segunda-feira, 30 de setembro de 2024


30 de Setembro de 2024
CARPINEJAR

Contagem regressiva

Samantha Pedroso, 22 anos, uma jovem linda de cabelos longos e bochechas enrubescidas, acorda aflita para ver se ainda sente as suas pernas, a sua bexiga.

Está hoje no Hospital Santa Cruz, em Santa Cruz do Sul (RS).

Toda manhã acaba sendo um mistério dolorido, e um alívio. Ela dorme contrariada, com medo do pior. Assimila o tempo de outra forma, distribuído em longas horas de apreensão. Amarga uma contagem regressiva.

É que ela possui um tumor na região torácica, com fratura em uma vértebra. A compressão medular vem tirando gradualmente seus movimentos. Pode ficar paralítica a qualquer momento, a qualquer instante.

Somente uma cirurgia de seis horas, no valor de R$ 150 mil, a ser realizada na rede privada, salvaria a sua mobilidade. Ela não tem recursos financeiros. Sua família tampouco. Seu plano de saúde não cobre a cirurgia. A intervenção no SUS, embora seja na condição prioritária, iria demorar. A urgência encurrala a esperança.

Ela cursa o quarto ano de Direito na UFPel, faz estágio no Ministério Público e se vira com R$ 1,3 mil para pagar suas despesas e seu aluguel. Não sobra nada.

No auge da idade, Samantha convive com o terror da finitude. Nunca namorou na vida. Acalenta o desejo de achar, dentro da alma de um namorado, um grande amigo para confiar de olhos fechados. Considera injusto demais partir sem a chance de um romance. Leitora inveterada, com uma biblioteca de 400 livros que se orgulha de juntar pouco a pouco, sonha em concretizar uma história de amor. Sonha em se tornar juíza. Sonha em ter cachorros e as sete existências dos gatos. Sonha em viajar. Sonha em formar uma família.

Sua vaquinha digital arrecadou um terço do valor até agora, com ajuda da comunidade e dos promotores públicos gaúchos.

- É uma luta de cada vez. Primeiro, preciso garantir a minha coordenação motora. Colocar um espaçador para substituir a vértebra quebrada e diminuir a pressão do tumor que pode me levar à paralisia. Daí começará uma segunda batalha pela sobrevivência, com a retirada do tumor e a biópsia para definir se ele é benigno ou maligno.

Tudo se iniciou em dezembro de 2023, com uma crise nas costas, que a fez descobrir uma hérnia de disco lombar. A falta de investigação mais detalhada acarretou complicações. Em 20 de agosto, descendo as escadas da universidade, levou um tombo. Já era consequência do tumor, que ela somente desvendaria em setembro, por meio de uma ressonância magnética. Durante alguns meses, não entendia o que estava acontecendo, só percebia que algo a limitava e atrofiava a sua capacidade de andar e de se deslocar sozinha.

Pediu resgate para os pais, Eliana Beatriz, auxiliar de escritório, e Iba de Freitas, safrista, que moram na sua cidade natal, Santa Cruz do Sul.

- Eu queria estar cuidando dos meus pais, não queria estar dando mais trabalho para eles. Tenho medo de deixá-los, porque sou filha única. Temo pelo futuro deles.

Mesmo envolvida no mais puro sofrimento, mesmo num quarto de hospital que não sabe como vai pagar, mesmo com um diagnóstico que é uma sentença de morte, ela só se preocupa com os pais.

Samantha merece viver. Não é fácil encontrar uma filha como ela. _

CARPINEJAR


30 de Setembro de 2024
CLÁUDIA LAITANO

Nexus

Se você entende tanto de tecnologia quanto eu, pode estar se perguntando como a inteligência artificial pretende acabar com o mundo antes mesmo que os humanos consigam dar conta do recado sozinhos. Eliminando quase todos os empregos? Esculhambando a democracia? Disparando bombas nucleares e guerras bacteriológicas? ("Ops, foi mal aí. Aliás, sobrou alguém aí?")

O alarme soou em escala global no ano passado, a partir de uma carta-aberta assinada por centenas de líderes de empresas de tecnologia: "A inteligência artificial avançada pode representar uma mudança profunda na história da vida na Terra e deve ser planejada e gerida com cuidado e recursos proporcionais". Como é impossível prever os desdobramentos de uma ferramenta que evolui de forma tão acelerada, e em tantos lugares ao mesmo tempo, a natureza exata desse apocalipse high-tech ainda é matéria de especulação.

O novo livro do historiador Yuval Harari, Nexus (Companhia das Letras, 504 páginas), é o que na gíria das redações de jornal a gente chama de "bola ao centro": um apanhado de tudo que você deveria saber sobre inteligência artificial para entender por que tanta gente está preocupada com o futuro de uma tecnologia que, antes de destruir o mundo, pode encontrar a cura do câncer, diminuir o impacto das mudanças climáticas e combater a fome.

Se a ideia era chamar a atenção do maior número de pessoas para o assunto, ninguém melhor do que um autor que vendeu mais de 35 milhões de cópias dos seus quatro primeiros livros - entre eles, o best-seller Sapiens. Harari tem dois grandes méritos: sabe contar histórias e consegue traduzir assuntos complexos para o leitor comum. 

Para compor seu libelo contra o uso ingênuo e desregulado da inteligência artificial, o autor viaja até o princípio dos tempos para mostrar como novas tecnologias de transmissão de informação (o "nexo" do título) impactam a maneira como as sociedades se organizam - ou desorganizam. Spoiler: a emergência de computadores capazes de tomar decisões por conta própria muda completamente o modo como as redes de informação funcionaram desde que a vida começou neste planeta.

Para Harari, o avanço da IA deve ser acompanhado de mecanismos de correção de rota que aumentem a transparência, protejam a privacidade e levem em conta o fato de que nenhuma tecnologia é infalível: "Democracias podem regular o mercado da informação, e sua própria sobrevivência depende dessa regulação". Mas, para isso, nossa espécie vai precisar reaprender a conversar. _

CLÁUDIA LAITANO

30 de Setembro de 2024
EDITORIAL

O debate sobre o celular nas escolas

Deve ganhar corpo a partir do próximo mês o debate sobre a proibição do uso de smartphones pelos estudantes nas salas de aula no Brasil. O país tarda a enfrentar essa discussão. A possibilidade de revisitar o tema a fundo se dará pela intenção do Ministério da Educação de enviar ao Congresso um projeto de lei prevendo o banimento dos aparelhos nos espaços de aprendizagem. Um dos objetivos é dar respaldo legal às escolas públicas e privadas que pretendam seguir por esse caminho.

As restrições aos celulares no ambiente escolar, em alguns casos até nos horários de recreio, têm sido adotadas por crescente número de governos. Um relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) sobre o tema aponta que um em cada quatro países já optou pelo veto aos smartphones durante as aulas, com exceções, como o uso monitorado para fins pedagógicos. A própria Unesco recomenda a limitação.

