quinta-feira, 26 de agosto de 2021


26 DE AGOSTO DE 2021
MAIS UMA BAIXA

Após fechamento do Guion, Bamboletras avalia deixar local

Era tradição da Cidade Baixa. Os porto-alegrenses iam ao Guion pegar um cineminha, tomavam um café enquanto esperavam a sessão, viam o que havia de novidade na livraria. Às vezes, ficavam um pouco mais por ali depois do filme para tomar um chope também. Mas os frequentadores do Nova Olaria não devem encontrar o espaço igual quando a pandemia acabar.

Com planos de fechar as portas em setembro, o Guion deve ser o desfalque mais importante da tradicional galeria da Rua General Lima e Silva, mas não é o único. A maioria das lojas do local está fechada. Uma das primeiras baixas por causa da pandemia de covid-19 foi em julho do ano passado: o Bar de Cervejas Especiais Infiel, que estava há seis anos ali. Em setembro, foi a vez do restaurante típico Santa Arepa, criado por imigrantes venezuelanos. Agora, a previsão de construção de um prédio residencial no entorno pela proprietária do Nova Olaria, a Dallasanta, tornou o cenário para quem ficou ainda mais incerto.

O dono da Bamboletras, Milton Ribeiro, fez, nesta semana, em seu perfil do Facebook, um relato que alarmou os fiéis clientes da livraria: levantou a possibilidade de deixar o endereço em razão de obras que a Dallasanta pretende fazer. Por nota, a empresa confirmou que "tem interesse e estudos em andamento para investir e qualificar ainda mais o espaço", mas não deu mais detalhes (veja a nota no link destacado ao lado).

Ribeiro fez uma reunião com representantes da Dallasanta, que teriam oferecido facilitar o aluguel para a livraria em um prédio da Cidade Baixa até o fim das obras. Mas grafou na rede social: "Duas mudanças é para matar. Talvez fosse melhor apenas sair no primeiro semestre do ano que vem. Ou estamos tão grudados ao Nova Olaria que seria melhor retornar? Esta é uma questão em aberto".

A GZH, Ribeiro destacou que pretende ficar no centro comercial, pelo menos, até o final do ano:

- A gente quer pegar o Natal aqui, que é a grande safra. Não queremos nos mudar antes.

Ele analisa três possibilidades: deixar o centro comercial e voltar ao final da obra, sair para se instalar definitivamente em outro ponto ou mesmo ter dois endereços, incluindo o Nova Olaria.

Indefinição

À frente do Torre de Pizza, os comerciantes mais antigos do Nova Olaria, Rafael Freitas Teixeira, 46 anos, e o pai, Enio, 73, também vivem uma indefinição.

- A gente inaugurou o Olaria, estamos aqui desde 31 de agosto de 1994, antes mesmo do Guion. Não queríamos sair, pois temos um ponto consolidado, uma clientela fiel. Mas a gente está num limbo, não sabe o que vai acontecer - diz Rafael.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal da Cultura para pedir uma posição sobre o projeto de construção de um prédio residencial no entorno, mas, até o fechamento desta edição, não havia recebido retorno. 

JÉSSICA REBECA WEBER

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