quinta-feira, 21 de novembro de 2024


21 de Novembro de 2024
CARPINEJAR

País das conspirações

A história do poder no Brasil sempre se mostrou nebulosa. As verdades e fantasias costumam se confundir em tramas obscuras.

O ex-presidente João Goulart (1961-1964) morreu de um ataque cardíaco em 6 de dezembro de 1976, em Mercedes, na província de Corrientes, na Argentina, durante seu exílio político. No entanto, amigos, familiares e especialistas levantaram as suspeitas de que Jango havia sido envenenado por agentes da Operação Condor. A hipótese de complô ganhou força depois que um ex-agente secreto do Uruguai declarou que os remédios que João Goulart tomava para o coração acabaram manipulados. Ocorreu, inclusive, exumação e autópsia do corpo em 2013, mas o laudo da perícia resultou inconclusivo.

Semelhante destino de desconfiança e descrédito turvou o fim do ex-presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961). A Comissão Municipal da Verdade Vladimir Herzog, da Câmara Municipal de São Paulo, apresentou relatório que contesta a versão oficial, na qual consta que ele faleceu como vítima de um acidente de carro - o ex-presidente morreu no dia 22 de agosto de 1976, na Rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro.

Segundo apuração da comissão, a morte de Juscelino foi meticulosamente arquitetada, fundamentada no fato de o perito criminal Alberto Carlos ter sido impedido por policiais e agentes de Estado de fotografar o crânio do motorista Geraldo Ribeiro na exumação da ossada, em 14 de agosto de 1996. O perito contou que viu um furo no crânio de Ribeiro, com características de perfuração por projétil.

Já escutamos várias narrativas a respeito da morte enigmática de Tancredo Neves, um pouco antes de assumir a Presidência da República em 1985. Tancredo, um dos líderes do movimento Diretas Já, teria sido baleado no decorrer de uma missa ou envenenado pelo seu mordomo, que curiosamente adoeceu e faleceu no mesmo período.

Até a famosa Carta-Testamento de Getúlio Vargas não havia sido feita para o suicídio do presidente no dia 24 de agosto de 1954, com o disparo de um revólver calibre 32 no coração, em seu próprio quarto, no Palácio do Catete.

Provavelmente foi preparada bem antes da fatalidade e improvisada como documento final. O secretário de Getúlio, Maciel Filho, que datilografou o depoimento - pois o presidente escrevia a mão, não sabia datilografar -, confessou que se tratava de uma carta de resistência, não de suicídio. Era o testemunho de um homem disposto a morrer lutando.

Recentemente, houve o desmascaramento de um plano do Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior facção criminosa do Brasil, para raptar e atentar contra a vida do senador Sergio Moro, em 2022. Existiu, inclusive, habitual queima de arquivo, com execução em emboscada dos dois principais acusados na Penitenciária de Presidente Venceslau II (SP).

E não podemos esquecer a queda misteriosa da aeronave com Teori Zavascki, ministro do Supremo Tribunal Federal e relator da Operação Lava-Jato na Corte, em 2017, e a queda do avião que levava o presidenciável Eduardo Campos em 2014, e a facada que sofreu Jair Bolsonaro na campanha de 2018.

Agora circulam provas de tentativa de assassinato do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes por um grupo militar. A Polícia Federal prendeu na terça-feira quatro militares do Exército e um policial federal na operação denominada Contragolpe, que investiga uma organização criminosa que teria planejado um golpe de Estado após as eleições de 2022, investida que culminou nos atos terroristas de 8 de janeiro de 2023.

O Brasil é o país da paranoia, das conspirações, dos segredos sujos nos bastidores, dos porões, das armações clandestinas e motins, do rechaço à democracia. Nada nunca é o que parece. 

CARPINEJAR


21 de Novembro de 2024
OPINIÃO RBS

Os resultados derivam da nota dos alunos das redes municipal e estadual nas provas do Sistema de Avaliação Escolar do RS (Saers), testados em português e matemática. Participam estudantes do 2º, 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e 3º do Ensino Médio. A taxa de aprovação também integra o indicador. A média de notas, em uma conta em que entram todos os municípios, foi de 63,44. No ano anterior, 59,79. Ocorreu uma melhora nos quesitos que levam em conta a alfabetização, a aprovação e a qualidade dos anos iniciais. Os anos finais, porém, estagnaram.

A disparidade de performance entre as séries do início da jornada escolar e o 9º ano pode ser explicada pelos diferentes impactos causados pela pandemia. Os estudantes que concluíam o Ensino Fundamental 2 no ano passado estavam iniciando a transição para esta fase em 2020. Foi quando eclodiu a crise sanitária que, entre outras consequências, levou ao fechamento das escolas por um grande período. 

Essa é a etapa em que os desafios de aprendizagem ganham complexidade. São adolescentes que, agora, estão no Ensino Médio, quando devem receber cuidados adicionais para recuperar os prejuízos na compreensão de conteúdos. Mas, no geral, como ponderado antes, o Imers ao menos sinaliza uma melhora, mesmo que tímida, na assimilação de conhecimentos. Ainda assim, é necessário perseguir avanços bem mais significativos.

Os resultados do índice de 2023 também confirmam que a aprendizagem nos municípios mais populosos do Estado deixa bastante a desejar. Em regra, apresentam médias piores, repetindo o que foi visto na prova aplicada em 2022. Aflige a posição de Porto Alegre, com a nona menor nota do Estado. 

É uma colocação desonrosa, que lamentavelmente ratifica o posto de uma das piores capitais brasileiras no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Reeleito, Sebastião Melo (MDB) confirmou no início da semana que o prefeito de Esteio, Leonardo Pascoal (PL), será o futuro secretário de Educação de Porto Alegre. A despeito de ser uma indicação política, em suas primeiras entrevistas, Pascoal demonstrou ter conhecimento do tema. Aguarda-se que repita o êxito obtido no município que administrou por dois mandatos, onde melhorou o resultado do Ideb.

Vale ainda registrar que o desempenho dos municípios no Imers passa, neste ano, a ser um dos critérios para a distribuição dos recursos do ICMS do Estado às prefeituras. Inicialmente, 10% do montante a ser repassado às cidades terá a qualidade da educação e outros números da rede de ensino local como parâmetro. O percentual sobe de forma gradual, até chegar a 17% em 2029. Trata-se de uma iniciativa meritória que incentiva os municípios a cuidar ainda mais da educação. 

OPINIÃO RBS

21 de Novembro de 2024
GPS da Economia - Marta Sfredo

Nova relação com a China exige equilíbrio

Os 37 acordos assinados com muito protocolo durante a visita de Estado do presidente da China, Xi Jinping, a Brasília - uma extensão da agenda do G20 - não contêm um megaprojeto. Mesmo assim, devem abrir nova fase nas relações com o Brasil. Os projetos têm conexão com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Nova Indústria Brasil, o Plano de Transformação Ecológica e o Programa Rotas da Integração Sul-Americana.