A principal motivação para a proibição dos aparelhos é a distração que causa nos alunos, com reflexos no aprendizado. Várias pesquisas confirmam os efeitos nocivos. Outro estudo, do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês), trouxe resultados que confirmam a preocupação. Estudantes que passavam mais tempo absortos nas telas, com a atenção capturada por redes sociais e aplicativos de mensagens que a todo momento disparam notificações, prestavam menos atenção ao conteúdo ministrado pelos professores. Como consequência, tiveram notas mais baixas no teste.

A inquietação sobre prejuízos à aprendizagem e à construção de habilidades sociais, felizmente, também é compartilhada por pais e responsáveis. No Brasil, tornou-se conhecido o Movimento Desconecta, nascido em São Paulo, com mães de alunos de escolas particulares. O grupo prega a importância de a escola ser um ambiente livre de celulares. Mesmo no Rio Grande do Sul, cresce a quantidade de educandários a adotar essa medida. Também há casos de legislações estaduais e municipais. Em Porto Alegre, é uma proibição válida desde 2011, apesar de na prática ser ignorada.

Será válido e oportuno, portanto, que essa discussão se aprofunde, tenha repercussão e consequência, como uma maior conscientização dos pais, que deveriam dar exemplo e melhor orientar os filhos. No Congresso, o consenso a ser produzido deve ser o resultado de uma ampla discussão, com a consulta a especialistas com diferentes visões, autoridades e organizações da sociedade civil, para que os múltiplos aspectos sejam sopesados. Há inclusive educadores que têm dúvidas razoáveis em relação às consequências de um banimento abrupto. Não pode ser desconsiderado que tecnologia também é um instrumento que, bem utilizado, está a serviço do ensino. Ao que parece, há concordância até mesmo nas alas mais politicamente opostas no parlamento de que algo precisa ser feito.

Se as evidências científicas confirmam que o uso desmedido de smartphones em sala de aula obstaculiza a aprendizagem, é mandatório buscar soluções. Ainda mais no Brasil, onde educação é um gargalo limitador do desenvolvimento. 


30 de Setembro de 2024
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

GPS da Economia

"Se há algo comum entre Kamala e Trump é previsão de governo com déficit crescente"

Respostas capitais - Adriano Cantreva - Sócio da Portofino Multi Family Office, gestora de fortunas com raiz gaúcha, com passagens por Itaú e XP Investimentos

Adriano Cantreva, com três décadas de experiência no mercado, acompanha as movimentações da maior economia do mundo do escritório da Porfotino em Nova York.

Qual foi aí o tamanho da surpresa com a decisão do Fed?

O mercado estava dividido. Às vésperas da reunião, as apostas de corte maior subiram. Mas essa não é a forma como o Fed costuma atuar. Um corte de 0,25 ponto percentual (p.p.) era consenso na semana anterior. Depois, houve declarações de que o corte seria mais ousado, e começou a firmar a expectativa de corte de 0,5 p.p. O mercado ficou um pouco surpreso, mas não faz tanta diferença. O que pesa mais é a mensagem.

E qual foi a interpretação?

Uma é econômica, de priorizar agora mais a atividade econômica (o Fed tem duplo mandato, para conter a inflação e propiciar pleno emprego). É importante, mas estamos a um mês e meio da eleição. Em geral, o Fed tenta ser meio neutro. Esperava-se que, por precaução, optasse por um corte de 0,25 p.p. para não ser acusado de tomar partido.

Existe risco de decisão do Fed ser vista como política?

Nunca trabalhei no Fed, mas não é muito claro que seja extremamente apolítico. Sabe-se que há forte pressão interna, esse fator não é desprezível. A gente não fica surpreso com esse tipo de coisa. Claro, nada é explícito, mas que existem determinadas linhas políticas, existem. Se há algo comum entre Kamala (Harris) e (Donald) Trump é a previsão de governo com déficit crescente. Começou a se agravar com a covid, mas o déficit aumentou muito. No caso de Kamala, seguiria a linha de concessão de subsídios do governo Biden. No de Trump, por cortes de impostos.

Outra leitura não foi a de que o Fed estava chancelando o temor de recessão nos EUA?

Sim, a redução do juro é claramente um fator positivo, mas nos Estados Unidos é um pouco diferente do Brasil. Aqui, a taxa que o Fed controla incide mais sobre aplicações. A taxa que impacta grandes bens de consumo é a taxa dos títulos do Tesouro americano de cinco ou 10 anos. Há uma compensação entre essas taxas. Quanto mais o Fed baixa a de curto prazo, mais a expectativa das de longo prazo sobe. É o que temos visto depois do corte.

Por que isso ocorre?

Quando o Fed baixa sua taxa, a expectativa é de que a inflação futura seja maior, porque solta o freio da atividade. É um efeito-gangorra. E como o Fed e seu presidente, Jerome Powell, deram sinais de mais afrouxamento, o mercado precificou mais um corte de 0,5 ponto percentual lá na frente. E mais inflação.

Qual é o grande debate econômico da eleição?

O aumento de gasto dos democratas é mais na linha social, assistencial. Propõe reduções no imposto de renda para famílias com crianças e subsídios à moradia. A intenção é aumentar o número de pessoas que já recebem esse benefício, vão baixando a renda. O de Trump é mais no corte de impostos. Não aumentaria gastos, mas reduziria a receita.

Esse aumento do déficit não é preocupante, em um país em que a dívida já equivale a 120% do PIB?

Os dois candidatos vão manter o déficit em alta. O problema não vai aparecer no curto prazo. O mercado não foca nisso. Todo mundo sabe que existe uma situação que tem de ser resolvida. Agora mesmo está passando um acordo para elevar o teto da dívida, porque ninguém quer ser culpado por "fechar o governo" (referência ao shut down, quando serviços públicos são paralisados por falta de orçamento). Será necessária uma solução de longo prazo.

Há risco de Trump voltar a sair do Acordo de Paris?

Ele não tem falado muito no assunto, mas não se pode garantir nada. De Trump se pode esperar tudo.

O mercado tem mais simpatia por Trump?

O apoio do mercado é mais amplo porque, bem ou mal, ele é uma pessoa de negócios, entende como o mercado funciona. Kamala é vista como burocrata, foi procuradora, é menos ligada ao mundo dos negócios. Os democratas aumentaram muito a burocracia, o que reduziu muito a construção de casas. Hoje, construir nos EUA é uma dor de cabeça. Precisa ter financiamento barato. 

GPS DA ECONOMIA

30 de Setembro de 2024
NEGÓCIOS NO RS  - Anderson Aires

NEGÓCIOS NO RS

Busca por formalização para acessar clientes e benefícios de fonte de renda após impacto da inundação ajudam a explicar esse movimento, segundo especialistas. Nos oito primeiros meses do ano, foram registrados 135,8 mil microempreendedores individuais no Estado

Negócios no RS

Em ano marcado pelos efeitos da inundação na economia e no mercado de trabalho, o número de novos negócios individuais avançou no Rio Grande do Sul. Depois de anotar o maior total de registros para um mês de agosto, a abertura de microempreendedores individuais (MEIs) cresceu 4% no acumulado do ano.

Os dados são da Junta Comercial, Industrial e Serviços do RS (JucisRS). Necessidade de formalização para acessar clientes e benefícios de fonte de renda após impacto da inundação nos empregos formais ajuda a explicar esse movimento, segundo especialistas.

