A VELHA MÁXIMA NUNCA FOI TÃO VERDADEIRA
O Rio Grande do Sul enfrenta sua maior catástrofe climática e muitas cidades nunca voltarão a ser como eram no passado. Muitos municípios não estavam preparados, mas a capital gaúcha pode ter deixado de estar bem organizada por motivos que até o observador menos atento saberá: a falta de manutenção e investimento no sistema de proteção de alagamentos. A situação só não foi pior porque o Muro da Mauá, vilão de outrora, sustentou-se perante a força das águas.
Pode-se justificar a tragédia dizendo que um desastre dessa magnitude não era esperado, como se não tivessem percebido os avisos dados pela natureza, especialmente os ocorridos no segundo semestre do ano passado. Não houve capacidade para atender ao princípio da prevenção, no direito ambiental conhecido como a aptidão de estabelecer medidas de controle para danos possíveis de serem previstos. A enchente chegou e o caos se instalou.
Desde 2016, Porto Alegre conta com um Comitê de Mudanças Climáticas e Eficiência Energética, criado a partir do projeto Cidades Resilientes. O termo "resiliência", inclusive, denota a capacidade de adaptação de um ser - neste caso, da própria cidade. O comitê deveria ser um espaço para debater as mudanças climáticas e propor soluções para a cidade. Todavia, quando tratamos deste assunto, ficamos presos aos discursos sobre descarbonização da economia, mercado de carbono e redução de gases do efeito estufa.
Esses temas são extremamente importantes, mas é preciso ter uma resposta imediata aos eventos extremos, que certamente retornarão. Para além dos discursos clássicos de combate às alterações do clima, precisamos encontrar caminhos e desenvolver soluções viáveis, que possam ser executadas da maneira mais eficiente possível. Assim, danos irreversíveis poderão ser evitados, ou, ao menos, mitigados. A necessidade de adaptação - a tão falada resiliência - da cidade deve ser o ponto de partida para um novo futuro. A velha máxima de que é melhor prevenir do que remediar nunca foi tão verdadeira.
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