúcifer, por exemplo, que era o mais brilhante, fez sua escolha. Seja como Lúcifer, Belial ou o rei Nabucodonosor da Babilônia, Satanás toma muitas formas. O mal existe e tem infinitos representantes no nosso planeta.

O mal distorce valores e corrompe a humanidade desde o princípio dos tempos. Somos cercados de crime hediondos. Assassinatos, violências, abusos contra mulheres e crianças. Contra povos e raças, contra animais e contra a natureza. Destruiremos um planeta, que poderia ser o paraíso, porque é fácil destruir. É preciso um poder muito maior para criar e construir.

Quando criança, aprendi a diferenciar o bem do mal. Muitos anos mais tarde, achei essa divisão dual simplista demais. Seres humanos são mais complexos do que isso. Pessoas têm suas contradições, ninguém é só uma coisa ou outra, cada um tem suas nuances, traz suas razões dentro dessa sociedade doente e distorcida.

Mesmo assim, existe uma diferença clara entre barbárie e civilização, entre ignorância e humanização, e o bem é um processo evolutivo. Resta a pergunta: para onde caminha a humanidade?

BRUNA LOMBARDI

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