quinta-feira, 23 de setembro de 2021


23 DE SETEMBRO DE 2021
+ ECONOMIA

"Brasil está uma máquina de gerar desigualdade", diz Neri

Com dados internacionais do Gallup World Poll, a FGV Social avaliou o impacto comparativo da pandemia. O Brasil teve piora maior do que a média de 40 países na avaliação de sistemas de saúde e educação, além de "pautas portadoras de problemas futuros", como preservação ambiental, cuidado com crianças e capacidade de aprendizagem.

- A situação dos pobres piorou aqui, mas não na média dos países O Brasil está uma máquina de criar desigualdade - diz Marcelo Neri, diretor da FGV Social.

O levantamento se centrou na percepção da população em sobre essas políticas públicas. O grupo inclui países ricos, como Japão e Alemanha, e menos desenvolvidos, como Albânia e Zimbábue. O Brasil teve a maior perda média nos cinco indicadores subjetivos e ainda registrou aumento de desigualdade. Aqui, a piora social foi mais forte nos segmentos de renda mais baixa, enquanto no conjunto dos países analisados houve "robusta redução de desigualdade".

Na saúde, houve queda de cinco pontos percentuais na satisfação no Brasil, mas aumento de 1,05 ponto percentual na média dos 40 países. Houve, portanto, queda líquida relativa de 6,05 pontos para o Brasil. Tanto a piora brasileira quanto a melhora mundial são determinadas pelos 40% mais pobres. A avaliação dos 40% mais ricos teve pouca mudança nos dois casos.

Na educação, a satisfação no Brasil caiu de 56% em 2019 para 41% em 2020, tombo de 15 pontos percentuais. Nos 40 países, a média caiu de 63,98% em 2019 para 60,20% em 2020, redução de 3,78 pontos. Nesse caso, a queda líquida se encurta para 11,23 pontos. Novamente, a piora na percepção é maior entre os 40% mais pobres (-22 pontos) do que na renda mais alta (-8 pontos), e o oposto ocorre no conjunto dos países avaliados.

- Saímos de uma despiora educacional para uma desmelhora na pandemia, na contramão internacional - resume Neri.

A satisfação com a política ambiental no Brasil caiu de 28% em 2019 para 22% em 2020. O resultado contrasta com o aumento de quase um ponto (0,97) na média dos 40 países. Nesse caso, a queda líquida sobe para 6,98 pontos.

MARTA SFREDO

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