De janeiro a agosto, foram registrados 135.810 MEIs no Estado. O montante é o maior para esse recorte de tempo desde 2021 (137.121), ano marcado pelo início do processo de saída da pandemia. Somente em agosto de 2024, foram constituídos 18.765 MEIs no RS, maior total para esse mês na série histórica desde 2009.

Giulia Mattos, especialista em MEI no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Estado (Sebrae- RS), afirma que esse aumento nos empresários individuais também pode captar alterações entre empreendedores. Diante da urgência de restabelecer a operação e a renda, parcela das pessoas que mantém pequenos negócios busca a formalização para obter apoio financeiro para sobrevivência da empresa, avalia:

- Foram disponibilizadas linhas de crédito, com juros diferenciados, com condições facilitadas, incentivos dos mais diversos para pequenas empresas e microempreendedores. E esse tipo de apoio financeiro também pode estimular que mais pessoas se formalizem, que mais negócios, que antes estavam informais, vejam nesses benefícios uma oportunidade de formalização.

Solução emergencial

Vanessa Batisti, professora da Escola de Gestão e Negócios da Unisinos, lembra que o Estado fechou cerca de 30 mil vagas com carteira assinada no acumulado de maio e junho deste ano, meses sob forte impacto da inundação na economia. Com a necessidade de garantir renda, parte dessas pessoas que perderam o emprego formal pode enxergar no MEI uma solução emergencial, segundo a professora.

- Esses 30 mil gaúchos que saíram do mercado de trabalho entre abril e junho não voltaram. Alguns podem ter constituído o seu registro como microempreendedor individual para poder atuar, porque é uma modalidade menos burocrática, menos custosa, mais tranquila de se lidar e a pessoa consegue se autoempregar - avalia.

A professora lembra que o maior número de MEIs ingressando no mercado também pode afetar a economia e o consumo. Como parte dos empreendedores não têm a mesma previsibilidade orçamentária que tinha quando trabalhavam de carteira assinada, pode existir um freio nas compras de itens não essenciais.

Pelo lado dos fechamentos, a extinção de MEIs cresceu de 67.897, em 2023, para 75.799, em 2024 - alta de 11,6%. No entanto, o total segue abaixo do número de aberturas, o que garante saldo positivo na criação de empresas desse tipo. _

O modelo

Criado em 2008 e com operação se iniciando em 2009, o modelo MEI permite a formalização de negócios de pequeno porte com simplificação nos trâmites e na tributação. O processo de abertura é centralizado e organizado pelo governo federal.

O microempreendedor individual pode faturar, no máximo, R$ 81 mil por ano. Além disso, o microempreendedor individual não pode participar de outra empresa como sócio ou titular. Ele pode ter, no máximo, um empregado que receba o piso da respectiva categoria ou um salário mínimo.

A empresa é enquadrada no Simples Nacional e fica isenta de tributos federais, como Imposto de Renda, PIS, Cofins, IPI e CSLL.

O microempreendedor individual precisa pagar, mensalmente, taxas de R$ 71,60 (comércio ou indústria), R$ 75,60 (prestação de serviços) ou R$ 76,60 (comércio e serviços).

Permite ao microempreendedor individual acesso a direitos como aposentadoria (por idade ou por invalidez), auxílio-doença e auxílio-maternidade.



30 de Setembro de 2024
INSS

STF rejeita recurso contra "revisão da vida toda"

O Supremo Tribunal Federal (STF) encerrou na sexta-feira a sessão em plenário virtual que avaliava dois recursos contra a "revisão da vida toda" de aposentados do INSS, uma causa com potencial impacto bilionário nas contas do governo. O placar final ficou em sete votos contrários e quatro favoráveis aos recursos.

Com a decisão, a Corte veda a revisão de aposentadorias de trabalhadores que começaram a contribuir antes do Plano Real, em 1994, e se aposentaram após 1999. A tese que dava sustentação à "revisão da vida toda" era a de que o aposentado tinha direito a optar pela regra que fosse mais vantajosa para ele: seja a regra da transição, que contabilizava os salários a partir de 1994, seja a regra geral, que considerava toda a vida contributiva.

Desde o dia 20, quando a sessão virtual foi iniciada, já havia um placar majoritariamente contrário aos recursos apresentados pelo Instituto de Estudos Previdenciários (Ieprev) e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM).

Além do relator, ministro Kassio Nunes Marques, os ministros Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Luiz Fux e Luís Roberto Barroso votaram para negar os recursos. O ministro Alexandre de Moraes abriu divergência a favor dos aposentados e foi seguido por Edson Fachin, Dias Toffoli e André Mendonça.

Os recursos, chamados de embargos de declaração, pleiteavam modulação da decisão proferida pela Corte em março contra a "revisão da vida toda". Para o ministro relator, Kássio Nunes Marques, não cabe modulação de efeitos para preservar o direito à revisão das aposentadorias a quem já tinha ações ajuizadas antes do julgamento. Ele foi seguido por seis ministros da Corte.

A integridade do sistema previdenciário foi um dos pontos destacados nos votos dos ministros que votaram pela anulação da tese. 


30 de Setembro de 2024
EM FOCO

EM FOCO

O coronel Silvio Luis Gonçalves Bittencourt, diretor do Departamento de Tecnologia da Informação e Comunicação (DTIC) da BM, explica que a implementação será gradual. Os primeiros PMs a usar as câmeras são do 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM), responsável pela região central de Porto Alegre, por onde circulam 400 mil pessoas por dia. Para Bittencourt, a tecnologia representa segurança para o cidadão e para os policiais:

- Hoje, todas as ocorrências de repercussão têm imagem. Só que nenhuma delas é do policial. E todas elas são trechos de imagens que incriminam o policial. As câmeras serão mais uma ferramenta para o policial se defender. O comandante do 9°BPM, tenente-coronel Fábio Schmitt ressalta que as imagens gravadas terão status de prova.

- Não há nenhum ato que um agente público faça que não possa ser demonstrado. As câmeras vão colaborar muito na obtenção de provas. Vão ajudar muito nas formas de tratamento tanto da comunidade com o PM quanto do PM com a comunidade - diz Schmitt.

Distribuição

Os brigadianos já passaram por capacitações para tanto. Mesmo com o início do uso a partir de hoje, a fase de testes segue até o primeiro semestre de 2025. _

Como funciona

Quando o policial inicia o uso da câmera

Ao começar o turno, o policial irá até a quartelaria, onde retira os equipamentos de trabalho, e junto vai retirar a sua câmera. Os dispositivos ficam armazenados nas "docas", as bases de carregamento. O PM não precisa iniciar a gravação: ela começa imediatamente após a retirada da câmera da base de carregamento e só é interrompida quando volta a ser conectada para recarregar.

Quando o PM poderá retirá-la

O tenente-coronel Bittencourt explica que os policiais devem permanecer usando o equipamento durante todo o turno de 12 horas. A câmera poderá ser retirada quando o PM for ao banheiro, quando for se alimentar ou quando precisar participar de alguma reunião interna. Os dispositivos nunca são desligados.

Modos de gravação

São dois modos: gravação de rotina e intencional (para eventos ou ocorrências).

