Quase desisti
Foi por um triz. Em janeiro de 2022, pensei em abandonar meu tratamento de saúde. Não estávamos vivendo nenhuma tragédia. Só eu enfrentava minha tragédia pessoal. Em julho de 2021, durante um exame de ressonância magnética solicitado pelo médico Otávio Piltcher, descobri que tinha um câncer na cabeça. Foi a pior notícia da minha vida. Uma semana depois, fui submetido a uma cirurgia conduzida pelo médico Arthur Pereira Filho. Achei que estava terminado o tratamento. Ledo engano.
Seguiram-se 30 sessões de radioterapia conduzidas pela equipe da médica Daniela Barletta. Logo depois, comecei a quimioterapia - para mim, a etapa mais difícil e dolorosa. Foi aí que minha voz ficou prejudicada.
Cada ciclo de quimio envolve cinco dias de medicação no hospital e 21 de pausa em casa. No terceiro ciclo, internado no Hospital Moinhos de Vento, disse ao meu oncologista: "Não aguento mais, já perdi tudo, me sinto cansado e quero parar". Eu não conseguia engolir, só tomava iogurte. Perdi 16 quilos em três semanas. Para piorar as coisas, a medicação me deixava exausto. A sensação era de que um caminhão tinha passado em cima de mim.
Ainda bem, os oncologistas André Fay e Priscila Silva me convenceram do contrário. O Fay disse assim: "Tu queres desistir agora que estamos quase terminando? Falta pouco, já vamos terminar". Sempre prestativa, Priscila reforçou o pedido para que eu prosseguisse. Com esses "empurrões", não desisti. Por isso e muito mais, continuo vivo.
Durante minhas internações, logo depois de ser demovido da ideia de desistir, eu pensava na coragem dos soldados que arriscaram a vida quando as Forças Aliadas desembarcaram na costa da França para derrotar o exército alemão. Não sou um soldado, mas aquele ato de heroísmo sempre me inspirou e continua me inspirando.
Falo tudo isso porque o câncer não tem ideia de que estamos vivendo uma calamidade. Posso dizer com todas as letras: não desistam. Há milhares de pessoas que estão passando pelo que eu passei e não podem abandonar o tratamento para o combate ao câncer. Eu sei, é difícil, mas o câncer não espera. E existe apoio: profissionais de saúde da Força Onco em Porto Alegre recebem pacientes de todo o Estado. Estão a postos para que ninguém desista de lutar. Procure no Instagram Força Onco RS.
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