05 DE MAIO DE 2020
CORONAVÍRUS
Em Viamão, sucata eletrônica é transformada em respirador
Uma parceria entre Escolas e Faculdades QI, Cooperativa Viamonense de Catadores e Recicladores (Coovir) e Associação dos Recicladores de Viamão (ARV) desenvolveu em Viamão, na Região Metropolitana, um respirador eletrônico montado a partir de sucata, que pode ser usado no auxílio às vítimas da covid-19.
Coordenador do Centro de Pesquisas da QI e um dos desenvolvedores do protótipo, o professor Rodrigo Barreto afirma que o projeto nasceu após um convite de Carlos Adriano Rocha, um dos diretores da Coovir, para tentar montar um aparelho de baixo custo.
Barreto destaca que o protótipo é um modelo voltado para quadros em que o paciente tem algum movimento no pulmão. O aparelho não é do mesmo porte do utilizado em casos mais graves, em que o órgão entrou em colapso. O desenvolvedor afirma que esse tipo de ferramenta para casos menos complexos otimiza o tratamento, evitando a evolução da doença e proporcionando melhor distribuição de equipamentos em hospitais:
- Esse tipo de respirador que tentamos reproduzir é mais simples, mas tão importante quanto, porque o paciente de um caso médio, que não é grave, que ainda não está na UTI, que ainda mantém os movimentos do pulmão, concorre pelos usos dos equipamentos do hospital e pelos profissionais de saúde.
Participam da iniciativa dez pessoas, entre ex-alunos da área de tecnologia da informação (TI), médicos, enfermeiros e profissionais da comunicação. A parte de estudos do projeto durou uma semana. A fase de desenvolvimento e a fabricação do modelo durou 24 horas, entre sexta-feira e sábado da semana passada.
Entre as sucatas eletrônicas usadas no produto final estão um celular, transformado na tela do respirador, e uma bomba de encher colchões infláveis, que foi convertida no mecanismo que faz o bombeamento de ar. As únicas peças novas que foram compradas fazem parte do controle eletrônico.
- Se alguém quisesse reproduzir esse respirador comprando os materiais de uma cooperativa de reciclagem, gastaria em torno de US$ 50. A gente tinha uma meta que era de US$ 120, que era de um modelo do MIT (Massachusetts Institute of Technology), que também desenvolveu um respirador de baixo custo. Nosso desafio era ficar na casa dos US$ 100, mas como conseguimos retirar quase tudo do resíduo eletrônico, reduzimos pela metade esse valor.
Acesso
A próxima fase do projeto visa a incorporação de alguns sensores para permitir que o protótipo seja submetido a testes controlados, que verificam a quantidade de oxigênio e se a frequência respiratória configurada está sendo mantida.
Para dar prosseguimento à segunda etapa, os organizadores buscam recursos e parcerias para bancar as despesas desse e de outros projetos que usam materiais eletrônicos recicláveis. Uma campanha de financiamento coletivo foi criada. É possível contribuir acessando o site da iniciativa (respiradordebaixocusto.com.br) ou acessando o link da campanha gzh.rs/ajudarespira.
Após essa fase de testes, o protótipo precisa de homologação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ir para dentro dos hospitais e auxiliar os pacientes, segundo o professor.
Barreto destaca que um dos principais objetivos do projeto é compartilhar todas as informações sobre esse respirador para que qualquer interessado possa reproduzir ou melhorar a ideia .
- É um projeto open source para qualquer um, inclusive instituições privadas, que possam se apropriar dos códigos fontes, dos modelos de desenvolvimento. Nós vamos divulgar tudo isso no site, que nós estamos atualizando e preparando - explica.
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