quinta-feira, 2 de julho de 2020



02 DE JULHO DE 2020
+ ECONOMIA

Renner não vê problema em abre e fecha

Ontem, a Lojas Renner marcou seus 15 anos de atividades como corporação, ou seja, com capital pulverizado, sem controlador e com todas as ações negociado em bolsa de valores. Foi a primeira do Brasil a operar com esse modelo e até hoje é referência para empresas que estudam movimento semelhante, da Eletrobras à Braskem.

- Na época, não sei se a JC Penney avaliou corretamente o risco de criar a primeira corporação do Brasil - brinca José Galló, que comandou o processo na época e hoje preside o conselho de administração da corporation, referindo-se à empresa americana que comprou a Renner da família gaúcha, em 1998, e ficou por sete anos como controladora.

Galló e Fabio Faccio, atual CEO da rede, participaram de um evento virtual na bolsa de valores (foto). Ambos em Porto Alegre, destacaram a valorização nominal (sem contar a inflação) de 4.559% da companhia, que saiu de avaliação de mercado de R$ 935 milhões em 2005 para R$ 33 bilhões atualmente. Há 20 dias, a empresa marcou os 55 anos de existência com um evento virtual. Segundo Faccio, a pandemia é um momento desafiador, mas para a Renner apenas acelerou processos já em desenvolvimento na empresa. Relatou à coluna que a proporção de lojas abertas e fechadas muda diariamente, mas, com base nos países que passaram antes por essa fase, a companhia já previa o "abre e fecha".

- A gente já imaginava que seria assim. Infelizmente, faz parte abrir, quando for seguro, e fechar quando houver um pouco mais de risco. A empresa é flexível, não temos problemas com isso. Hoje, estamos com 68% das lojas abertas no país, mas o número varia a cada dia.

Durante a crise provocada pelo coronavírus, a Renner também foi beneficiada pelo aumento de pessoas físicas no mercado de capitais: em junho, ganhou 11 mil novos acionistas, ante média mensal de 5 mil nos períodos anteriores. Quando a companhia se tornou uma corporation, tinha um total de 861 investidores, dos quais 185 estrangeiros, que representavam cerca de 89% do capital social. Hoje, a estrutura tem 73% do capital em mãos de estrangeiros, 23% de fundos brasileiros e 4% de pessoas físicas.

Para explicar seu comentário sobre o risco que a JC Penney teria corrido, Galló lembra que a Renner foi uma das pioneiras do mercado de capitais brasileiro, com ações em bolsa desde 1967. Nos Estados Unidos, onde a rede varejista operava, havia mais de uma centena de corporations, mas nenhuma no Brasil.

O banco Credit Suisse, que era assessor financeiro da JC, sugeriu a operação, e todos aceitaram, mas não havia regras nem estatutos no Brasil para companhias desse tipo.

- Quando foi feita a operação, falou-se em IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês), mas era um follow-on. O que facilitou foi que a Renner havia mantido 2% das ações na bolsa e resultados consistentes ao longo dos anos. Mas só foi possível concretizar porque todos os agentes tiveram interesse em viabilizar essa novidade para o país - lembra Galló.

MARTA SFREDO

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