O objetivo do governo Lula é deixar de ser apenas exportador de matérias-primas básicas, como minério de ferro e soja com baixa elaboração, e importador de automóveis e "quinquilharias". A ambição é ter produção conjunta, com transferência de tecnologia.

- Queremos adensar a cadeia de valor em nosso território, além de ampliar e diversificar a pauta com o nosso maior parceiro comercial - disse ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Esse movimento, no entanto, será feito de forma gradual e cautelosa, especialmente depois da eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos. Para usar analogia georreferenciada, será um exercício semelhante ao dos "pratos chineses" - aqueles que têm de ficar rodando na mesma velocidade para não cair e quebrar.

Embora a China seja o maior comprador do Brasil, EUA e Europa são parceiros igualmente relevantes. Com meios que ficarão ainda mais distintos a partir de janeiro, ambos tentam frear o que veem como um plano chinês para alcançar a hegemonia econômica global. Isso sem contar a aproximação dos chineses com a Rússia e do risco geopolítico embutido nessa aliança. Então, ao acelerar a rodagem do prato da China, o Brasil precisa manter girando também pelo menos os dos EUA e da União Europeia.

Adesão à nova rota da seda fora do roteiro

Não houve menção, por exemplo, à adesão brasileira à Iniciativa do Cinturão e Rota, chamada também de "nova rota da seda", principal ferramenta da expansão do poder da China no mundo.

Se tivesse ocorrido algum avanço agora, poderia adicionar complexidade às já desafiadoras negociações com a União Europeia na tentativa de acordo com o Mercosul e, provavelmente, visto com desfaçatez pelo futuro governo Trump.

E se já é uma operação complexa lidar com a plateia estrangeira, ainda é preciso cuidar do público nacional. Há críticas ao excesso de abertura do Brasil à China de setores tão distintos quanto o varejo - por conta dos sites que vendem barato e até há pouco nem sequer eram tributados -, setor siderúrgico - pela "invasão do aço chinês" - e automobilístico - por benefícios extras concedidos a montadoras como a BYD.

A coluna já ouviu, de um empresário usualmente muito centrado, que há uma "conspiração" no governo Lula para beneficiar a China. Muitos pratos chineses... _

Comércio do Brasil de janeiro a outubro deste ano

Exportação % DO TOTAL

China 29,32

União Europeia 14,24

Estados Unidos 11,57

Importação % DO TOTAL

China 23,91

União Europeia 18,07

Estados Unidos 15,5

Superávit com a China

Exportação US$ 83,4 bi

Importação US$ 52,95 bi

Saldo US$ 30,45 bi

O peso do gigante

Superávit total US$ 63,1 bi

Saldo com China/total 48,3%

Fonte: Comex/Mdic

Hotel de Porto Alegre em nova fase pós-enchente

Com nove unidades no país, a rede Deville reabriu seu tradicional hotel em Porto Alegre, atingido pela enchente no 4º Distrito e fechado em 5 de maio.

A operação voltou em 18 de setembro - pouco mais de quatro meses depois de parar - com investimento de cerca de R$ 7 milhões para reparação e reforma de equipamentos e áreas sociais.

No dia 28, haverá uma cerimônia de reabertura para marcar a superação do período de desafios que envolveu também processo de reestruturação.

Salas de eventos foram revitalizadas, com novos revestimentos, pintura, decoração, mobiliário e instalações elétricas. Outras partes do Deville Prime Porto Alegre também tiveram o visual renovado.

A rede afirma não ter demitido trabalhadores em razão da enchente. Fez desligamentos já programados. Ao todo, tem 138 funcionários na operação da Capital. A empresa mantém campanha em todos os seus hotéis que reverte venda de sobremesa em doações para trabalhadores da unidade gaúcha. _

A elevação do prêmio de risco é ligada à desconfiança de que o governo não vai conseguir equilibrar o resultado fiscal.

Roberto C. Neto - Presidente do Banco Central

R$ 460 milhões

é o valor da aquisição e expansão de uma unidade de processamento de alimentos definido pela BRF (Sadia, Perdigão e Qualy) na província de Henan, na China. São duas linhas com capacidade de 30 mil toneladas/ano. Do total, R$ 210 milhões serão aplicados na adequação e expansão de duas linhas de hambúrguer.

Reforço no pacote sempre adiado

Ainda na terça-feira, surgiu a informação de que os cortes no Ministério da Defesa podem ser mais robustos do que se esperava. Mas continua a dúvida sobre o pacote que quer "reduzir o crescimento das despesas": quando sai? Ninguém sabe. Pode ser hoje ou amanhã. Ou ficar para a próxima semana.

Além do fim da chamada "morte ficta" (veja ao lado), a Defesa pode dar outras contribuições. Até agora não apareceu o fim da pensão para filhas solteiras, um benefício anacrônico. Ainda virá? Não houve "clima" para incluir nos cortes?

GPS DA ECONOMIA

21 de Novembro de 2024
POLÍTICA E PODER - Paulo Egídio

Governo prepara compra de cinco helicópteros

O governo do Rio Grande do Sul vai comprar cinco novos helicópteros para as forças de segurança, com investimento de mais de R$ 300 milhões. As licitações, que terão concorrência internacional, ainda estão em fase de preparação, mas a expectativa é receber todas as aeronaves até o início de 2026.

Quatro helicópteros serão adquiridos com recursos do Funrigs, fundo do Plano Rio Grande vinculado à recuperação do Estado e à resiliência climática. O comitê gestor do fundo já aprovou a destinação de R$ 284 milhões para esse fim, por solicitação da Secretaria da Segurança Pública.

O quinto será comprado mediante repasse de R$ 27 milhões do Fundo para Reconstituição de Bens Lesados (FRBL), que é administrado pelo Ministério Público.

Das cinco novas aeronaves, três ficarão com a Brigada Militar, uma com o Corpo de Bombeiros e a outra com a Polícia Civil. O contingente será suficiente para ampliar em 70% a frota atual, que tem sete helicópteros distribuídos entre as forças de segurança do Estado.

Equipados para resgates

Para além de reforçar as atividades cotidianas, os novos helicópteros serão equipados para atuar em resgates em caso de novos desastres climáticos.

Todos serão equipados com o sistema que permite voos noturnos ou em momentos de baixa visibilidade.

Conforme documento ao qual a coluna teve acesso, duas aeronaves direcionadas à BM serão do tipo biturbina, o que garante segurança em caso de falha de um dos motores.

O secretário da Segurança, Sandro Caron, lembra que, em maio, o RS teve de recorrer a helicópteros de outros Estados por não ter aeronaves capazes de voar à noite.

- Esses helicópteros vão nos dar maior capacidade operacional e, em caso de nova crise climática, serão colocados imediatamente em uso para fazer resgates. Já estamos inclusive capacitando os pilotos para isso - adianta Caron. _

PF deve concluir inquérito hoje

A Polícia Federal deve concluir hoje o inquérito que investiga os ataques do dia 8 de janeiro de 2023 e conspirações para tentativa de um golpe de Estado no Brasil.