A de rotina é registrada em baixa resolução (480p) e sem áudio. Já quando começar uma ocorrência o PM acionará um botão para gravação em alta resolução (720p) e com áudio. Este recurso também pode ser acionado à distância.

As gravações no modo intencional ficam armazenadas na nuvem por um ano. Já as imagens de rotina ficarão disponíveis por 90 dias. Em tempo real

As imagens podem ser acessadas remotamente pela central de comando e controle, com acompanhamento em tempo real. O sistema conta com georreferenciamento e registro de horário, e mais de uma câmera pode ser comparada simultaneamente para análise.

Segundo a BM, apenas dois órgãos terão acesso aos vídeos: a Corregedoria, que fornecerá imagens em caso de solicitações judiciais, e a Comunicação Social, que disponibilizará imagens de ações da corporação.

Qualidade

A câmera conta com tecnologia de estabilização que reduz o impacto de movimentos bruscos, garantindo que as gravações permaneçam claras mesmo em situações de alta intensidade. O sistema de áudio também permite a gravação em alta qualidade.

A proposta é que a sensibilidade à luz e a visibilidade da câmera se assemelhem a do olho humano, razão pela qual o dispositivo não tem visão noturna e infravermelho.

Pareamento

Após atender a ocorrência, o policial pode nomear o registro em vídeo captado pela câmera usando um celular. Isso é feito por meio de um pareamento. - É colocado um nome, com o número do boletim de ocorrência, pelo telefone. Mas esse pareamento pode ser feito somente por um celular que esteja cadastrado dentro do servidor, não por qualquer aparelho - explica o chefe da Divisão de Gerenciamento da Informação (DGI) da BM, capitão Michael Kaczanoski.

Conforme a Secretaria da Segurança Pública (SSP), não há previsão para o início das operações na Polícia Civil neste primeiro lote. Segundo a BM, também não há previsão, até o momento, de ampliação para outras cidades.

Três empresas tiveram as ofertas rejeitadas pelo governo do Estado antes da Advanta. A última negada foi a Motorola que, conforme o teste comandando pela Brigada, ofereceu equipamentos que não atendiam aos requisitos exigidos pela corporação. A atual licitação foi aberta em maio de 2023. Antes, outra disputa já havia sido realizada no final de março, mas, à época, as três primeiras colocadas não atenderam a todas as exigências do edital.

Guarda Municipal

Jean Peixoto

sábado, 28 de setembro de 2024


Ego abatido

Eu não estava com sobrepeso, nem embriagada. A cadeira simplesmente cedeu e me derrubou. Meu amigo logo se aproximou a fim de me erguer, o garçom veio também, ambos trancando o riso, e as pessoas em volta disfarçaram, fazendo de conta que era normal uma mulher madura se esborrachar do nada.

Caí porque a cadeira devia estar mal aparafusada, ou com um pé corroído por cupins, ou o piso estava úmido, não sei, não lembro. Trouxeram outra cadeira e eu gostaria de ter ido embora, mas não fui, acionei a atriz que habita em mim e segui o papo como se o tombo não tivesse me envergonhado barbaramente.

Quedas expõem nossa vulnerabilidade. Quando eu era estudante, na PUC, corri certa vez para abraçar uma colega, mas havia chovido na noite anterior, não percebi o barro, deslizei de peixinho uns dois metros pelo lamaçal, em plena hora do recreio.

Nessas horas, é natural querer que o chão se abra e nos engula, mas somos obrigados a levantar e ignorar o desespero de existir em público, sob o julgamento corrosivo dos outros. Mais uma vez, não fizemos o suficiente para ser amados.

São lembranças que me vieram ao ler o novo livro da gaúcha Camila Maccari, Infinita, cuja narradora também se estatela ao quebrar uma cadeira de bar, com dois agravantes: ela estava desacompanhada e pesava 130 quilos. "Bem-feito", foi o que ela imaginou o mundo dizer. Quem manda comer tanto? Só podia mesmo ficar sozinha e desabar.

Estamos diante de uma plateia implacável. Antes, vivíamos em relativa segurança entre a família, os amigos e os colegas. Hoje, milhares de estranhos pescados pelas redes sociais, que desconhecem nossas dores, passaram a ditar como devemos ser e viver, e a nos ofender com uma naturalidade assombrosa a cada discordância, nos quebrando por dentro. Nossa autoaceitação que lute.

Camila é uma autora segura, fez bonito com seu livro de estreia (Dias De Se Fazer Silêncio) e agora nos traz a história de uma garota que incorporou todo o bullying que sofreu por não seguir um determinado padrão estético, e vive sua tragédia pessoal não por carregar um amontoado de quilos, e sim um amontoado de culpa - que é, no fim das contas, a gordura fatal de todos nós. _

MARTHA 


28 de Setembro de 2024
CAPA

Novas diretrizes

As principais alterações no regulamento do Miss Universo começaram em 2012, ano em que a competição completou 60 anos. Naquela edição, passou a ser permitida a participação de mulheres transgênero. A primeira a se classificar foi a modelo Angela Ponce, representante do Miss Espanha, em 2018.

A maior leva de mudanças, no entanto, ocorreria mais tarde, em 2022, quando a empresária tailandesa Anne Jakapong Jakrajutatip, uma mulher trans, comprou a Miss Universe Organization, empresa que detém o concurso. Figura de destaque da televisão local e defensora dos direitos LGBT+, ela foi a primeira mulher a assumir a direção da disputa. Na sua gestão, foi estabelecido que mulheres casadas, divorciadas, grávidas e mães poderiam participar do Miss Universo a partir de 2023.

Um dos momentos mais emblemáticos das regras anteriores do concurso para o Brasil foi em 2002, quando a gaúcha Joseane Oliveira teve seu título retirado após ser revelado que era casada. Agora, reconhece Luana Cavalcante, o trabalho de Anne lhe possibilitou tirar do papel os planos de ser miss:

- Graças às mudanças de regras que ela propôs, hoje mulheres como eu têm infinitas possibilidades pela frente. Expresso o meu profundo respeito e agradecimento a ela, que é uma mulher visionária.

Para alguns missólogos e admiradores do universo miss, as novas diretrizes vão contra a essência da franquia, enquanto outros enxergam que as alterações são um avanço na busca por inclusão. Sobre a importância de tornar o concurso mais abrangente, o CEO do Miss Universe Brasil, Gerson Antonelli, afirma que é uma mudança que valoriza a diversidade:

- Não existe um limite para a participação da mulher no Miss Universe, que é uma plataforma de integração e diversidade com representatividade. Não se pode limitar o potencial de uma mulher, não interessa sua idade, estado civil ou classe social.

A mudança mais recente no regulamento ocorreu em setembro do ano passado, quando a organização mundial colocou fim ao limite de idade - que era até os 28 anos - para as participantes. Os efeitos dessa diretriz começaram a aparecer neste ano: em abril, a modelo argentina Alejandra Rodríguez, 60 anos, venceu a edição do Miss Universo da província de Buenos Aires, embora não tenha conquistado a coroa nacional; na Ásia, ainda há chances de que uma mulher de 80 anos seja a nova Miss Coreia do Sul, já que a modelo Choi Soon-hwa, que também é mãe e avó, estará na competição marcada para o dia 30 de setembro. Seu nome já está gravado na história como a participante mais velha a disputar uma etapa do concurso de beleza até o momento.

