quarta-feira, 5 de março de 2025


05 DE MARÇO DE 2025
INFORME ESPECIAL- Rodrigo Lopes

E agora, Ucrânia?

Desde que Donald Trump começou a figurar como favorito a voltar à Casa Branca, em meados de 2024, a coluna vem alertando que, se isso ocorresse, a guerra na Ucrânia terminaria. Fim de papo: a Rússia vence, a Ucrânia entrega territórios. Haverá paz, mas ditada por Vladimir Putin.

A lógica é simples, está no cerne do "America First": deixar de ajudar aliados, mesmo que isso comprometa a liderança americana no mundo. Não é uma novidade. Qualquer olhar mais apurado para a história dos EUA reconhece a dicotomia periódica da política externa americana, que ora é internacionalista/intervencionista, ora é isolacionista.

Na primeira categoria, estão presidentes como George W. Bush e Barack Obama, que seguem o ideal de Woodrow Wilson, cujo objetivo é tornar o mundo mais seguro para a democracia. No segundo grupo, estão Andrew Jackson, James Monroe e, claro, Trump. Esses entendem que a América deve fechar-se, focando basicamente em temas domésticos, para manter sua superioridade.

Agora, é claro que, em se falando da maior potência militar e econômica do planeta, essas decisões têm impacto nas relações internacionais. O mundo já começa a sentir os efeitos da suspensão, pelos EUA, da ajuda militar à Ucrânia.

Ora, o país de Volodimir Zelensky só se sustentou de pé, nesses três anos de batalha graças ao apoio financeiro e bélico do Ocidente em geral e dos americanos em particular. Não só resistiu à agressão de Putin, como chegou a fazer ataques dentro do território russo. Sem ajuda ocidental, a Ucrânia não teria suportado um só dia de conflito.

Há discordâncias sobre quanto os EUA teriam investido na Ucrânia desde a invasão em 2022 - e o próprio Trump tem inflacionado os números. Segundo fontes oficiais do governo, esses números oscilam entre US$ 174 bilhões e US$ 182 bilhões. Cerca de US$ 1 bi em armas que deveriam ser entregues nos próximos dias já estão congelados.

Resta à Ucrânia esperar apoio da Europa, que se arma diante do desinvestimento da Casa Branca na política de alianças. _

Sob a "Era do rearmamento"

Nesta semana, está em discussão a concessão de 150 bilhões em euros em empréstimos para aumentar gastos com defesa no que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, vem chamando de "era do rearmamento".

Amanhã, um pacote de 20 bilhões em euros será debatido para a Ucrânia.

Há vários entraves aí:

- O quanto os europeus estão, de fato, dispostos a dar dinheiro para a Ucrânia no momento em que estão preocupados com sua própria segurança?

- O quanto os governos irão conseguir, mesmo, entregar esses recursos, uma vez que dependem da aprovação dos parlamentos nacionais, onde a extrema direita (contrária à UE e desfavorável, de forma geral, à Ucrânia) vem crescendo?

- O quanto as populações dos países apoiaram essas medidas, em meio à onda de inflação, entre outros problemas econômicos?

Não é difícil calcular que a Ucrânia está só. E a rendição, próxima.

Vale, no entanto, a ressalva de que Trump pode, como sempre, estar blefando. O que é bem provável. Já fez isso antes e seguirá fazendo ao longo do mandato: a estratégia é forçar Zelensky a assinar um acordo. Dessa forma, não apenas pelos termos de Putin, mas também dele próprio, Trump.

Assim, EUA e Rússia sentam-se no mesmo lado da mesa. Quem fica do outro? A China. A velha estratégia de Richard Nixon pode estar por trás de tudo isso. _

Carnaval (quase) em todo lugar

É Carnaval em quase todos os Estados do Brasil. É Carnaval em New Orleans, o famoso Mardi gras. É Carnaval em Binche, na Bélgica. É Carnaval em Bonn, na Alemanha. É Carnaval até no país do ditador Nicolás Maduro, a Venezuela. Mas, em Porto Alegre, na contramão do mundo, não é Carnaval. _

No rosto do povo

Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, diz que Fernanda Torres vai participar do desfile das campeãs no próximo sábado. Mas, a depender das máscaras da atriz de Ainda Estou Aqui, ela já está na Sapucaí desde o primeiro dia do Carnaval. _

RS perde milhões com cigarros ilegais

O sul do Brasil é o segundo maior mercado ilegal de cigarros do país: 36%, atrás apenas do Nordeste (43%).

De acordo com estudo do Fórum Nacional contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP), o contrabando diminuiu nos últimos anos, por consequência de fatores como o endurecimento e aumento da repressão por parte das forças de segurança.

Há outros fatores, como a elevação do dólar e uma certa estabilidade tributária, que diminuiu a diferença de valor entre o produto legal e o ilegal.

Porém, com aumento do preço do mínimo e do IPI em novembro de 2024, o preço do produto legal subiu e voltou a se distanciar do ilegal - o que leva a uma tendência de crescimento do mercado ilícito. Isso porque, na prática, já tivemos essa experiência em 2016, quando houve aumento do imposto sobre cigarro e três anos depois o ilegal atingiu seu ápice no país, com mais da metade do mercado (57%).

O Brasil perde quase R$ 500 bilhões com ilegalidade em 15 setores da economia, segundo o FNCP. Vestuário é o mais impactado com perdas de R$ 87,3 bilhões. Em seguida, bebidas (R$ 29 bi), higiene pessoal, perfumaria e cosméticos (R$ 21 bi), celulares (R$ 9,7 bi), cigarros (R$ 8,8 bi) e audiovisual (R$ 4 bi). O contrabando de cigarro segue entre as atividades mais rentáveis aos criminosos. _

Alguns dados

Marca de cigarro contrabandeado do Paraguai (Gift) está entre as três mais vendidas no RS, representando 10% do mercado.

92% da venda do produto ilegal é feita por meio de varejo.

Nos últimos seis anos, R$ 3,8 bilhões deixaram de ser arrecadados no RS.

Em 2024, o mercado ilegal de cigarros movimentou em média R$ 75 milhões no Estado.

A estimativa de perda, em 2024, em ICMS, é de R$ 204 milhões.

INFORME ESPECIAL

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