O documento deverá pedir o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro na eleição passada.

Entre as ações investigadas no inquérito, está a suposta trama para o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice, Geraldo Alckmin, e do ministro do Supremo Alexandre de Moraes, revelada terça-feira. _

02

Posição conjunta sobre PEC

Com Eduardo Leite em viagem ao Japão, o Rio Grande do Sul será representado pelo vice-governador Gabriel Souza na 12ª reunião do Cosud, colegiado que reúne Estados do Sul e do Sudeste. O encontro será em Florianópolis, de hoje até sábado.

Há expectativa de que os sete Estados emitam posição conjunta sobre a PEC da Segurança do governo Lula, que amplia o poder do governo federal no combate ao crime. _

Sob vaias e ofensas, Melo deixa ato sem discursar

O prefeito Sebastião Melo saiu sem discursar do ato de inauguração da estátua de Zumbi dos Palmares, em Porto Alegre, ontem. O prefeito ensaiou um pronunciamento, mas teve a fala abafada por vaias e hostilidades de manifestantes.

Sob apupos e gritos de "Fora, Melo!", "chinelão", "bolsonarista" e "e a Smed?", o prefeito decidiu deixar o Largo Zumbi dos Palmares.

- A democracia que ajudei a construir na década de 1970 não convive com esse tipo de comportamento. Ganhamos a eleição e sou o prefeito de todos os porto-alegrenses - lamentou, na saída.

Nas redes sociais, Melo atribuiu o episódio ao "radicalismo de militantes descontentes com o resultado das eleições" e disse que o caso "quase acabou em violência física" contra ele e sua equipe.

A instalação da estátua foi sugerida pela vereadora Karen Santos (PSOL) e aprovada pela Câmara Municipal. _

Colaborou Jean Costa

União pela agricultura

Um projeto de lei incluído no pacote enviado pelo governo estadual à Assembleia une a gestão de Eduardo Leite e o PT. A proposta prevê a isenção do imposto sobre heranças, o ITCD, para propriedades rurais de agricultores familiares.

A iniciativa partiu, originalmente, do líder do PT na Assembleia, Miguel Rossetto. Como havia vício de origem, Rossetto negociou com o Piratini, que topou abraçar a ideia.

O projeto isenta do tributo os imóveis rurais de até 25 hectares e com valor de até R$ 500 mil, quando o proprietário falecido for agricultor familiar.

- Temos volume muito grande de áreas com produtores envelhecidos. O projeto desestimula o abandono das propriedades. Zerando o tributo, se estimula a regularização fundiária para a juventude rural, estimula a atividade produtiva da agricultura familiar - explica Rossetto. _

Pressa na retirada das tomadas

O governo Leite almeja aprovar em dezembro o projeto que proíbe a instalação de tomadas nos presídios gaúchos, que integra o pacote de final de ano encaminhado à Assembleia. A intenção é impedir o acesso dos presos a celulares.

- É uma política que vem sendo construída há bastante tempo, não apenas no governo do Estado, mas nacionalmente. Em alguns Estados já existe lei, existe uma lei tramitando no Congresso - diz o secretário dos Sistemas Penal e Socioeducativo, Luiz Henrique Viana. _

PT reivindica mais tempo de discussão

A bancada do PT pedirá a retirada do regime de urgência do projeto que retira as tomadas das prisões. A deputada Laura Sito (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos, avalia que a medida evidencia "a insuficiência da própria segurança pública".

- No formato que está posto, o projeto fere a dignidade dos apenados e precariza ainda mais a condição das pessoas - considera Laura.

Um dos elementos da discussão é o uso de ventiladores pelos apenados em dias de muito calor. _

POLÍTICA E PODER

21 de Novembro de 2024
INFORME ESPECIAL - Rodrigo Lopes

Enfim, um mercado de carbono

Qualquer bom vendedor sabe que, para conquistar o cliente, é preciso criar necessidade. O consumidor só irá comprar algo se reconhecer valor - real ou imaginário - naquilo que lhe é oferecido.

É o famoso "o que eu vou ganhar com isso?" Grosso modo, é o que, espera-se, ocorra com a regulamentação do mercado de carbono, projeto aprovado pelo Congresso e que segue para sanção presidencial.

O mecanismo tem capacidade de inverter a lógica e conquistar, quem sabe, até o empresário mais cético (ou negacionista) das mudanças climáticas. Afinal, acredite ou não no aquecimento global, ele poderá ganhar dinheiro (e muito), se fizer o tema de casa ambiental.

Pelas regras do recém-batizado Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE), a empresa que investir em tecnologias mais limpas poderá vender crédito de carbono por aí. O empresário irá parar de ver o tema climático como ônus, e poderá entendê-lo como bônus.

O Brasil entra tarde nesse mercado complexo e em expansão. Mas antes tarde do que mais tarde. O planeta agradece. _

Entrevista - Jorge Viana - Presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil)

"O Plano Safra terá de incluir recursos para a adaptação"

Na COP29, o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Jorge Viana, detalhou como as mudanças climáticas afetam o agronegócio, falou sobre as empresas gaúchas atingidas pela cheia e as perspectivas diante do retorno de Donald Trump ao poder.

O que as empresas do RS podem esperar da Apex neste momento de recuperação?

No Rio Grande, temos convênio com o polo calçadista, com o setor de vinhos, com o couro. Criamos o Bolsa Exportação, um programa pelo qual a empresa que estava programada para viajar e que enfrentou alguma dificuldade, recebe até R$ 20 mil para o pagamento de despesas, como hotel e passagem. Com isso, a gente vai atender mais de 500 empresas.

O produtor gaúcho sofre tanto com a enchente quanto com a estiagem. Como tem sido encaminhado o debate sobre adaptação às mudanças climáticas?

Podemos estar vivendo um momento de ruptura. É preciso que haja um processo de adaptação. Vamos ter de nos preocupar com a escassez de água, com o excesso de chuvas, e isso, para a agricultura, é mortal. Vamos ter de alterar o Plano Safra. Talvez tenha de focar em reservar recursos, não só para safra, mas para que a gente possa trabalhar essa adaptação, com irrigação, em fazer um ciclo diferenciado de cultura. Defendo fortemente isso, a partir de um seguro agrícola, porque os agricultores não vão conseguir arcar com três, quatro prejuízos no mesmo ano.

Isso já está acontecendo no Rio Grande do Sul.

O seguro agrícola, que era de R$ 1 bilhão, no universo de mais de R$ 400 bilhões no Plano Safra, tem de, no mínimo, triplicar de tamanho.

? O retorno de Trump nos EUA abre oportunidades para as exportações brasileiras para a China?

O tensionamento entre China e EUA deve esgaçar mais no governo Trump. Temos de tentar ajudar o mundo a ficar em paz, mas, ao mesmo tempo, estar de olho em oportunidades, sem abrir mão da boa relação comercial com a maior economia do mundo, que são os EUA, que, quando resolve ficar independente da China no comércio exterior, abre janelas para o México e pode abrir para o Brasil. Em relação à China, temos de agregar valor nos produtos e trabalhar a geração de emprego. _

Apoio técnico, além do financeiro

No principal palco da COP29, a reunião ministerial, que ocorreu no plenário Nizam, ontem, a secretária estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura, Marjorie Kauffmann, destacou a importância dos governos de Estados e municípios no enfrentamento da crise climática.

