01 DE JULHO DE 2020
OPINIÃO DA RBS
A esperança da vacina
Em meio à profusão de más notícias relacionadas à covid-19 no país, a informação de que o Brasil está em um pequeno grupo de nações que vão testar e, se tudo der certo, produzir a possível vacina contra o coronavírus que é considerada até agora a mais promissora traz esperanças de que finalmente a pandemia possa ser freada. Esta é, possivelmente, também a melhor novidade sobre o tema vinda do governo federal ao longo dos últimos meses, uma vez que a parceria com a Universidade de Oxford, da Inglaterra, e com a gigante farmacêutica AstraZeneca foi anunciada pelo Ministério da Saúde, por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
É prudente ressaltar que não há garantia de sucesso no desenvolvimento do imunizante, mas o fato de ser apontada como a mais próxima de ter a sua efetividade comprovada é algo especialmente alvissareiro para o Brasil, o segundo país com o maior número de infectados e mortes no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Com a promessa de transferência de tecnologia e produção local, os brasileiros também não correm o risco de ficar no fim da fila para receber e aplicar a vacina na população, especialmente nos grupos considerados de risco.
Desde que a covid-19 se alastrou, a partir da China, o mundo vive uma corrida pelo desenvolvimento de uma substância que seja capaz de evitar a infecção, enquanto pesquisadores e médicos também se esforçam para identificar quais medicamentos seriam mais eficientes para o tratamento de doentes, uma empreitada até aqui com poucos resultados sólidos. A expectativa por uma conclusão relativamente rápida para os estudos de que o Brasil agora participa existe por estar na chamada fase 3, de testes em humanos, com possibilidade até de um possível início de utilização entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021. Inglaterra, Estados Unidos, Quênia e África do Sul são os outros locais onde a vacina já vem sendo aplicada em testes.
Ainda fora de controle em grande parte dos países, o novo coronavírus já atingiu a impressionante marca de mais de 500 mil vítimas fatais em todo o mundo e infectou mais de 10 milhões de pes- soas. Para conter a pandemia e salvar vidas, é preciso apostar em diagnósticos e terapias eficazes. Mas, em primeiro lugar, encontrar uma vacina efetiva que diminua o número de casos e alivie a pressão nos sistemas de saúde.
Esta será uma condição que permitirá que o mundo e o Brasil caminhem de forma segura para uma normalização das atividades, dando início à jornada que promete ser penosa de recuperação de uma crise econômica poucas vezes vista e com um impacto particularmente devastador no Brasil, onde o negacionismo do governo federal, personalizado pela postura do presidente Jair Bolsonaro, teve uma colaboração decisiva para aumentar a disseminação do vírus.
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