Histórico internacional

A coroa entregue a Luana Cavalcante ainda tem um brilho a mais por pertencer a uma Miss Pernambuco pela primeira vez. Com essa responsabilidade adicional, a modelo já está em preparação para o Miss Universo 2024, que ocorre no dia 16 de novembro, no México.

Conta a seu favor a experiência como modelo internacional desde os 18 anos, período em que esteve em mais de 30 países e chegou a trabalhar junto de marcas como Gucci e Dolce & Gabbana. Há cerca de cinco anos, ela se divide entre o Brasil e a Itália, onde mora com o marido e o filho. Também ajuda o histórico como atriz, carreira em que estreou em 2022 na produção de Hollywood Battle for Saipan. Mais recentemente, esteve no elenco de Filhos do Mangue, filme de Eliane Caffé premiado com dois kikitos no 52º Festival de Cinema de Gramado - e ela estava na serra gaúcha para prestigiar.

Sobre os pontos fortes da brasileira, Gerson Antonelli ressalta sua "presença cênica excepcional" e boa articulação na oratória:

- Ela é assertiva, concisa naquilo que fala, atualizada, antenada e com muita experiência internacional, essas são as qualidades principais. Beleza é inegável, mas a inteligência e a maneira como se porta é excepcional, digna de um título de Miss Universe.

Para Luana, seu maior trunfo é a resiliência:

- Sou disciplinada, tenho determinação e amo tudo o que faço. Só me envolvo em projetos em que acredito. A seguir, Luana fala sobre a coroação, as mudanças do regulamento do concurso e o legado que espera construir como a 70° Miss Universe Brasil.

Letícia Paludo

28 de Setembro de 2024
J.J. CAMARGO

E algumas especialidades, por transitarem na faixa estreita que tenta separar expectativa de vida e fantasia, são ainda mais desconcertantes.

Dezenove anos depois da graduação, encantado com o entusiasmo dos que trabalhavam com transplantes, e tendo feito um treinamento específico, resolvi embarcar nessa locomotiva sem ter a menor ideia de que aquele era um caminho sem volta. Em parte pelo fascínio de sentir-se instrumento de protelação da morte, mas muito pelo vínculo de dependência afetiva com os que tinham sido agraciados por um tempo extra, importando pouco quão curto esse tempo fosse.

Como sempre, a proximidade da morte, por dar a todas as coisas o valor que elas de fato têm, é um modelo pedagógico irretocável de autenticidade, esperança, persistência, humildade e gratidão. É inevitável, ao conviver com os candidatos ao transplante, ser envolvido pela intensidade e abundância desses sentimentos.

Dois estímulos impulsionam o jovem médico a trabalhar com a proximidade tão explícita da morte: a fascinante tarefa de aliviar sofrimento, com o afago emocional que isso representa; e a insubordinação à tradição milenar da medicina de apenas oferecer conforto ao paciente, sem nenhuma pretensão de opor-se à história natural das doenças, e, com essa nova atitude, provar a euforia, temporária mas real, de retardar a sua marcha inexorável.

De resto, é impossível passar ileso pela experiência de compartilhar a ansiedade da espera, a incerteza de conseguir, a alegria de estar vivo para ganhar mais um dia de esperança ou a terrível dor da família de ter perdido a corrida desesperada contra o tempo. Ou pior ainda, receber o precioso órgão e, por estranha ironia, ser vítima de complicações inesperadas e, perdendo-o, perder-se.

Ouvindo o Valter Garcia descrever a odisseia que significou, ainda na década de 1970, implantar o transplante renal, que recém engatinhava no mundo, e forçar essa pretensão num hospital tão pobre que não tinha mais do que uma modesta diálise peritoneal, deixou evidente uma sensação que encheu o Teatro do Centro Histórico da Santa Casa de Porto Alegre: estávamos diante de um tipo que se alimentava das dificuldades para aumentar sua gana de fazer acontecer.

E de repente ficou claro que o relato dos 6 mil casos de transplante de rim, alvo original daquela homenagem, era apenas a consequência dessa gana. O olho brilhando de uma centena de cúmplices daquela proeza, espalhados pelo salão, era o jeito didático de dizer que ele nos representava e, com sua simplicidade comovente, confirmava o que a Santa Casa, durante seus 221 anos, tem ensinado a cada uma das suas crias: uma medicina de qualidade faz da competência e disponibilidade o seu modelo de propaganda silenciosa. Não importando o quanto seja complexo o que se tenha feito, nunca desistirmos de tentar fazê-lo melhor, fazendo de cada falha o despertador da gana de recomeçar.

Certamente por isso é tão pouco produtiva a busca de pretensiosos entre transplantadores. _

J.J. CAMARGO

Golpes cada vez mais convincentes

Uma senhora paranaense de Toledo, de 79 anos, caiu em um golpe por acreditar que namorava o empresário Elon Musk. Gastou R$ 4 mil em cartões da Apple. Ela ainda se confundiu, achando que o suposto namorado era dono da Apple. Na verdade, a empresa foi fundada por Steve Jobs. Musk é dono de companhias como a rede social X, a espacial SpaceX e a automotiva Tesla.

É bom ver uma octogenária com coragem de amar e iniciar um relacionamento. É triste ver o quanto a ingenuidade é explorada pela perversidade de estelionatários.

Antes de rir da situação, do sofrimento alheio, que tenhamos compaixão: hoje qualquer um pode ser ludibriado pela inteligência artificial.

Mesmo sem jamais crer no contato um tanto inimaginável de Musk, num conto de fadas faraônico, todo mundo pode se atrapalhar com a clonagem do WhatsApp de um amigo. Relatarei uma experiência pessoal.

Quando um afeto me reivindicava socorro, eu costumava me certificar de que não era um golpe - e, veja bem, acabamos de passar por uma enchente e acompanhar muitos colegas e conhecidos atravessarem sérias dificuldades financeiras com a perda da casa - sugerindo que me mandasse um áudio. A voz comprovava a veracidade da urgência.

Isso não mais funciona. Eu percebi no momento em que meu amigo Beto disse que não conseguia quitar um boleto devido a limite bancário. Ele me prometeu que devolveria o dinheiro no dia seguinte.

Estranhei o teor das mensagens, já que em nosso passado nunca me pedira um favor, muito menos de natureza financeira. Não desfrutávamos de tamanha intimidade, mas vá lá que fosse o seu desespero falando.

- Consegue fazer um pagamento pra mim? Fiz dois pagamentos hoje. Meu limite excedeu, amanhã libera. Eu faço de volta sem falta, tá? Tentei ligar. Ele não me atendeu e, imediatamente, enviou um print de tela de computador em que apareciam janelinhas com várias pessoas. Demonstrava assim que participava de uma reunião.

Esclareceu:

- Estou numa call! Solicitei, então, um áudio. Recebi dois áudios dele, com sua voz. Ainda que abafada e metálica, era a voz dele.