O encontro do qual ela participou é o momento em que a presidência da conferência se apropria dos temas debatidos ao longo do dia.

- Os governos subnacionais são a voz das comunidades na agenda de desenvolvimento global - disse.

Antes, Marjorie afirmou que os governos precisam de apoio técnico, além de financeiro, para implementar as metas climáticas estabelecidas pelas nações de redução das emissões de carbono. _

Marjorie Kauffmann encerrou a missão no Azerbaijão e viaja para a China para se juntar à comitiva do governador Eduardo Leite.

O agro como aliado do ambiente

No dia dedicado à agricultura na COP29, na terça-feira, o vice-presidente da Farsul, Domingos Velho Lopes, explicou a uma plateia internacional como o agronegócio brasileiro se posiciona diante das mudanças climáticas.

- Aos poucos, as COP vêm introduzindo a atividade da agricultura, pecuária e silvicultura como parte das soluções e do convício harmônico com a sociedade civil e com o ambiente - afirmou.

Ele reforça a participação da agricultura brasileira no cumprimento das metas de redução de emissões de gases de efeito estufa e destaca a necessidade de separar a produção resiliente e sustentável do desmatamento ilegal. _

INFORME ESPECIAL

quarta-feira, 20 de novembro de 2024


20 de Novembro de 2024
CARPINEJAR

A inofensiva fotinho do perfil

WhatsApp é como carteira de identidade, é como habilitação de motorista. Deveríamos colocar no perfil uma foto básica de identificação para o outro descobrir com quem está conversando.

Seguiríamos o exemplo daquelas 3X4 que fazemos para os documentos, com a diferença de que poderíamos rir ou olhar para os lados.

Seria uma forma de facilitar a localização dos contatos na agenda. A regra é se declarar de cara, sem demandar muito esforço, sem suspense, para uma comunicação imediata.

Mas tem gente que não entende a natureza do aplicativo, esquece que não se encontra dentro de sua bolha de conhecidos, e escolhe imagem de seu cachorro, de seu gato, de seu filho, de um lugar paradisíaco na fotinho.

É bonito homenagear um amor ou uma paisagem de sua preferência, mas talvez o ambiente e o momento não sejam apropriados. A situação prejudica aprovações de um número, que pode ser bloqueado como engano, como golpe, como contato comercial indesejado.

Isso quando não é um rosto enfiado num boné, ou um detalhe do corpo, tipo close das sobrancelhas ou de uma tatuagem. Isso quando não é a família inteira reunida, e não há como definir o dono da linha na multidão.

Isso quando não aparece um avatar, um bonequinho desenhado a partir dos traços do sujeito, o que tampouco ampara a memória alheia. Isso quando não emerge o semblante de um ator ou atriz, de um personagem do cinema, entregando referências de entretenimento, mas pouco informando as intenções de proximidade.

Isso quando não há fotografia nenhuma, o que é característico de contas de famosos, de quem não quer se expor e se esconde em excêntrico anonimato. Compreenda que, ao entrar na rede pública, numa ferramenta aberta, você saiu de casa. Você está na rua. E não é adequado passear com a aparência desleixada.

É como apertar a campainha ou o interfone de uma pessoa, que vai espiar quem é pelo olho mágico e não abrirá as trancas para qualquer um.

Você tem a obrigação de se apresentar educadamente. É uma premissa básica da convivência, uma formalidade mínima. Que mostre o seu nome e a sua feição, para prevenir confusões, para não ser deletado antes de ser capaz de explicar a sua procedência.

Por mais que o número do celular seja pessoal, privado, todo mundo acaba usando o WhatsApp também para o trabalho. E o que desponta com frequência é um ectoplasma da intimidade, um recorte misterioso de um universo interior.

Não é um espaço para indiretas ou poesia, para brincar de charadas, para propor telepatia ou jogo de adivinhação. É o novo cartão de visita. É o novo passaporte digital.

A primeira impressão é a que fica. Você estará trocando mensagens com um possível cliente que terá que suportar sua foto de sunga com estampa amazônica na praia. Convenhamos, não é uma cena promissora para fechar negócios. Aliás, não é possível reconhecer ninguém de sunga. 

CARPINEJAR


Discórdia entre os sábios

O Sábio da Montanha existe desde que o mundo é mundo, atestam os mitos e folclores de várias partes do mundo. Por ser mais elevado espiritualmente do que os homens comuns, na geografia também vive acima. Ele está longe da mundanidade, afinal, mal precisa disso, jejua a maior parte do tempo e medita solitário por dias.

Tudo funcionou assim durante milênios, morria um sábio e o Conselho de Sábios (Consá) enviava outro. Como o século 21 não dá mole para ninguém, recentemente houve uma cisão. O sábio escolhido disse que não seria preciso estar apartado dos homens para ser sábio. Então o Sábio da Montanha desceu e foi para a praia, iniciando o ciclo do "Sábio da Praia".

Fora a barba longa, muita coisa mudou com o Sábio da Praia. Jejum, por exemplo, nem pensar. Trocou a túnica de cashmere pela bermuda, havaianas, e anda a maior parte do tempo sem camisa. Além disso, pasmem, bebe cerveja. Ninguém me disse, eu vi. Até perguntei para o Sábio da Praia se é sábio tomar cerveja.

De manhã, o sábio praiano dá conselhos espirituais para ganhar o que gasta no armazém. Quando está muito quente fica na rede, fruindo do que ele diz ser o dom supremo que o homem recebeu do Criador: exercer a preguiça. Na tardinha sai para prosear com os amigos, jogar sinuca, saber das fofocas e tomar uma ceva.

E você, caro leitor, na hora de escolher sábios conselhos, qual dos dois vai procurar? _

MÁRIO CORSO 



20 de Novembro de 2024
SUSTENTABILIDADE - Vinicius Coimbra

Plástico pode ser aliado com uso adequado, dizem especialistas

Utilização consciente é uma das ações indispensáveis para a economia circular. Desafio é ampliar a destinação correta

O plástico tem sido objeto de atenção de autoridades, leis e debates sobre poluição nas últimas décadas. Segundo especialistas, o material não deve ser tratado como vilão da natureza: é importante para a sociedade moderna, capaz de ajudar na sustentabilidade. O desafio é ampliar a destinação correta para que ecossistemas e seres vivos não sejam prejudicados.

O assunto foi motivo de relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) em 2023, que destaca a possibilidade de reduzir a poluição plástica em 80% até 2040. Para isso, países, empresas e cidadãos precisam fazer "mudanças profundas".

