sexta-feira, 8 de novembro de 2013


08 de novembro de 2013 | N° 17608
PAULO SANT’ANA

Ideia aguardada

A espetacular novidade me foi trazida pelo Dr. Antônio Carlos de Avelar Bastos, procurador de fundações: até o ano que vem, será implantada em Canoas uma penitenciária sem grades.

Por mais desconfianças que despertem, as prisões sem grades crescem onde foram implantadas. São os casos de Minas Gerais, onde foram inauguradas 33 prisões desse tipo, conhecidas como Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac).

– Na Apac, são proibidas drogas, bebidas alcoólicas e celulares. Os presos são também obrigados a trabalhar – celebra o advogado Valdeci Ferreira, responsável pela ONG que organiza as Apacs em Minas Gerais.

Parece bom para o preso, mas será bom para a comunidade, sempre atemorizada pela possibilidade de fugas ou motins?

Uma estatística tem tranquilizado a população mineira: conforme estudo do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, a reincidência no crime entre os egressos das Apacs gira em torno de 15%, contra 80% em cadeias comuns.

O juiz gaúcho Sidinei Brzuska, responsável pela fiscalização dos presídios gaúchos, um dos maiores conhecedores do sistema penitenciário brasileiro, é defensor das Apacs e tem uma explicação para as fugas escassas lá verificadas:

– Se o sujeito foge, vai para um presídio comum. E todos sabem das condições miseráveis e insalubres que caracterizam as penitenciárias brasileiras.

Então, saúdo desta coluna a implantação no RS, inicialmente em Canoas, da primeira Apac rio-grandense, no ano que vem.

No Legislativo gaúcho, o deputado Jeferson Fernandes, do PT, presidente da Comissão de Direitos Humanos, tem organizado excursões de autoridades a Minas Gerais, para conhecer as prisões sem grades:

– É a ressocialização efetiva, sempre pregada e nunca exercida no Brasil.

É preciso que se faça uma ressalva a essa euforia: em MG, as Apacs foram quase todas implantadas em cidades pequenas, onde não existem grandes facções do crime organizado.

Outra ponderação necessária: em Minas, onde o sistema ganhou impulso, apenas 2,3 mil presos são contemplados com as Apacs. Isso representa menos de 5% dos 56 mil apenados daquele Estado.

Funcionará em grande escala? A necessidade de se testar o revolucionário modelo é um raro consenso. Entre os que se tornaram defensores das Apacs, estão inclusive adeptos de mais rigor na lei, entre eles promotores e policiais.

Em Canoas, onde será instalada a primeira Apac, que será localizada no bairro Guajuviras, reina grande expectativa.

O secretário da Segurança Pública municipal de Canoas, delegado da Polícia Civil Guilherme Pacífico, é um dos entusiastas da ideia:


– Tenho convicção de que a Apac será um sucesso.

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