- Preciso de sua ajuda. - Queria um favor! Parecia que se tratava de um fato sincero. Questionei o número da conta. Ele ansiava por mil reais.

Daí ele começou a alegar que eu tinha que pagar um boleto diretamente. Insistia que não fizesse um Pix, que debitasse a fatura à parte. A minha credulidade se despediu no ato. Uma conta com o nome dele e o CPF fazia sentido, um boleto anônimo jamais.

Abandonei a conversa sem dó nem piedade. Aguentei dentro de mim a culpa por não ajudar, porém não me restava mais certeza de nada. A desconfiança prevaleceu. Três horas depois, ele avisou que seu número no WhatsApp tinha sido invadido.

Por muito pouco, não sucumbi ao engano. Se tivesse mais pressa e menos questionamentos, seria vítima da tramoia. O que chama atenção é que houve print de tela de uma call, houve áudios, não dá mais para se fiar em provas. Tudo é passível de falsificação. _

CARPINEJAR 



28 de Setembro de 2024
ARTIGOS

Eleições: exercício democrático!

Dom Jaime Spengler - Presidente da CNBB e arcebispo metropolitano de Porto Alegre

A democracia, busca de consensos e soluções, passa pelo chão das cidades! O bom político é capaz de dar o primeiro passo para que as diferentes vozes sejam ouvidas; é operoso, construtor de grandes objetivos, com olhar amplo, realista e pragmático.

A melhor maneira de ensinar democracia é nos municípios, pois é neles que o trabalho prático e o resultado de uma eleição têm a melhor visibilidade. As eleições oferecem uma oportunidade de avançar no processo de renovação de lideranças políticas, de jovens talentos e de pessoas comprometidas com a luta pelos direitos da cidadania no contexto democrático e republicano.

As prefeituras têm responsabilidades relevantes: assegurar creches, pré-escola e Ensino Fundamental, garantir parte dos serviços do SUS, regular o uso e a ocupação do solo urbano, investir em infraestrutura urbana, regular o transporte coletivo, promover a coleta de lixo e sua destinação, apoiar a segurança pública municipal.

Pela política nas cidades passam pautas decisivas: a reapropriação dos recursos públicos para a população; a ocupação justa do solo; as necessárias mudanças nas favelas e a redução de moradias precárias; infraestruturas que minimizem as consequências de catástrofes naturais; enfrentamento das epidemias decorrentes da proliferação de mosquitos; coleta de lixo; defesa ambiental; acesso de todos a educação e saúde; ações eficientes em prol da segurança pública.

Para superar toda forma de corrupção, é necessário acompanhar, vigiar e analisar criticamente os atos dos escolhidos para o serviço público. A corrupção anda de mãos dadas com o autoritarismo das "autoridades", a ganância dos fracos travestidos em poderosos e a pouca inteligência dos controles. Ela destrói a sociedade, abala a representatividade, esfacela os caminhos da democracia.

A atividade política é uma nobre forma de caridade! É preciso alimentar a esperança! E "quando se tem esperança, confia-se em algo que nos transcende" (B.-Chul Han)! 


A armadilha da popularidade

O compromisso primeiro de todo bom governante é buscar um alto índice de aprovação, certo? É, mas não deveria ser. O compromisso fundamental dos grandes governantes deveria ser fazer um grande governo, daqueles que se enraízam décadas à frente, ainda que à custa da popularidade momentânea, em troca de benefícios de longo prazo.

O governante que só pensa na sua aprovação popular antes de tudo é um populista. Ele hesita em adotar medidas duras, mesmo que necessárias, porque vão lhe custar votos. Como é mais fácil, e delicioso, abrir as burras públicas para espalhar agrados do que dizer não, esse governante age de olhos fixos nas próximas eleições. No governo passado, Jair Bolsonaro furou o teto de gastos em R$ 795 bilhões ao longo de quatro anos. Grande parte desse valor foi gasto em 2022, na tentativa de se reeleger. Além disso, Bolsonaro empurrou algo como R$ 120 bilhões em precatórios, uma conta que está sendo paga agora.

Lula também é obcecado pela popularidade e, por isso, resiste em admitir a necessidade de cortes e de mexer na estrutura do Estado. Vamos admitir: só bebês molhados gostam de mudança. A imensa maioria dos eleitores também vê o setor público como uma fonte de recursos inesgotáveis que brotam do nada e demonstra pouco apreço à austeridade. Compreensível, porque o bacana é proclamar, como no governo Dilma, que "gasto é vida". Mas há gastos e gastos. Saber cortar é uma arte que diferencia gestores medíocres daqueles que não temem perder pontos de aprovação agora para recolher os frutos de decisões difíceis lá adiante.

Veja-se o caso do governo Temer. Talvez ninguém tenha sido tão impopular como ele, por razões que vão desde o seu linguajar empolado até as trapalhadas com a JBS. Mas foi em seu governo que duas reformas cruciais, a da Previdência e a trabalhista, ganharam forma. Ao fim do mandato, Temer dificilmente se elegeria síndico de prédio, mas a estabilidade econômica e o nível de emprego de hoje devem muito a sua impossibilidade de reeleição.

No extremo oposto, temos Vladimir Putin. Ele engajou o país numa guerra que já matou dezenas de milhares de russos e ucranianos e abriu um fosso com o Ocidente, mas segue enfileirando uma reeleição atrás da outra. Apesar da sua popularidade, a Rússia e o mundo, seguramente, não estão melhores. Aqui do lado, na Argentina, em contrapartida, há uma experiência que merece atenção - um governante amalucado que repete "no hay plata". Até agora, Javier Milei sobreviveu. Se a Argentina sair do coma, pode ser uma nova era para o velho populismo latino-americano: o governante que mexe a fundo as estruturas do Estado e ainda assim segue com alta aprovação. _

MARCELO RECH 


28 de Setembro de 2024
CONSELHO EDITORIAL

Professora, pesquisadora e membro do Conselho Editorial da RBS

A desinformação climática e o papel do jornalismo

Nos últimos dias, mais uma vez enfrentamos, no Rio Grande do Sul, catástrofes climáticas, que são cada vez mais recorrentes. Desta vez, chuva intensa e forte inundou o sul do Estado, causando sérios problemas e, em muitas cidades, pânico. E, novamente, como em maio deste ano, vimos a desinformação tomar conta das plataformas de redes sociais, gerando ainda mais caos.

A desinformação envolve um conjunto de conteúdos problemáticos que geram dúvidas e ações, muitas vezes erradas, e que são diretamente potencializados, legitimados e amplificados pelas plataformas de mídia social. São, por exemplo, postagens que as pessoas recebem em grupos de amigos no WhatsApp, ou mesmo em páginas do Instagram, já cheias de curtidas, compartilhamentos e outras estratégias que reforçam a impressão de veracidade.

A desinformação floresce e circula com mais rapidez no vácuo informativo em situações de crise, como as tragédias climáticas que vivemos. A preparação para a ação e a resposta a esses eventos, portanto, precisam envolver estratégias de comunicação. Mais do que isso, é necessário desenvolver estratégias que vão além do uso das redes sociais para disseminar informações ou verificar desinformação. Conteúdos gravados para mídias sociais circulam em momentos diversos, nem sempre sendo exibidos a todos ou no tempo adequado. Uma notícia solicitando a evacuação de um local no Instagram, por exemplo, pode chegar às pessoas após o fato ocorrido ou quando a evacuação já não é mais necessária. É preciso ir além da checagem, que ajuda, mas não preenche o vácuo do qual a desinformação se alimenta.