Iniciativas políticas também têm focado na redução do material na sociedade. Desde 2018, Porto Alegre tem lei que proíbe os canudos plásticos descartáveis. Em Gramado, na Serra, legislação que proíbe a distribuição gratuita de sacolas plásticas entrou em vigor em março. Para Simara Souza, gerente do Instituto SustenPlást, a pecha de poluente não dialoga com a realidade do produto.

- Se eliminássemos o plástico, teríamos de aumentar a extração de madeira, a produção de vidro e haveria uma perda maior de alimentos. É uma demonização que não é científica. O plástico contribui para a sustentabilidade do planeta - pondera.

Simara está à frente do Tampinha Legal, programa socioambiental que fomenta a coleta de tampas de plástico em benefício de entidades assistenciais do terceiro setor. A iniciativa já recebeu 900 milhões de tampinhas que geraram R$ 4 milhões. Aliar o uso consciente à destinação adequada é uma saída indispensável para a economia circular, aponta.

Cálculos

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a mudança para uma economia circular resultaria em economia de US$ 1,27 trilhão (cerca de R$ 7,3 trilhões), se considerados custos e receitas de reciclagem. Outros US$ 3,25 trilhões (R$ 18,68 trilhões) seriam economizados com saúde, clima, poluição do ar, degradação do ecossistema marinho e custos relacionados a litígios.

Não viveríamos sem plástico, não o vejo como um vilão - resume Vanusca Dalosto Jahno, professora do Programa de Pós-Graduação em Qualidade Ambiental da Feevale.

Na Able, empresa de contact center no Tecnopuc, em Porto Alegre, a redução do uso de plásticos foi motivada por um contexto de adoção de estratégias sustentáveis, relata Sthefany Barbosa, sócia-diretora. Entre as iniciativas está o abandono de plásticos descartáveis para o consumo de bebidas. É estimulado o uso de sacolas ecológicas no lugar das plásticas. Há cuidado na separação dos resíduos. Na entrada da empresa, uma caixa de papelão é utilizada para o recolhimento de eletrônicos, entre outras ações. _

As dicas - Orientações da ONU para reduzir o plástico

Escolher produtos reutilizáveis em vez de descartáveis.

Solicitar a supermercados, restaurantes e fornecedores o abandono de embalagens de plástico de uso único e apoiar inovações para evitar o uso de plástico descartável em produtos e embalagens.

Escolher produtos de higiene pessoal sem plástico. Esse tipo de item é uma importante fonte de microplásticos, que chegam aos oceanos diretamente dos nossos banheiros.

Durante viagens, levar a própria garrafa reutilizável e usar protetor solar próprio para recifes, sem microplásticos.

Pedir às escolas, universidades ou locais de trabalho que proíbam o uso de plástico descartável e removam plásticos prejudiciais de suas cadeias de suprimentos.

Solicitar às autoridades locais que melhorem a gestão de resíduos.

Incentivar os tomadores de decisão a apoiar políticas para uma economia circular de plásticos.


20 de Novembro de 2024
ACERTO DE CONTAS

Na 4ª maior economia mundial

País escolhido para a largada da missão gaúcha à Ásia, o Japão enfrenta hoje desafios como outras economias, porém em uma base avançada de tecnologia e estrutura. O país chegou a passar os Estados Unidos como a maior economia do mundo pela sua indústria potente entre as décadas de 1950 e 1990, mas enfrentou bolhas imobiliária e financeira na década de 1990, que o levaram a décadas de deflação, que fez salários caírem puxando o poder de compra das famílias. Foi quando adotou uma política monetária de juros baixíssimos. O consumo despencou e os investimentos fugiram de ativos de risco. Em 2010, a China assumiu o posto de segunda maior economia, que o Japão ainda vinha sustentando.

Mas, a partir de 2022, a inflação subiu para mais de 2%. Isso fez as empresas elevarem a remuneração dos funcionários. Com isso, em 2023, o PIB japonês cresceu 1,9%, uma alta moderada, puxada pelo consumo das famílias, mas segurada por uma recessão no final do ano. De terceira, caiu para quarta economia mundial, ultrapassada pela Alemanha.

Ainda assim, está entre as potências mundiais. O Brasil fica em nono, com pouco mais da metade dos US$ 4,1 trilhões do Japão. Sua força tecnológica é vista nas coisas mais simples do dia a dia, como o aparato de equipamentos dos taxistas aos banheiros cheios de botões. É um dos principais países fabricantes de veículos, eletrônicos e máquinas, com uma forte cultura empresarial, sendo berço das gigantes mundiais Toyota, Sony e Nintendo.

Assim como o Brasil e tantos países, a economia japonesa enfrenta o risco da desaceleração dos Estados Unidos e da China, para onde exporta máquinas e chips. Enquanto isso, o governo aposta na recuperação baseada no consumo da própria população, que sobe com os salários ainda em elevação. Diferentemente do Brasil, o Japão quer esta inflação, em um patamar saudável de 2%. Preocupa quando ela é provocada pela desvalorização da sua moeda, o iene, em relação ao dólar, pois impacta o custo de vida e retrai os gastos das famílias. Recentemente, por este motivo, elevou a taxa de juro para atrair dólares, mas parou e talvez o faça novamente em dezembro.

Mudanças climáticas e envelhecimento da população são outros desafios japoneses, assim como da economia gaúcha, o que a coluna detalhará nos próximos dias. Estes fatores estão na agenda de quatro dias da comitiva aqui no Japão. _

A coluna fará a cobertura da missão gaúcha à Ásia para Rádio Gaúcha, Zero Hora, GZH e RBS TV.

MPF e os cânions

Para esclarecimentos sobre o imbróglio da concessão dos cânions de Cambará do Sul, o Ministério Público Federal reuniu Urbia, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio) e prefeitura. A concessionária argumentou que não consegue construir atrações por restrições de regularização fundiária e o ICMBio respondeu que o contrato sinalizava onde construir. O prefeito Ivan Borges voltou a apontar que preços altos espantaram turistas. A empresa culpa estradas precárias e chuvas. O MPF sugeriu dividir o preço do ingresso, que abrange dois cânions por R$ 102. Urbia disse que o contrato não permite, mas ICMBio argumentou que autoriza, sim.

A procuradora Flávia Rigo Nóbrega retomará as reuniões em janeiro, chamando o governo do Estado, embora a concessão seja federal. Aqui de Tóquio, o secretário do Turismo, Ronaldo Santini, disse que o Estado entraria no processo como interessado. _

Entrevista Diego Sousa - Coordenador de Relações Internacionais de Shiga

"Sozinhos não somos tão fortes"

Reativar a parceria com Shiga, província-irmã do RS desde 1980, levará a troca de informações sobre prevenção a enchentes, afirma o coordenador de Relações Internacionais do governo de Shiga, Diego Souza.

Por que um brasileiro neste cargo?

Temos 9 mil brasileiros. Há escolas brasileiras, muitos trabalhadores em fábricas que nem falam japonês. É um esforço para que sejam atendidos, tenham documentos traduzidos e intérpretes.

Qual a importância da retomada da "irmandade"?

