domingo, 17 de julho de 2005

o GALÃ É GAY



Atores que fazem sucesso com personagens homossexuais aprendem a lidar com o assédio masculino
Zean Bravo

Isso é que é motivo de orgulho gay. De uma só vez, três galãs Eduardo Moscovis, Bruno Gagliasso e Marcelo Serrado defendem na ficção personagens homessexuais, com interpretações que passam longe da caricatura. Foi uma situação inesperada.

Até então, na TV, o público só aceitava bem o homossexual caricato, com trejeitos que beirassem o humor. Preferi trilhar outro caminho, me arriscar, explica Bruno. Em América, ele é Júnior, rapaz que está descobrindo sua opção sexual. Sou parado na rua, cumprimentado por mostrar que gays são pessoas normais.

Tão normais que ganham até torcida. Até mesmo as mulheres torcem pelo Júnior! Uma senhora veio falar comigo e disse: Queria tanto que você ficasse com o Tião (Murilo Benício), revela Bruno, que também demonstra preconceito zero.

Rola cantada (de homem), mas normalmente é de uma forma sutil. Simplesmente mostro que não estou a fim, mas sem ser grosseiro. Digo isso da mesma maneira que falaria para uma mulher com quem eu não quisesse ficar, explica.

Du Moscovis conta que recebia muitos gays que se identificavam com seu personagem no teatro

Em cartaz com o filme Bendito Fruto, no papel de um galã de novela homossexual, Du Moscovis já experimentou o frisson de viver um gay na peça Norma que também vai virar filme.

Na peça, garotos de 14, 15 anos vinham falar comigo depois. Muitos caras diziam que aquela era a história deles. No filme, meu personagem namora um negro.

É uma situação quase atípica, mostra uma certa classe média, acredita Du, que afirma nunca ter recebido cantada masculina. Nem com as mulheres o assédio é explícito, surpreende.

Para Marcelo Serrado, que gosta de sair para dançar com a mulher em boates gays, o assédio masculino é tirado de letra. Mesmo agora que ele interpreta o assumido Carlos na peça O Rim.

Só uma vez o cara veio segurando meu braço, delicadamente. Saí pela tangente. Em geral eles são respeitosos. Nem na Parada Gay recebi cantada, garante.

Definido

EXAGERO. Procurei fazer uma coisa sincera. Com personagens como gays e velhos, tem que tomar cuidado para não cair no exagero, ensina Marcelo Serrado, que fez outro gay em Sob Nova Direção.
CANTADA. Sem nenhum preconceito, sempre deixei claro que tenho minha sexualidade muito bem definida. Então, a maior parte dos gays já se aproxima sabendo disso. Eles ficam muito orgulhosos do meu trabalho, informa Bruno Gagliasso.

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