Assim, é necessário trazer o jornalismo de volta como uma estratégia central, pois é o espaço de construção e, sobretudo, de verificação e apuração dos conteúdos essenciais para a comunidade. É preciso trazer a mídia tradicional, que independe dos algoritmos de visualização, das curtidas e compartilhamentos, e que é capaz de um alcance muito maior. É preciso construir um sistema de comunicação em muitas frentes de colaboração, capaz de preencher o vácuo informativo e permitir que nossas futuras ações sejam rápidas, conscientes e eficazes. Precisamos nos preparar. _

CONSELHO EDITORIAL

28 de Setembro de 2024
NOTÍCIAS

Nova reitoria da UFRGS toma posse e celebra eleição com paridade

Ensino Superior

Primeira iniciativa envolve criação da Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Equidade e da Secretaria Especial de Mudanças Climáticas

A chegada dos novos gestores foi comemorada e aplaudida de pé pelo público. Os convidados celebraram a primeira eleição da universidade com paridade, quando votos de alunos, professores e técnicos administrativos têm o mesmo peso. A primeira ação da nova reitora foi entregar ao Conselho Universitário (Consun) os projetos de criação da Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Equidade, da Secretaria Especial de Mudanças Climáticas e da Coordenadoria de Educação Básica. Marcia e Costa receberam itens simbólicos dos servidores, como um pedaço de grade, representando a abertura das portas da universidade.

O discurso da reitora foi marcado pela ênfase na participação da comunidade na administração e na necessidade de ações para enfrentar as emergências climáticas. A professora de Física destacou que a universidade é o local onde se cria, protege e espalha o conhecimento, e possui duas características: ali, as revoluções nascem, e as pessoas se renovam.

- Esse é meu plano, aqui do sul do Sul: utilizando nossos polos de extensão, que já estão sendo mapeados, juntando com a Pró- Reitoria de Ações Afirmativas e Equidade, vamos criar os meios para trazer um novo olhar não só para a UFRGS, Porto Alegre, RS e Brasil, mas para o mundo. E vamos fazer isso porque temos de resolver os problemas da democracia, da distribuição de renda e das mudanças climáticas - afirmou, destacando a biodiversidade do Brasil como alternativa para resolver problemas.

Prioridades

Necessitando de grandes reformas há anos, o Instituto de Artes ainda não tem um destino certo. A ideia é que parte das atividades seja levada para o antigo prédio da Medicina.

Anunciado pelo ministro da Educação, Camilo Santana, o campus em Caxias do Sul não é confirmado por Marcia.

- O que dá para dizer é que nós ficamos animados com o espaço que vimos e com ânimo da cidade em tentar fazer isso acontecer. _

Luz ficará mais cara com bandeira vermelha patamar 2

Cobrança adicional

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou na sexta-feira bandeira tarifária vermelha patamar 2 para o mês de outubro. Será o maior patamar de cobrança adicional na conta de luz desde abril de 2022, quando a bandeira "escassez hídrica" estava em vigor. Para o próximo mês, serão cobrados R$ 7,877 a mais para cada cem quilowatts-hora (kWh) consumidos.

Os fatores que acionaram a bandeira vermelha patamar 2 foram: risco hidrológico (GSF) e o aumento do Preço de Liquidação de Diferenças (PLD) - valor da energia elétrica calculado para a energia a ser produzida em determinado período. As previsões de baixa afluência para os reservatórios das hidrelétricas e a elevação do preço do mercado de energia elétrica em outubro levaram ao resultado.

Estimativas apresentadas na semana passada pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) já apontavam que o PLD de outubro deve superar os R$ 500 por megawatt- hora (MWh).

Houve uma sequência de bandeiras verdes - iniciada em abril de 2022 e interrompida em julho de 2024 com bandeira amarela.

Em agosto, houve bandeira verde em agosto e a vermelha, patamar 1, em setembro.

Inflação

O acionamento da bandeira tarifária vermelha patamar 2 representa um acréscimo de 0,45 ponto percentual sobre o IPCA. A projeção de impacto na inflação é da CM Capital. O sistema de bandeiras tarifárias, criado em 2015, vai atingir em outubro a marca de 60 acionamentos na classificação amarela, vermelha 1, vermelha 2 ou, a de maior impacto, bandeira de "escassez hídrica". _

Como funciona o sistema tarifário1397124194

O sistema de bandeiras tarifárias indica aos consumidores os custos da geração de energia no país, e visa a atenuar os impactos nos orçamentos das distribuidoras de energia.

Antes, o custo da energia em momentos de mais dificuldades para geração era repassado às tarifas apenas no reajuste anual de cada empresa, com incidência de juros.

No modelo atual, os recursos são cobrados e transferidos às distribuidoras mensalmente por meio da "conta Bandeiras".

As cores verde, amarela ou vermelha (nos patamares 1 e 2) indicam se a energia custará mais ou menos em função das condições de geração, sendo a bandeira vermelha a que tem custo maior, e a verde, sem custo extra.

Segundo a Aneel, as bandeiras permitem ao consumidor um papel mais ativo na definição de sua conta de energia. "Ao saber, por exemplo, que a bandeira está vermelha, o consumidor pode adaptar seu consumo para ajudar a reduzir o valor da conta", avalia a agência.

Fernanda Polo Isabella Sander

Agora, será preciso olhar dados com lupa

O efeito líquido das sinalizações da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) sobre os recursos da ajuda ao Estado foi um aumento da desconfiança sobre a efetiva compreensão da situação do Rio Grande do Sul e do que será de fato pago até o final do ano.

Foi preciso esperar quase 24 horas para que o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, se manifestasse oficialmente sobre o cancelamento de créditos extraordinários federais que incluem a ajuda ao RS.

Quando o fez, garantiu que não haverá "cortes", mas "cancelamentos". Na próxima semana, para quando está prevista a publicação do resultado do Tesouro Nacional de agosto, será preciso conferir se, além dos R$ 7,2 bilhões destinados a leilões de arroz que não precisaram ser desembolsados e devem ser retirados das previsões, alguma outra dotação será "cancelada".

A publicação está atrasada devido a uma greve dos funcionários de carreira da pasta. À agência especializada em finanças Bloomberg Línea, Ceron estimou em R$ 10 bilhões o volume de créditos cancelados. Em tese, faltariam ainda R$ 2,8 bilhões.

Em vez de encerrar a novela detalhando o que fica e o que sai do que a STN chama de "despesas relacionadas à calamidade no RS", Ceron adiou o suspense em uma semana, porque na mais recente prestação de contas existem outras ações com grandes diferenças entre a dotação e o pagamento. E muitas sem empenho, o que é outro sintoma de risco de efetivação.