Como vimos na enchente no RS, a mudança climática vem ocorrendo. Tanto Shiga quanto RS renovaram a percepção de que sozinhos não somos tão fortes quanto juntos.

Como previnem desastres?

Há regras para construção de casas, que precisam ter pelo menos dois andares em áreas com risco de enchente. No segundo piso, precisa ter rota de evacuação. As estruturas dos prédios são preparadas para terremotos. Crianças são treinadas desde pequenas.

Como é viver em Shiga?

Maravilhoso. É um povo muito receptivo. Alimentos são frescos, transporte extremamente confiável, divisão de renda muito irmã. Mesmo quem faz um trabalho simples tem uma vida digna. _

Dragagem de Itapuã

Foi contratada a Ster Engenharia para fazer a dragagem emergencial do canal de Itapuã, onde navios têm encalhado. Aqui, na missão gaúcha no Japão, o presidente da Portos RS, Cristiano Klinger, disse que o serviço começa nesta semana, com custo de R$ 8,8 milhões. A navegação prosseguirá durante a obra. As próximas prioridades são: Pedras Brancas, Feitoria, São Gonçalo e Leitão. Lembrando que foram aprovados recentemente R$ 731 milhões do Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs) para dragar todas as hidrovias. 

ACERTO DE CONTAS

20 de Novembro de 2024
INFORME ESPECIAL - Rodrigo Lopes

O G20 declara, a COP decide

A declaração do G20, no Rio, saiu enquanto aqui, em Baku, os negociadores da COP29 dormiam. Ao amanhecer, a leitura da maioria era de que, enquanto os chefes de Estados reunidos no Brasil declaram intenções, a COP29 decide. Está correta a análise: embora reúnam 80% do PIB mundial, emitem o mesmo percentual de gases de efeito estufa. Essas nações indicam para onde caminha a humanidade em termos financeiros, mas o fórum do Rio não tem poder de decisão.

A interpretação em Baku é de que o documento assinado no Rio é positivo, mas seu real impacto sobre o financiamento climático (a chamada Nova Meta Coletiva Quantificada) ainda é incerto. A taxação sobre os bilionários foi entendida como uma senha para os países ricos "encontrarem o dinheiro que dizem não existir para fornecer às nações em desenvolvimento".

Embora a ausência no documento de qualquer menção à redução do uso de combustíveis fósseis tenha frustrado ambientalistas, a citação sobre a necessidade de trilhões de dólares, e não mais bilhões, para financiamento climático, na declaração do Rio, é sinal político positivo.

Estima-se que o mundo precise de cerca de US$ 6,5 trilhões por ano, em média, até 2030, para a transição da economia. Isso inclui investimentos para a redução de emissões e para adaptação, outro ponto de consenso do G20, que também pode influenciar as discussões em Baku. _

Dobradinha de países

No campo diplomático, começa a haver articulação, em Baku, entre Brasil e Reino Unido. O primeiro porque sedia, em 2025, a COP30, em Belém, e não quer ver a conferência atual fracassar. O segundo porque foi a última sede da conferência em um país desenvolvido, em Glasgow, em 2021. _

Ajuda gaúcha

A experiência adquirida na enchente de maio no Vale do Taquari levará a startup Uniteg, do Tecnopuc, a auxiliar o governo de Valência, na Espanha, no desastre climático. A plataforma Safe City, desenvolvida pela startup, auxilia na gestão de famílias, monitora moradias afetadas e ajuda no apoio logístico. _

O case RS

A tragédia no RS permeia vários painéis no pavilhão brasileiro na COP29. Ontem, foi dia dos secretários de Meio Ambiente Marjorie Kauffmann (Estado) e Germano Bremm (Porto Alegre) e do diretor-presidente da Fepam, Renato das Chagas e Silva, falarem sobre projetos de adaptação no painel Recuperação e Resiliência: o caminho do RS na superação dos desafios climáticos e na construção de infraestruturas resilientes. O ministro da Secom, Paulo Pimenta, foi anunciado como painelista, mas não compareceu, informando incompatibilidade de agendas. A cadeira ficou vazia.

Hoje, Marjorie representa o Estado na abertura da reunião ministerial sobre urbanização e clima, promovida pela presidência da COP29, a ONU Habitat. Falará sobre as ações de reconstrução do Plano Rio Grande e o papel dos governos subnacionais no enfrentamento das mudanças climáticas. _

Saúde mental

O superintendente regional do Sesi-RS, Juliano Colombo, protagonizou momentos de reflexão na COP29 ao contar a tragédia das águas no RS, equilibrando estatísticas e histórias do drama humano. No painel Mudanças Climáticas e Impactos na Produtividade do Trabalhador - case Rio Grande do Sul, no pavilhão da CNI, alertou para o impacto da tragédia na saúde mental dos trabalhadores. Durante a cheia, o Sesi-RS recebeu apoio de R$ 65 milhões do Conselho Nacional para assistência, restabelecimento e reconstrução das comunidades. _

De olho em Belém

Aproveitando o ambiente de negócios propiciado pela COP29, Maurício Otávio Barcellos Castillos e Luciano Balen, da gaúcha Marcopolo, estiveram em Baku conversando com autoridades de Belém. Apresentaram o protótipo do primeiro ônibus híbrido movido a etanol como sugestão para o transporte durante a COP30, em 2025. _

Sabe qual foi o impacto por aqui da retirada da Argentina da COP29? Zero. Um negociador brasileiro, sob anonimato, disse à coluna que Javier Milei faz muito barulho, mas, na prática, sua gritaria pouco influencia o debate.

INFORME ESPECIAL

terça-feira, 19 de novembro de 2024

 E hoje o dia é dela: Dia da Bandeira Nacional


19 de Novembro de 2024 
CARPINEJAR

Elogiar é ser sincero

Ninguém quer um bajulador ao lado, porque o bajulador é o que mente no elogio. Pratica o elogio falso. Pratica o elogio genérico. Pratica o elogio superficial. É alguém que consegue machucar agradando, ferir com flores.

Talvez, para fugir desse extremo impostor, acabamos admitindo a cultura nociva da crítica. Talvez realizamos involuntariamente um incentivo exagerado à crítica.

Parece que a amizade e o amor virão de quem tiver a coragem de nos enfrentar, de indicar os nossos podres, de expor as nossas limitações, de desmontar as nossas personalidades. Olhe o perigo disso, olhe o atalho para relacionamentos dependentes e abusivos.

Dessa forma, o cupido seria desbocado, ofensivo, implicante. Não, não é verdade. É imensamente cansativo ter um urubu ou um corvo no ombro. A crítica não é a quintessência da franqueza, como nos ensinam. Os colegas não são autênticos somente quando apontam nossas falhas, como é tradicionalmente apregoado.

Estimulamos, sem perceber, o pior da convivência, de tal modo que evitamos o exercício do elogio, ou o colocamos no patamar da afetação, com rótulo de positividade tóxica. Elogiar é ser sincero. Elogiar é ser honesto. Elogiar é cuidar. Elogiar é inspirar o seu par a evoluir.