Algumas, claramente, são iniciativas que exigem mais prazo, outras não. A coluna deixa registrada a situação atual para comparar com a da próxima semana. Só então será possível saber exatamente o tamanho e o impacto dos cancelamentos. _

Como fábrica alagada se reergue

Quase destruída pela enxurrada, a Della Nonna, fábrica do 4º Distrito acumula prejuízo de cerca de R$ 3,5 milhões. Parada até agosto, a empresa teve ajuda, mas "sem linha de crédito, teria fechado", afirma o dono Sergio Sbabo.

No entanto, só há cerca de dois meses o empreendedor conseguiu contratar financiamento em bancos públicos. A Della Nonna tinha pendências e, enquanto não as quitasse ou renegociasse, não teria acesso ao crédito.

- Nos bancos privados, tive enorme dificuldade de colocar o passivo em dia. Consegui renegociar com juro de mercado. A partir daí, consegui acesso aos bancos públicos para tentar (as linhas de financiamento do) BNDES.

Em agosto, a Della Nonna retomou parte da produção.

- É outra empresa. Vamos voltar de maneira mais enxuta. Estamos revendo os custos fixos. _

"R$ 7,2 bi de arroz nunca foram do RS"

Para o economista Marcelo Portugal, os R$ 7,2 bilhões que estão previstos para leilões de arroz e devem ser o maior valor "cancelado" pela Secretaria do Tesouro Nacional são uma perda relativa:

- Os recursos para leilões de arroz nunca foram para o RS. Eram uma desculpa para beneficiar empresas do restante do país. Poderiam ser usados para outra finalidade no Estado, mas talvez seja melhor cortar, antes que sejam usados para outra coisa e aumentem o déficit.

Portugal tem longa trajetória de defesa de ajuste fiscal. _

Apoio tecnológico para indústrias

Depois de apoiar empresas afetadas pela enchente, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) fez nova parceria com a Federação da Indústria do Estado (Fiergs) e o Senai-RS. Desta vez, com o programa MetaIndústria estendido a médias, pequenas e microindústrias.

O foco é ajudar o empreendedor a incluir novas tecnologias no processo produtivo, como computação na nuvem, robótica e inteligência artificial. Será apresentado na segunda-feira no Instituto Senai de São Leopoldo, às 9h. _

Uma ação de limpeza da Transpetro tirou de praias da Região Sul mais da metade do lixo encontrado em 13 pontos do país. Do total de 5,7 toneladas, 2,9 t foram recolhidas em Tramandaí, Grande (SC) e Roccio (PR). Parte do material foi para cooperativas de reciclagem e o lixo não reciclável, encaminhado para empresas de limpeza.

GPS DA ECONOMIA 


28 de Setembro de 2024
POLÍTICA E PODER - Rosane de Oliveira

Passou da hora de o governo impor limites à jogatina online

A próxima semana será pródiga em anúncios de medidas para colocar tranca nas portas arrombadas pelas chamadas bets no Brasil. São mais de cinco anos de corpo mole por parte do Executivo e do Legislativo, até se chegar à constatação de que a jogatina online passou de todos os limites do razoável e ameaça a estabilidade financeira das famílias e o equilíbrio emocional dos jogadores, sobretudo os de classes mais baixas, que se endividam na esperança do ganho fácil.

Em 2023, Lula chegou a mandar uma medida provisória para o Congresso, à época mais preocupado com a arrecadação, já que nem as bets nem os ganhadores recolhem impostos sobre o que arrecadam. O Congresso se omitiu, a MP caducou e as apostas cresceram em níveis exponenciais.

Agora, o governo planeja proibir o pagamento de apostas com o cartão do Bolsa Família. A Federação Brasileira dos Bancos quer que seja vetado o pagamento de apostas com Pix. Cogita-se também a proibição de uso do cartão de crédito para pagar os jogos.

Leite entrega casas em Estrela vestido de bandeira do RS

Chamou a atenção de quem acompanhou a entrega de mais 86 casas temporárias em Estrela a vestimenta do governador Eduardo Leite: uma camiseta polo nas cores e formato da bandeira do Rio Grande do Sul. A camiseta, de gosto duvidoso do ponto de vista estético, foi presente de uma família de admiradores.

Das 500 casas temporárias previstas para nove municípios já foram entregues outras 30 em Encantado e mais 28 em Cruzeiro do Sul. As próximas entregas devem ser realizadas em Arroio do Meio (40), Rio Pardo (39), São Jerônimo (18) e Triunfo (48). Eldorado do Sul será contemplada, mas a prefeitura ainda não indicou o terreno. _

Macaé Evaristo tentará desmistificar o conceito de direitos humanos

Duas semanas depois de ter sido nomeada pelo presidente Lula, Macaé Evaristo tomou posse nessa sexta-feira como ministra dos Direitos Humanos. No palco estavam, além de Lula, Anielle Franco - pivô da queda do ministro Silvio Almeira, acusado de assédio moral e sexual -, as outras quatro mulheres que integram o primeiro escalão e a primeira-dama Janja da Silva.

Negra, professora, assistente social e deputada estadual licenciada, Macaé tem uma trajetória de vida ligada à educação (foi secretária municipal em Belo Horizonte e estadual em Minas). No discurso de posse, disse que um dos seus desafios é desmistificar os direitos humanos, já que hoje existem distorções em relação ao seu significado:

- Infelizmente, na sociedade brasileira muita gente tem a concepção de que direitos humanos é uma coisa de quem defende bandido. _

Trensurb está sob nova direção

Com o aval do ministro Paulo Pimenta, o jornalista Nazur Garcia foi nomeado na sexta-feira diretor-presidente da Trensurb.

Servidor de carreira há quase 40 anos, Nazur tem o aval das principais forças políticas do PT e já trabalhou em diferentes áreas do governo, cedido pela Trensurb. Agora, assume como comandante no lugar de Ernani Fagundes, que vinha acumulando o cargo com o de diretor de Operações desde que Fernando Marroni saiu para concorrer a prefeito de Pelotas.

Nazur também assessorou a maioria dos ex-presidentes, mas fez uma espécie de pós-graduação nos quatro meses em que trabalhou com Pimenta na Secretaria de Apoio à Reconstrução. _

mirante

Foi nessa sexta-feira o grande ato de fim de campanha da Maria do Rosário (PT), no Largo Zumbi dos Palmares. A coluna deu a entender que seria na próxima.

Nas cinco maiores cidades do Estado, Eduardo Leite e Gabriel Souza estão, teoricamente, em lados opostos. Gabriel foi a Santa Maria fazer campanha para Giuseppe Riesgo e Leite apareceu na TV pedindo votos para Rodrigo Decimo.

Gabriel Souza ainda não apareceu na propaganda de Sebastião Melo.

Dinho se livra de condenação

O ex-vereador de Porto Alegre e ex-jogador de futebol do Grêmio Edi Wilson Jose dos Santos, conhecido como Dinho, foi absolvido pela Justiça da condenação por desvio de aproximadamente R$ 100 mil dos cofres públicos.

Em novo entendimento, o Tribunal de Justiça removeu as acusações contra Dinho por falta de provas de que ele tenha participado do esquema de rachadinha, que entre 2015 e 2017 desviou R$ 8 mil por mês do salário de uma assessora. _

POLÍTICA E PODER