Eu prefiro dividir a rotina com quem me elogia a dar espaço a quem vive me criticando. Não é acomodação, mas amor-próprio. Não é vaidade, mas confiança. Sou casado com Beatriz porque ela demonstrou ser a pessoa, na última década, que mais me lembrou de minhas virtudes. Ela destaca as minhas conquistas.

Para corresponder às suas expectativas, busco ser um pouco melhor a cada dia. Ela não me pinta como um monstro. Ela não me põe para baixo. Eu não me vejo como uma criatura deficitária, imperfeita, em permanente dívida.

A crítica constante tem a única função de nos paralisar no acúmulo de frustrações. É um covil da inveja ou do ciúme. Nunca saberemos se aquele que critica não está ansiando pelo nosso lugar. Nunca saberemos se aquele que critica não procura obter uma vantagem.

É difícil uma cobrança desinteressada, uma reclamação construtiva. Na maior parte das vezes, a crítica apresenta o propósito de registrar historicamente a nossa incompetência. O elogio é edificante, pois nos motiva a trabalhar nossos pontos fortes, ao invés de redundar em nossas fraquezas - até porque os pontos fracos já conhecemos muito bem.

E quem critica não critica ocasionalmente. Sente-se poderoso como tutor de nossos pecados, e jamais para de criticar. Insaciável, sempre encontrará um defeito em nossas atitudes, sempre encontrará um senão em nossas condutas. É como se nunca prestássemos.

A crítica esconde os nossos piores inimigos. São os inimigos íntimos, aqueles que dizem nos ajudar, mas só pretendem se favorecer de algum jeito na concorrência, com o nosso desaparecimento ou anulação de nossa identidade.

São aqueles que falam mal de nós para nós, e continuam falando mal de nós para os outros. Amadurecer é ignorar dois tipos de companhia: o que diminui o seu esforço e o que empaca a sua vida. 

CARPINEJAR


19 de Novembro de 2024
NÍLSON SOUZA

Tios sem zap

Um me levou pela primeira vez num estádio de futebol, outro me ensinou a descascar laranjas, outra fazia o pudim de que eu mais gostava e tinha ainda aquela que me incentivava a continuar estudando sempre que me encontrava. Tive 14 tios por parte de mãe e cinco por parte de pai, sem contar aqueles que partiram antes da minha chegada numa época de elevada mortalidade infantil. Com exceção desses, todos foram longevos: minha mãe chegou aos 99 anos, uma de suas irmãs passou dos cem e a maioria virou a esquina dos 90 anos, lúcidos e ativos até o final, sempre cuidados com carinho por seus inúmeros filhos, netos e bisnetos.

Acho que cuidado é a palavra-chave desta nossa relação familiar. Tive uma infância abençoada, na companhia de tios e tias protetores, brincalhões e, ao mesmo tempo, desafiadores. Todos eles me deixaram boas lembranças afetivas.

- Dobra o dedão para trás que eu quero ver se tu és Fialho! - me dizia um que conseguia inclinar o polegar na direção oposta à mão até quase encostar no antebraço.

Nunca fui muito chegado a manobras corporais extravagantes, tipo movimentar as orelhas, revirar os olhos ou fazer o beiço descer até o queixo, mas cedo constatei que meu polegar esquerdo, sem muito esforço, dobra o suficiente para justificar essa marca simbólica de pertencimento familiar.

Gosto de mergulhar no pretérito da família para investigar nossas origens. Já sei, por exemplo, que meus antepassados maternos vieram dos Açores e até ajudaram a erguer esta cidade dos meus amores. Outro dia, numa dessas pesquisas, descobri que uma empreiteira do século 19 comandada por tios trisavós, a Baptista & Fialho, foi responsável pelas construções da Ponte de Pedra, do Theatro São Pedro, do finado Edifício Malakoff e de outros monumentos arquitetônicos da Capital.

E teve um dos sócios que se desgarrou e foi para o Interior fundar Lajeado. Antônio Fialho de Vargas batalhou muito por lá, organizou colônias de imigrantes, comprou e vendeu terras, e deixou seu nome em ruas e prédios públicos.

Conclusão vaidosa deste relato sobre um tempo de tios sem zap: esse pessoal que entorta o polegar também pega firme no trabalho. _

NÍLSON SOUZA

19 de Novembro de 2024
CONSCIÊNCIA NEGRA

CONSCIÊNCIA NEGRA

20 de novembro - Uma voz inspiradora contra o preconceito

Único treinador negro na Série A do Brasileirão, Roger Machado assumiu um papel importante na luta antirracista no futebol ao marcar posição com clareza sobre o tema. O atual treinador do Inter é um dos personagens de série especial do Grupo RBS sobre o mês da consciência negra

Mariana Dionísio - Manuela Ramos - João Praetzel

Penso que tivemos evoluções, o país começou a olhar para essa questão. Porém, vejo que os avanços ainda são pequenos. Para mim, o futebol amplifica, cristaliza e aponta o que somos como sociedade. Se a gente imaginar o futebol como uma pirâmide social, na base está o campo. Sejamos pretos ou brancos, quem olha de cima da pirâmide enxerga todos pretos. Ou somos pretos pela cor da pele, ou pela mesma origem social, em sua maioria esmagadora - disse Roger após a vitória sobre o Fluminense, ao ser indagado a respeito do Dia da Consciência Negra.

O ex-jogador sempre foi uma voz marcante na luta antirracista. É um dos maiores apoiadores do Observatório Racial do Futebol, dirigido por Marcelo Carvalho, amigo do técnico.

- Hoje, o futebol está descobrindo que o racismo não é só quando alguém chama uma pessoa negra de macaco. O racismo está quando a gente não vê treinadores negros, não vê gestores negros. Roger hoje não é só uma inspiração para que a gente sonhe em ser jogador de futebol, ele é uma inspiração para quem também sonha em ser treinador de futebol, em ser gestor de futebol - afirmou Carvalho.

Dos seus quase 50 anos, o treinador passou também a ajudar projetos paralelos, como o Diálogos da Diáspora, de publicação de livros de diversas áreas do conhecimento, para dar voz a quem nunca teve.

- O Roger traz para a realidade algo que certamente algumas pessoas preferem silenciar. É mais fácil silenciar. A gente vê cada vez mais alunos negros e indígenas no espaço universitário. E a gente viu que o mercado editorial não seguia na mesma velocidade. E foi em torno desse desejo de abrir o mercado editorial para promessas, para futuros autores e autoras, que a gente criou isso - conta Tadeu de Paula, coordenador do projeto.

Da literatura para a música, o espectro cultural do treinador foi aflorado por sua família, sempre com a negritude sendo o fio condutor entre tudo isso.

- Eu li e comecei a cultivar o hábito da leitura. Ler me deixou muito mais crítico sobre a vida, sobre tudo. Hoje, talvez os quilombos modernos sejam as escolas de samba, como lugares de resistência da cultura negra - ressaltou em entrevista ao ge.globo em 2022, quando ainda treinava o Grêmio.

Não por acaso, com a marca da família Machado, a Imperatriz Dona Leopoldina escreveu um samba-enredo para o carnaval 2025 com a temática "A cor do futebol - A Imperatriz marca um gol contra o preconceito racial", em que o técnico do Inter é um das fontes de inspiração.

- Sendo o único treinador da Série A, de um time gaúcho, caracterizado por ser o time do povo, que tem a mascote negro e que por vezes foi chamado de macaco, Roger merece estar em um lugar de destaque no nosso desfile para provar que o lugar do negro não pode ser delapidado. Ele deve hoje ser encarado como um lanceiro negro - defende Luiz Augusto Lacerda, carnavalesco da Imperatriz Dona Leopoldina e primo de Roger.

Um dos trechos do Samba dos Guris, que estará no Porto Seco no ano que vem, diz o seguinte:

"É flecha certeira na intolerância

Real negritude a enfrentar

Denunciar essa tamanha ignorância

Coragem de virar o jogo

Sigo a te observar

A luta não pode parar."

Versos que poderiam ter sido escritos por Roger. Homem, técnico e negro. Exemplo de uma voz do presente, criada no passado, que vai ressonar no futuro. 



19 de Novembro de 2024
OPINIÃO DA RBS

O diálogo constrói, o insulto atrapalha

Produzir consensos e fazer com que a reunião do G20 tenha resultados práticos exige habilidade diplomática, bom senso e cuidado com as palavras. A ponderação é ainda mais importante em um cenário global de divisões político-ideológicas acentuadas e motivadas por conflitos armados. Cabe ao Brasil, anfitrião do encontro, ser modelar na postura equilibrada para evitar que impasses frustrem os encaminhamentos finais da cúpula entre as maiores economia do mundo.

O próprio Lula já criticou Musk em termos duros. Mas, mais sensato ou esperto, desta vez desautorizou a esposa, mesmo sem citá-la. "Não temos que xingar ninguém", disse o petista, direcionando o foco para a pauta do encontro no Rio.

A declaração final do encontro do G20, prevista para ser assinada hoje pelos chefes de Estado, ainda ontem era motivo de intensas negociações e pressões. Taxação de grandes fortunas, posição sobre guerras em andamento e financiamento para a transição energética e de medidas para mitigar o aquecimento global e suas consequências eram temas à espera de consenso. Só com diálogo será possível alcançá-lo. Insultos apenas estorvam.


19 de Novembro de 2024
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

Os riscos do "pacote pronto" de Haddad

Segue a longa espera pelo pacote de corte de gastos, que agora não vem antes de amanhã, mas provavelmente fique para quinta-feira. E não só porque o 20 de novembro foi transformado em feriado nacional, Dia de Zumbi e da Consciência Negra. Para essa data, está prevista a reunião bilateral entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da China, Xi Jinping.

No domingo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o pacote "está fechado com o presidente". Mas também disse que "está faltando a resposta de um ministério", mais tarde identificado como o da Defesa. É a própria contradição em termos: está pronto, mas espera resposta.

Embora se especule que a contribuição da Defesa seja mais simbólica do que represente cifras robustas, fica a incerteza.

Um dos pontos em discussão seria o fim do pagamento de pensão para a família de militares expulsos das Forças Armadas por crimes cometidos ou mau comportamento, mecanismo conhecido como "morte ficta".

No mercado, valor é maior expectativa

Então, o pacote não parece realmente pronto, o que já provoca indagações. A Defesa vai mesmo contribuir? E entra ou não a essa altura famigerada pensão para filhas solteiras?

E ainda resta a questão crucial para o mercado: qual será o valor dos cortes. A expectativa já foi de R$ 60 bilhões, quando o anúncio começou a demorar caiu à metade.

No final da semana passada, voltou a subir: agora se especula que a redução de despesa possa chegar a R$ 70 bilhões. A cifra teria sido sinalizada por Haddad aos comandos da Câmara e do Senado, na antecipação das medidas feitas para ganhar apoio à aprovação da proposta de emenda constitucional e do projeto de lei que devem permitir a redução de despesas.

Desse valor, R$ 30 bilhões seriam cortados em 2025 e outros R$ 40 bilhões, em 2026. A principal mudança será a limitação do aumento real (acima da inflação) do salário mínimo a 2,5%, mesmo ponto de corte de despesas adotado no arcabouço fiscal.

Depois que circulou essa versão, há outro risco contratado: se tamanho dos cortes decepcionar, o dólar tende a voltar a subir. Ontem, ainda mantendo fé no pacote, fechou em baixa de 0,74%, cotado a R$ 5,747. Se voltar a subir, vai representar mais inflação, mais juro e aumento ainda maior no custo da dívida. _

Milei cede, Lula vence

Depois de muita especulação, a diplomacia brasileira obteve vitória ao produzir uma declaração final do G20. Era um teste crucial para ambição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como líder global. O presidente da Argentina, Javier Milei, chegou com cara de poucos amigos, mas demostrou de maturidade ao não barrar o documento, que precisa ser aprovado por consenso.

O desfecho bonito, em oposição às caras feias do cumprimento oficial teve precedente no recuo da Argentina sobre outra vitrine de Lula, a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, iniciativa para tentar eliminar problemas até 2030.

Se quisesse "causar", Milei teria provocado o fracasso diplomático da presidência brasileira do G20, que se encerra com a reunião de cúpula. Surpreendendo a todos, nem sequer fez questão de introduzir ressalvas por escrito.

A construção do consenso passou por ginásticas verbais - o G20 passa a defender a taxação de "altíssima renda líquida", em vez de "grande fortunas". Também se discute quais foram as outras moedas de troca. É bom ter em conta, ainda, que a declaração tem apenas palavras. O G20 não tem enforcement (palavra em inglês para se referir à capacidade de fazer cumprir uma decisão). _

A responsabilidade da concessionária

Mesmo que a origem da cratera aberta na freeway nas imediações de Glorinha não seja "culpa" da concessionária, é de sua responsabilidade.

Usuários que pagam R$ 22 para ir e voltar do litoral ficaram horas retidos em congestionamento. Em Estado em que o pedágio enfim havia se tornado um custo melhor compreendido, é um tiro no pé de todo o sistema de concessão. A prevenção de problemas, especialmente em períodos em que é possível prever movimento intenso na estrada, faz parte do contrato. _

Mercado ainda não chancela "juraço"

A percepção de que pode ocorrer uma alta no juro básico de 0,75 ponto percentual, de uma só vez, ainda não é majoritária. No Relatório Focus do Banco Central (BC), a maioria dos economistas consultados espera que o ano se encerre com a Selic em 11,75%. Para isso, basta uma alta de 0,5 ponto na reunião de 11 de dezembro.

No entanto, a projeção para 2025 subiu 0,5 ponto percentual de uma semana para a outra, e está agora em 12%. Novas elevações podem ficar para o próximo ano. Ou é o "atraso" típico do Focus. 

GPS DA ECONOMIA